Gestos poéticos
Olhando para as nossas vidas. Um dia nos encontramos, como almas perdidas. Olhamos -nos, encantamos - nos. Sorrimos e já sabíamos que um dia seriamos dois seres errantes, casados com outras pessoas mais entre nós dois amantes.
Depois de nossos olhares, foram beijos. De princípios selinhos, depois passamos a sugar um ao outro na face, nos lábios. Beijos quentes, sugamos nossas línguas, sentimos frios e arrepios calafrios pelo corpo. Banhamos - nos um com a língua do outro.
Penso que passamos a interpretar a vida pela lente colorida de nossos olhares. Com nossos dois corações sustentamos o universo pelo menos é que acreditávamos.
Por outro lado tínhamos, faltados com o nosso compromisso social, contrato em que declaramos pra outras pessoas em juras de amor eterno. Mas não foi nada disto. Decepcionamos quem acreditávamos que amavam-nos. E se continuássemos seriamos falsos.
Rompemos com nossas ternuras anteriores e resolvemos caminhar juntos, ficar juntos, amar, fazer sexos, beijar, morder, sugar, gemer, gritar de prazer enfim viver. Na cama entre quatro paredes fomos tarados, promíscuos . E de manhã pela manhã, corríamos pelos jardins como duas crianças, querendo brincar de pega-pega.
Mas um dia, nada restou do dia. Um acidente automobilístico e você desaparece da minha vida. Tive em mim uma mutilação sentimental, senti -me um ser que foi pra guerra e perdeu a noção de tudo. Você foi sepultada e eu apenas sustentei suas lembranças, como gestos poéticos, puros e simples. E nada mais. E agora deixo flores, em seu túmulo como eternas saudades.
Manoel Messias Pereira
cronista
São José do Rio Preto -SP. Brasil