Os dez anos de agouro educacional em São Paulo
O dia 13 de agosto de 2010, numa sexta feira, que para muitos uma data de presságios, como se a vida fosse uma ficção científica, ou data de azar e anuncio do terror, mas nesta data a imprensa do Estado de São Paulo, noticiou que o governo paulista iria pagar R$50 a alunos do ensino fundamental na faixa de 11 a 12 anos com notas baixas que participarem de aulas de reforços em matemática disciplina em que os resultados da rede estadual que apresenta um sofrível quadro de aprendizagem.
E hoje que estamos no dia 13 de agosto de 2020, podemos crer que são dez anos, de que a imprensa do Estado anunciou este pressagio, de caos educacional.
Em conversa de educadores geralmente falamos de ensino para a competência, que é uma estratégia para eliminar o fracasso escolar e este é um trabalho que foi lançado no mundo por dois professores da Califôrnia State University de San Diego, que são os senhores Thomas S. Nagel, e Paul T Richaman, doutores em educação, e consiste na consciência de professor e aluno das expectativas e dos critérios que determinarão a consecução dos esforços de aprendizagem, pois os procedimentos são evidentes especificados com a seleção de atividade mais adequada para este fim e como consequência o enforque deve ser do professor e do processo de ensino para o aluno e o processo de aprendizagem enquanto que o foco da avaliação coloca-se no conjunto de objetivos a serem atingidos pelo aluno. E segundo os dois doutores em educação o resultado não é comparado com o resultado dos outros alunos, mas com os objetivos e critérios estabelecidos, eliminando-se, portanto, o sistema tradicional de notas. E daí a individualização do Ensino para a competência e a sua orientação para o alcance de objetivos que conduz ao uso de módulos, temo oriundo da arquitetura que em educação denomina-se instrumento destinado a assegurar ao ensino/aprendizagem um processo lógico de desenvolvimento possibilitando ao aluno uma quase total autonomia na assimilação dos conteúdos. E para tal os objetivos são pré-requisitos, pré avaliação atividades de ensino, pós avaliação e atividades para sanar as deficiências. E assim é a teoria. E uma teoria provinda do Banco Mundial.
E a práxis desta filosofia é que o Estado de São Paulo tenta aplicar mas de forma precária no quesito sintonia entre o Estado e servidores da educação, tanto em relação ao que ensina e em relação como se aprende. E neste contexto temos a ideia de que o educador não ensina, não educa, enquanto que temos que ajudar uma população que trazem heranças culturais antropológicas provindas de nossa sociedade, com valores construídos socialmente mas que divergem e muito do processo de educação, exemplo o "bullyng", como bater, xingar, desacatar, são normas de condutas de alguns alunos e alguns país que necessita ser desconstruídas, outro fato é o uso de aparelhos celulares, com diálogos quem nem sempre estão falando do objeto de estudos as vezes são até papos proibidos para os educadores ouvirem, outro fato é o uso de entorpecentes, drogas lícitas e ilícitas, que muitas vezes isto tudo é construído por uma sociedade, mas que não é pré requisito educacional e nem estes instrumentos elencados são materiais pedagógicos, e deve ser abominados do convívio escolar.
Em abril de 2007, recordo que o jornal Folha de São Paulo trouxe a opinião do Presidente do Conselho administrativo da Gerdau, Sr. Jorge Gerdau Johannpeter, que falou do "Compromisso Todos pela Educação, lançado em 2006" e do PDE lançado pelo Ministro Fernando Haddad, acreditando que estes dois movimentos, consolidariam as angustias da sociedade, resultado da história pouco eficaz da atuação do estado em relação ao processo educacionais. Gerdau dizia "Que acreditaria num país quando suas crianças e jovens tiverem acesso a um ensino de qualidade, metas para 2022. E quanto do PDE, lançada por Haddad era pra enfrentar os problemas estruturais da educação como crianças que estudam e não aprendem, professores com níveis limitados de capacidade, infraestrutura precárias e incapacitadas gestões e afirmam que as duas iniciativas necessitam do reconhecimento das escolas que cumprem as suas metas. E para tal complementa na tal valorização do professor, na redefinição do piso salarial condicionado a comprovação do patamar mínimo de conhecimento." E quando observamos o projeto educacional em curso no Estado de São Paulo, a utilização do bônus, da tal valorização de mérito vemos que essas falas convergem-se.
Na minha modesta opinião de professor trabalhador da sala de aula, do ensino público paulista, creio que todo o processo de ensino/aprendizagem exige transmissão de conhecimentos e assimilação deste mesmo conhecimento e essa ação depende de uma recepção e de uma emissão de comunicação. Isto independente da estrutura arquitetônica, independente do equipamento tecnológico, independente do sistema econômico, político e social. Pois já vimos ao longo da história a educação processar-se em tribos, em montanhas, nas matas, nas famílias, e essa troca de conhecimento necessita de um requisito expressamente necessário, ou seja um ambiente de respeito, de compartilhamento num processo de ensino e aprendizagem, de passos a passos a ser seguidos. Ninguém torna-se mestre sem ter um dia a felicidade de ter sido discípulo e assim sucessivamente. Os valores éticos a sociabilidade é algo que necessitamos de sociabilizar. Para tal temos que reafirmar entre nós seres humanos, o diálogo familiar, o respeito a diversidade, a busca da luta pela igualdade de oportunidade, a fraternidade a solidariedade entre todos, a dignidade da pessoas humana, liberdade de cultos, a busca pela paz e a construção coletiva da democracia e isto sim são pré requisitos pra iniciarmos qualquer processo educacional em escola. Ou seja a sociabilidade e o respeito devem ser cultuado entre adultos e as crianças, que devem ser preparadas para o convívio fora do ambiente familiar.
Tentando compreender os R$50, reais que o Estado deseja pagar para os alunos que não aprendem, a ideia da competência e da competitividade está bem deturpada e transfigurada na atual gestão de Serra/Goldman, e há valores violentos construídos socialmente, que precisam ser extirpado do processo de educação. Mas o processo ideológico move a burguesia naquilo que ela defende. Mas chamo atenção do Estado que não consegue nem determinar os chamados TDH, Transtornos e Disfunções Humanas que afligem boa parte da população, oriundos destes tempos. e se fosse um Estado sério teria iniciado uma campanha e de submeter a nossa juventude a exames diagnósticos, neurológico e psicológico gratuitamente e detectando os problemas iniciados os tratamentos. Pois esses fatores interferem no aprendizados das crianças, tanto nas discalculias, quanto na dislexia, e há um conjunto de combinações que os professores podem desconfiar mas nunca tratá-los ou diagnosticá-los. Mas por enquanto o Estado continua calado covardemente.
Mas falando de estado lembramos de Gramsci, antes dos Cadernos do Cárceres, em que ele dizia "Qualquer Estado é uma ditadura" e atualmente vivemos a ditadura da burguesia e quanto aos R$50 reais é um presságio anunciado numa fatídica sexta feira 13 de agosto de 2010. Coisa de terror.
Hoje os tempos são outros, hoje a luta é para entregar toda a educação a iniciativa privada, e isto começa com o novo currículo com a ideia de que a o aluno deve sair do ensino médio com uma visão fechada para estar no mercado de trabalho e não ser um quadro qualificado que possa ser um instrumento de transformação e libertação de um povo na construção de um o país que possa ser delimitado pelo conhecimento, pelos aspectos científicos e ao respeito ao desenvolvimento. Esses dez anos significa que todos estão caídos na teia de aranha do mal agouro. E para completar o quadro temos neste ano as aulas todas sendo feita online, e uma pandemia de Covid-19, e a escola e os alunos tentando seguir os protocolos sanitários, médicos seguros para de fato encontrar o equilíbrio de ir para a escola entendendo a função de compartilhar conhecimentos, mas sem correr o risco de morrer, contaminado com o novo coronavírus.
Manoel Messias Pereira
professor e cronista
São José do Rio Preto-SP. Brasil
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