Artigo - O Massacre de Soweto - Manoel Messias Pereira

O Massacre de Soweto

O fato ocorrido em 16 de junho de 1976, em que os jovens estudantes negros da cidade de Joanesburgo mais precisamente nos bairros do Soweto, quando resolve protestar contra o ensino aplicado nas escolas e saem as ruas cantando e são confrontados pelas tropas de choques e que teve o nome de Massacre de Soweto. Mostra primeiro o cenário em que isto ocorreu, o apartheid e mostra também como estava distribuído o sistema de ensino em relação a essa politica de desenvolvimento em separado que era parte da legislação e referente ao domínio que os branco provindo do processo imperialista impuseram sobre os negros na África do Sul.

A história mostra que na África do Sul desde 1949 estava em vigor o Apartheid, desde que o Partido Nacional chegou a ao poder, com uma orientação de extrema direita, portanto fascista e com aplicação sionista. 

Sabemos que de 1963 a 1964 os movimento de resistências , originados pelo ANC e o PAC ambos declarados ilegais em 1960 possibilitava a apatia das massas negras urbanas e reforçada o sentimento expresso pelos brancos de que os negros eram inassimiláveis do ponto de vista sociopolítico. E através de um métodode raciocínio tipicamente africânder, essa certeza é apresentada como causa e efeito da completa recusa em conceder direitos políticos aos negros urbanos, muito embora tinham as tais cidadanias.

E assim os vintes e seis bairros que faziam parte do Soweto que é uma abreviatura de South Western Townships no sudoeste de Joanesburgo, passam a serem considerados mono-éticos. Ou seja alguns destes bairros são reservados  aos zulus, xhosa, sotho do sul, shoto do norte e deu origem aos sub-guetos dentro do gueto negro.

Enquanto isto observamos que o sistem educacional na África do Sul do apartheid, desde 1953 com uma lei de educação bantu, intensificou a segregação étnica, imposta aos habitantes de Soweto contra a sua vontade.

Assim toda a instrução básica até a 5a. série tinham até 1974 alunos das zonas brancas, pelo menos 83%. e ministrada na língua-mãe dos alunos. Porém todos os governos dos homelands decidiram em 1974 que a língua deveria ser o inglês. E apenas o inglês a ser utilizada na terceira série. E somente os alunos secundários foram atingidos pela tentativa de impor compulsivamente o africânder como segunda língua no ensino em 1976.

Com isto temos a tribalização na instrução das crianças negras, vivendo em zona de brancos e isto é apenas uma das facetas do nível deplorável desta instrução que aliás se torna evidente através da taxa atribuída a cada criança. Em 1975 e 1976, os custos médios por aluno eram de 644 R para os brancos (para esse ensino é gratuito), assim como para os indianos o custo era de 190 R, para os mestiços 140R, 42R (quinze vezes menos que para os brancos) paa os negros que tem de pagar propinas.

Além do mais a instituição de Conselhos Municipais de bairros, órgão consultivos denominados Conselhos Urbanos Bantus, efetivamente em 1961 e abolida em 1977 baseava-se em fundamentações tribais. E em Soweto por exemplo dezessete membros foram designados por representante do governo dos homelands e quarenta e hum eleitos por residentes , mediante a uma lista étnica.

E essa eram a tentativa de retribalizar  os negros urbanos. E com isto vão surgir um fenômeno sociológico e psicológico social ou seja isto provoca uma mutação familiar e vai assim afetar o estilo de vida deste povo. Que enfraquecem sem os laços familiares. Enquanto que o governo recusa a reconhecer essas alterações sociais. E com isto o governo ainda estabeleceu a sistemática de 68 % das escolas secundárias nos homeland bem como os três colégios universitários destinados aos negros.

Com isto temos a decisão governamental de excluir os negros da Universidades brancas abertas nas cidades do Cabos e Witwatersrand. Porém o governo ao fundar essas três universidades exclusivas aos negros também preparou profissionais do Movimento de Conscientização Negra. E com isto devemos lembrar da figura com Steve Biko (1946-1977) Um estudante de Medicina de Durban que fundou juntamente com outros estudantes negros a Organização dos Estudantes Sul Africano (SASO), organização separada da NUSAS-União dos Estudantes Sul Africano de língua inglesa. Destinava-se a todos os oprimidos da sociedade sul africana. Em 1971 Biko participou da fundação do convênio dos povos negros BCP e 1972 juntamente com Bennie Khoapa e Bokwe Mafusa, foi nomeado responsável pelo Programa da comunidade Negra BCP, decidindo fomentara conscientização da comunidade Negra. Por isso hoje no Brasil chamamos Steve  Biko do pai da Consciência negra.

Em 1972 em abril Abraham Tiro, antigo mineiro e estudante da Universidade Norte foi escolhido para falar em nome dos estudantes na cerimônia de entrega oficial de diplomas e atacou duramente o Ensino Bantu apeando para um só sistema educacional para os quatros grupos raciais do país. E atacou também o controle estreito exercido pelos branco em todas as esferas na África do Sul. e três dias depois Tiro foi expulso da universidade. E em 1973 oito estudantes negros incluindo Steve Bikos e Baney Pityans  antigos presidente do SASO, e Mondiasane, que era o presidente da época foram condenados a cinco anos de exílios. Abraham Tiro fugiu para Botsuana e foi assassinado em fevereiro de 1974 por um pacote bomba enviado de Geneva pelo BOSS -Departamento de Segurança do Estado.

E utilizando as palavras de Steve Biko "A Conscientização Negra é uma atitude e espirito e uma forma de vida. A filosofia de Conscientização Negra exprime orgulho de grupo e a determinação de promover negro para que adquiram auto - consciência. E na origem deste pensamento reside a ideia de levar os negros a realizar que a mentalidade de oprimidos é a arma mais poderosa na mão dos opressores. Por isso temos que implementar os nosso próprios esquemas, formas e estratégias, segundo as necessidades e situações, conservando sempre em mente as nossas crenças e valores fundamentais.

E quando essas crianças saem pelas ruas protestando e aqui vale lembrar o figura do jovem Hector Pitterson figura símbolo deste massacre. E sentir  assim a bomba de gás lacrimogêneo, e disparos de armas de fogo automáticas , quando as crianças só desejavam fazer um comício e fazer todas as denúncias da realidade da escola, do tipo de ensino excludente, e vale lembrar que para superar o regime de opressão estava sim desafiando, numa consciência adulta mas na cabeça  de crianças e adolescentes. mas diante disto o Estado ofereceram a elas, a violência e o massacre. Assassinado centenas de jovens e deixando mais de mil feridos.

E pela coragem destas crianças e adolescentes que pacificamente pediram melhoras nas condições educacionais, respeitando as línguas nativas e não somente ensinando em inglês. e recebidos pelo Estado com fogos com bombas transformando tudo num banho de sangue.

Hoje a Unidade Africana UA celebra o dia  da Criança Africana, em respeito e memória dos jovens tombados no Massacre de Soweto E neste contexto vale lembrar a Unicef e a ONU, que determina que todas as crianças tenham vidas dignas e respeito por todos e por todas as autoridades.

Manoel Messias Pereira

professor de história, cronista e poeta.


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