Entrevista para o Quilombo Virtual

 

QUILOMBO VIRTUAL ENTREVISTA MANOEL MESSIAS PEREIRA



Nascido na cidade de São José do Rio Preto (SP), professor na rede pública de ensino do Estado de São Paulo na disciplina de História, criou o projeto "Poesias na História", fundador do Coletivo Anti Racismo Milton Santos da APEOESP, membro do Coletivo Anti Racismo da CUT, membro do Coletivo Minervino de Oliveira (cultura afro brasileira), poeta, palestrante, membro da Associação de Escritores de São José do Rio Preto, militante do Partido Comunista Brasileiro.

QV - 𝐴 𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎, 𝑎 𝑐𝑢𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎, 𝑎 𝑒𝑑𝑢𝑐𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑠𝑎̃𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑡𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎𝑠 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑠, 𝑜𝑠 𝑚𝑒𝑖𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑙𝑜𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒𝑟 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑐𝑟𝑖𝑎𝑛𝑐̧𝑎𝑠 𝑒 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑛𝑠 𝑝𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠, 𝑠𝑢𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 𝑟𝑎𝑖́𝑧𝑒𝑠 𝑒 𝑎𝑠𝑠𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎́-𝑙𝑜𝑠 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑜𝑟𝑔𝑢𝑙ℎ𝑜 𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑟. 𝐶𝑜𝑚𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑒𝑟𝑖𝑟 𝑛𝑜𝑠 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑗𝑒, 𝑚𝑒́𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑖𝑧𝑒𝑚 𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒 𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙𝑎𝑠 𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠, 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠 𝑜𝑏𝑠𝑡𝑎́𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠 (𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑠𝑖𝑣𝑒 𝑝𝑜𝑙𝑖́𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠) 𝑟𝑜𝑚𝑝𝑒𝑚 𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑖𝑠𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑒𝑑𝑢𝑐𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑎𝑗𝑎 𝑎𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑡𝑒𝑚𝑎?

Manoel Pereira - O professor ou professora em seu trabalho com a educação, é um verdadeiro resistente ao modelos educacionais prontos e estabelecidos numa escola que tem o reflexo de uma política de abandono, como tudo aliás ocorre no Brasil. Teem apostilas como do Estado de São Paulo, que é visto como um manual e não respeita as diversidades contida naquele grupo de alunos, de professores e nem mesmo o contexto da qual parte para o ensino e aprendizagem. O que sabemos, é que o conhecimento é que deve nortear todas as relações de um centro educacional! E é neste contexto e não fora dele que o professor precisa usar as ferramentas que possue na atualidade para o melhor êxito de seu trabalho. A literatura pode se portar em qualquer termo, desde que não seja aleatória mas posta com uma intenção. A grande importância do educar e aprender em formar o ser humano, construindo ou desconstruindo dando a ele a possibilidade de avanços significativo, educacional, cultural social, intelectual e cientificamente e incentivo para isso.

QV - 𝐸𝑚 𝑞𝑢𝑎𝑙 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑛𝑐̧𝑎 𝑢𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 (𝑎) 𝑝𝑜𝑑𝑒 𝑠𝑒 𝑠𝑢𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑢𝑎 𝑑𝑒𝑑𝑖𝑐𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑒𝑚 𝑙𝑒𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑟, 𝑒𝑚 𝑒𝑛𝑠𝑖𝑛𝑎𝑟, 𝑖𝑛𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑣𝑎𝑟 𝑎 𝑏𝑢𝑠𝑐𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑢𝑠 𝑎𝑙𝑢𝑛𝑜𝑠 (𝑎𝑠), 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑒𝑚 𝑛𝑎𝑞𝑢𝑖𝑙𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎?

Manoel Pereira - Todo professor ou professora tem a esperança em ter no aluno aquele que vai alcançar o nível de excelência em sala de aula, mas esse aluno precisa entender as limitações do processo educacional diante do sistema político, pedagógico, que privilegia classe social, que discrimina, que adota políticas excludentes. Ou seja, não estamos fora do sistema! E a escola que desejam, quem comanda, quem gesta a escola e que ela tenha uma linha de produção como se fosse uma indústria. Mas isto não é processo educacional e não dá para fazer escola assim. Escola precisa ser um centro educacional que possibilita ao ser humano a sua humanidade capaz de dinamizar, a sua potencialidade cultural, educacional, social e política em altos níveis, capaz de ser socializadora, fraterna, solidária e libertária.

QV - 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑙 𝑎 𝑠𝑢𝑎 𝑣𝑖𝑠𝑎̃𝑜 𝑝𝑜𝑙𝑖́𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙, 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒𝑡𝑢𝑑𝑜 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑥𝑡𝑜 𝑒𝑑𝑢𝑐𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑛𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙𝑎𝑠 𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑣𝑒𝑟𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑝𝑢́𝑏𝑙𝑖𝑐𝑎𝑠.

Manoel Pereira - Ao olhar o cenário escolar hoje e a política, sinto que há um ar de desespero, não dá para conceber, professores, com baixos salários, escolas, sem condições de oferecer condignamente uma aula descente. Por exemplo em São José do Rio Preto uma cidade que chega aos de 35° a 40° centígrados durante o ano, se constrói um prédio e demora-se dois, três anos para colocar ventiladores. Isto faz com que a escola pública seja muito mais uma panela de pressão, um forno de pão, do que um ambiente escolar. Alguns tempos, vi escola em São Paulo sem água! Isso é desrespeito do poder público. Vi o ex presidente Temer e em seguida esse novo presidente retirarem dinheiro do ministério da educação para por dinheiro em bancos pra pagar dívida pública! Quando temos esse nível de gestores públicos, é porque realmente a política esculhambou! E faltou princípios éticos! Professor não pode ficar apenas como papagaio repetidor de cartilha neoliberal não, chega!

QV - 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑡𝑒𝑚 𝑛𝑜𝑣𝑜𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜𝑠, 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑜𝑠, 𝑝𝑎𝑙𝑒𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑗𝑎𝑚 𝑒𝑚 𝑐𝑢𝑟𝑠𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑝𝑜́𝑠 𝑝𝑎𝑛𝑑𝑒𝑚𝑖𝑎?

Manoel Pereira - Entre os meus planos, consta agora nesse mês, participando de uma antologia, que o Letras Negras, aqui em são José do Rio Preto fazendo uma life. Estou participando e já está pronta outra antologia de poema de Uberaba da Academia de Letras do Brasil. No ano passado, participei de uma antologia sobre educação do livro "Rumos da Educação". Estava escrevendo um texto num outro trabalho para o final de 2021. Porém parei um pouco, tive problemas. Todo mês, fazíamos um grupo de formação aqui em São José do Rio Preto sobre a questão racial. Precisamos repensar! Estou elaborando um projeto para continuar esses estudos. Assim vou fazendo. Gravei uma life recentemente para um grupo da cidade de Fernandópolis, pois dei uma palestra lá e os professores indicaram-se para essa fala. E assim vamos respirando e vivendo. Estava preparando um curso para a terceira idade, sobre a história africana e afro-brasileira, o grupo de dança de Jongo, mas veio a pandemia. Espero poder retomar esses contatos e outros, por ora, estou em casa e pensando numa saída segura.

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