Crônica - Nepal Poético - Manoel Messias Pereira

 



Nepal Poético

No CD-Simplesmente poesia, fruto do Projeto Fala Poeta! Volume 1 - uma criação e produção do músico Preto Moreno e que contou com um projeto gráfico de Cleone Ribeiro e Guilherme Ribeiro, em que 26 poetas de São José do Rio Preto, colocam as suas vozes num CD. Entre todos um poema, chama-me a atenção é NEPAL, escrito por Edvaldo Jacomelli, um cronista e poeta rio-pretense.

Nesta obra literária, o autor, insiste em dizer que "os homens estão indo para o Nepal e isto eletriza o sémem de sua essência... ir para o Nepal transpõe a imaginação... translada o ápice do orgasmo". De princípio o autor, utiliza a semiótica em seu texto, valorizando a semântica da palavra "Nepal".
Historicamente, este poema, traz-me a figura, relativa a 1994, quando os jovens tibetanos pediram asilo na Índia e no Nepal, primeiro fugindo da repressão política e depois desejando aprender sua cultura e sua língua nativa. E para chegar até o Nepal, estes jovens enfrentaram os gélidos ventos do Himalaia as montanhas mais altas do mundo, porque no Tibet só ensinavam o tibetano básico e as principais provas eram dadas em chinês. Porém as primeiras levas de tibetanos , atravessaram o Himalaia em 1959, para fugir da ocupação chinesa, naquele momento cerca de 60 mil budistas asilaram-se na Índia e no Nepal. E entre eles DALAI LAMA. E quem fosse descoberto naquela oportunidade era entregue ao representante do governo de Beijing.

O Nepal foi um reino hindu e o rei Biendra foi considerado por seus súditos a encarnação de Vishnu, um dos principais deuses da religião hindu. E até 1990 o poder era absoluto, sendo que no levante de 8 de abril de 1990, o absolutismo cedeu lugar para uma monarquia constitucional parlamentarista, sendo que o primeiro ministro, pertenciam aos dois maiores partidos, o Partido do Congresso e o Partido Comunista, tiveram no período de 1990 a 2001, indicados o primeiro ministro, sendo quem foram num total de dez, o que mostra, que a esquerda e a direita tiveram governos curtos e fragmentados, por essas razões a população do Nepal não confiam na democracia, vivem uma instabilidade econômica, que recaem nestes partidos, pois todos tem um discurso, que fala sobre a reforma agrária, mas até o momento isto não foi feito, prometeram libertar os escravos por dívidas e não conseguiram, além do mais 23 milhões de pessoas ganham menos de 1 dólar por dia.

Apesar dos pesares, enquanto no Sul da Ásia, países vizinhos do Nepal eram atingidos pelas tensões religiosas na região, o multietico e hino Himalaio evitou essa agonia. Mas foi o próprio governo que resolveu encurtar o programa radiofônico da Radio estatal do Nepal, sobre o hinduísmo e passou a transmitir o noticiário em sânscrito, sendo essa língua considerada da elite hindu Brahim, que domina o vale da capital Katmandu. E tudo isto enfureceu vários grupos, hindus, budista mongólico tibetano, que apesar do sânscrito ser uma língua em desuso a Universidade nepalesa de Mahendra gastava US$ 655 mil anuais com 690 estudantes de sânscrito.

Em junho de 2001, o príncipe herdeiro, Diependra, embriagado, com uma metralhadora Uzi, e um fuzil automático, chegou a sua casa, num jantar e assassinou o seu pai o rei Biendra e a sua mãe Aiswarya, e seu irmão Niraya e sua irmã Shruti, mais cinco parentes ferindo quatros outros, suicidando logo a seguir. Atualmente a monarquia esta a cargo do rei Gyanendra, que não estava no jantar e é um rico empresário da rede hoteleira e possui também uma fábrica de cigarros. Enquanto isto a monarquia do Nepal é constestáda e combatida por um grupo de guerrilheiros maoista que domina as montanhas central da região.
E com base nestes comentários históricos, o poeta Jacomelli foi reflexivo, pois ele percebeu que a liberdade no Nepal permitiu aflorar as rivalidades e o preconceito. Com isto ficou patente que o mundo é feito de contradição  e que transforma - se dialeticamente.

Para mim Jacomnelli, viajou nas LETRAS, como se estivesse num cometa e percebeu que geograficamente o Nepal não tem saída para o mar e vive no coração do Himalaia. E no mar da semântica, nasceu o poema Nepal no coração do poeta, como uma necessidade figurativa de dar vazão a essas tantas figuras literária e imaginária. E por isto parabéns a esse poeta.


Manoel Messias Pereira

poeta
São José do Rio Preto - SP - Brasil



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