A saudade dum papo de férias
Era muito jovem e resolvi passear e tirar umas férias da rotina de casa, recordo, que fui até a casa de um tio-avô, para as férias. Cheguei em sua casa bati palma e quem veio até ao portão foi o cachorro Banzé. E Logo atrás o meu tio com aquele jeito caboclo "ué quem taí" E respondi sou eu o Zico teu sobrinho.
Ele comum sorriso que parecia a avenida Paulista, deu aquela gargalhada de Zé Pìlintra entra pra cá, entrei já recebi o abraço de minha outra tia-avó, a velha Leordina, que com abraço carinhoso recebeu-me. E começou a perguntar sobre toda a família.
Dizia como vai Ana? que era a minha avô, e Florênçia? minha mãe. E ia respondendo como estava uma e como estava outra e ela perguntando quase sem parar e como vai os meninos que eram os meus tios. E depois ela dizia que esteve muito adoentada.
E eu com aquela conversa dizia a senhora perguntou da vovó, mas não deixou eu falar, perguntou da minha mãe e não deu tempo de responder, mas está tudo bem. E quanto a senhora se ficar doente precisa ir até a Santa Casa procurar um atendimento médico.
Ela ria, e dizia já estou velha. E velho em médico é correr o risco de tomar o chá da meia noite.
Eu perguntei a ela que não entendi. Ela explico o chá da meia noite é quando eles sabem que velho dá muito trabalho então oferece um remedinho para você ir mais rápido ficar com Deus. E deu outra risada.
Eu perguntei mais todos nós estaremos aptos a morar com Deus. Ela deu outra risada ou com Deus ou o Diabo.
Respondi é verdade, mas o diabo não está no descredito não? Outra risada de nós dois, E eu completei o demónio ou diabo já assuntou muita gente, quando a gente conhecia pouca coisa e dominava pouco conhecimento, agora o ser humano já quer ir a lua, já domina o átomo. É as trevas a escuridão do espaço exterior e a negritude dos domínios infernais já há muito tempo esta iluminada pela nossa luz, brilhante e eterna temos o livro como salvador.
Ela riu bastante. E meu tio interveio vem tomar o café que preparei, E corri para mesa. Era café quente bolinho com canela e tinha até arroz doce na mesa. Sentamos a mesa, e meu tio disse já falamos até no demónio, falamos um pouco em Deus para tomar o café.
Mas a conversa e assunto aguçou-me e eu continuei, é com o desenvolvimento da psicanálise, da psicologia, da psiquiatria o endemoniamento foi desmascarado.
E a denomomania e a denomopatia é um efeito de uma doença mental caracterizada pela crença angustiante de estar possesso do demónio. E tais doentes interpretam essas perturbações físicas num sentido dirigido.
Dizem que houve um tempo em que os gênios do ml estavam soltos no mundo e qualquer dor torácica era uma tentativa do diabo, para arrancar o ar e arrancar-lhe o coração.
Sei que a Igreja católica que por muito tempo andou com essa ideia de correr para expulsar o demónio daqui e dali. Parece que acomodou. Essa Igreja também não foi a criadora desta entidade clínica e histórica chamada endemoniamento.
Quando meu tio disse mais isto é uma entidade. e respondi que sim. E que a sua história perde-se no tempo e por isto houve um capricho e a lisura de um escritor brasileiro chamado Cyro Martins em escrever sobre a loucura demoníaca sem máscara.
E neste caso a Igreja Católica não criou nada disto e não tem o privilégio da invenção do demónio. E que os doutores da Igreja souberem tratar disto minuciosamente. Os mitos medievais estão empregnados do fenómeno do endemoniamento. E essa lenda alastrou-se ao quotidiano, das criaturas que passaram a viver sob o domínio da democracia.
No renascimento começaram a duvidar dos ensinamento a religiosos em relação ao demônio. Acabamos o café e o meu tio foi mostrar uma série de coisas revistas e livros.
Fiquei olhando para ele e disse, o senhor lê tudo isto, ele sorriu e disse não leio nada. Por que? E ele afirmou apenas aprendi a soletrar na vida para não ser passado para traz no troco da venda.
Olhei um quadro em que há uma santa com os olhos nos pratos. E a minha tia Leordina disse você sabe desta história e respondi que não. E ela então começou a contar que aquela era a Santa Luzia, e que todo o dia 13 de dezembro é dia de lembrá-la, aqueles olhos no prato é que foi arrancado dela, mas quem arrancou não sabia do poder de Deus. Quando viu ela estava novamente enxergando e com os olhos arrancados no prato.
E ela disse acredita Zico. Eu sorri acredito em tudo que sai das palavras que a senhora disse, pois é colhida de amor. E tenho sim que respeitar pois os milagres acontecem assim como as transformações históricas e científicas.
Ela também sorriu, feliz e eu disse vamos passear e caminhamos na calçada vagarosamente e continuando a conversa daquele dia de férias. Eu disse nós estamos agora num período contemporâneo e as nossas características próprias é ter a certeza da ciência, que precisa sempre estar sendo superada. E seja como for temos que andar apenas preocupados em respirar saudavelmente. E entender que as superstições que entorpecem as ascensão cultural ainda fará com que por muito tempo sejam necessárias um publico que ainda impressionam com ingênuas interpretações da realidade interna do ser humano.
E assim andamos e voltamos para o almoço, e lá minhas primas tinham feito uma feijoada, com torresmo com olhos , couve, almeirão e tinha um vinho que meu tio guardava com carinho, para aquela recepção. Brindamos o dia. E por lá fiquei mais uns dias conversando e passeando por toda a Olímpia -SP. Hoje sei que meu tio faleceu, mas resta a lembrança e que rememoro com saudade, aquela conversa preliminar de uma pequena e simples féria e a recepção de meu tio Né, com aquele sorriso de Zé Pilintra.
Manoel Messias Pereira
poeta, cronista brasileiro
São José do Rio Preto- SP. Brasil
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