Cronica - Gestos poéticos - Manoel Messias Pereira



 Gestos poéticos


Olhando para as nossas vidas. Um dia nos encontramos, como almas perdidas. Olhamos -nos, encantamos -  nos. Sorrimos e já sabíamos que um dia seriamos dois seres errantes, casados com outras pessoas mais entre nós dois amantes.

Depois de nossos olhares, foram beijos. De princípios selinhos, depois passamos a sugar um ao outro na face, nos lábios. Beijos quentes, sugamos nossas línguas, sentimos frios e arrepios calafrios  pelo corpo. Banhamos - nos um com a língua do outro.

Penso que passamos a interpretar a vida pela lente colorida de nossos olhares. Com nossos dois corações sustentamos o universo pelo menos é que acreditávamos.

Por outro lado tínhamos, faltados com o nosso compromisso social, contrato em que declaramos pra outras pessoas em juras de amor eterno. Mas não foi nada disto. Decepcionamos quem acreditávamos que amavam-nos. E se continuássemos seriamos falsos.

Rompemos com nossas ternuras anteriores e resolvemos caminhar juntos, ficar juntos, amar, fazer sexos, beijar, morder, sugar, gemer, gritar de prazer enfim viver. Na cama entre quatro paredes fomos tarados, promíscuos . E de manhã pela manhã, corríamos pelos jardins como duas crianças, querendo brincar de pega-pega.

Mas um dia, nada restou do dia. Um acidente automobilístico e você desaparece da minha vida. Tive em mim uma mutilação sentimental, senti -me um ser que foi pra guerra e perdeu a noção de tudo. Você foi sepultada e eu apenas sustentei suas lembranças, como gestos poéticos, puros e simples. E nada mais. E agora deixo flores, em seu túmulo como eternas saudades.



Manoel Messias Pereira

cronista
São José do Rio Preto -SP. Brasil



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