Crônica - O processo Educativo - Manoel Messias Pereira


 O Processo Educativo


A vida de cada um de nós, é feita na construção de um processo educativo, que começa desde que somos gerados como fruto de um amor, entre nossos país. As primeiras lições desta educação recebemos geralmente em nosso lar, que sejas ele modesto ou rebuscado de riquezas. O processo educacional vai se dar em vários ambientes, em vários momentos, podem ser momentos de guerra, podem ser momentos de paz, podem ser sob a lona do movimento sem terra como nascer de uma esperança, ou pode ser num palácio. Pode ocorrer na floresta indígena ou no hospital mais sofisticados nasceu uma criança, temos uma vida temos uma esperança e os pais precisam ter ciência, respeito e responsabilidade pelo nascituro.

A nossa educação é alicerçada em função das relações pais e filho de princípios, em que vamos terem valores a ser resgatados, e uma noção de mundo. Num mesmo ano pode nascer pessoas com uma diferença personalidade de caráter e pensares divergentes inclusive politicamente, até porque as pessoas como pais e professores, amigos são influência que vai compor o arcabouço teórico desta ou daquela formação.

Outro dia vi os vereadores de minha cidade, de São José do Rio Preto-SP, apresentar um projeto sobre a "Escola sem partido", numa inspiração fascista, em que poderiam censurar os professores no trato a educação em Sala de aula, limitando-o, a sua participação como profissional da educação básica, quando de assuntos relacionados aos gêneros humanos, aos processo religioso, a assuntos políticos e sociais, buscando ceifar a palavra do professor de história, de geografia, da sociologia e da filosofia. E provavelmente tentando transformar o Estado laico num Estado fundamentalista. E o Sr. prefeito Municipal SR. Edinho Araujo vetou e apresentou as razões na qual mostra que o projeto era inconstitucional segundo o Supremo Tribunal Federal. Portanto lei Ordinária que diverge da Lei Normativa está em fadada em não ser aprovada. Mas mesmo assim a Câmara de vereadores que tens uma bancada da bíblia grande, fundamentalista evangélica derruba o veto do Prefeito, e passa a valer a lei. Tendo o prefeito que recorrer da decisão juridicamente conseguindo assim uma liminar, que suspende a lei que poderia entrar em vigor no próximo ano neste caso em 2019. E este fato trouxe uma discussão de quem deveria educar a criança?  Seria sim a família ou a escola?

 Pois bem constitucionalmente a educação é um direito de todos e dever do Estado, da família e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa humana e seu preparo para o exercício da cidadania assim como a sua qualificação para o trabalho. Em que todos precisam ter igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino e gratuidade em estabelecimentos oficiais. E essas informações sim são constitucionais.

Quando a professora Martha Suplicy (PMDB), que é sexóloga e senadora fala sobre a educação de gênero, disse que uma criança falante começa a perguntar de sexo com dois ou tres anos, mas a maioria fala sobre isto aos quatro e cinco anos. e que é no lar deveria ter a sua primeira educação sexual. Mas oque a criança quer saber é muito pouco, não é preciso explicar muito mas também não deve ser contadas mentiras. Pois assim que a criança descobre que o pai ou mãe mentem, os pais perdem a credibilidade. E todas as perguntas precisam serem respondidas com naturalidade. A sexualidade infantil estabelece as bases para a sexualidade na adolescência e para a sexualidade na vida adulta. E isto faz com que muitos jovens passem por conflitos e crises e se apresentam com comportamentos rebeldes, hostis, e muitas vezes os pais não as entendem. E todo esses processos são ligados ao comportamento sexual, no desejo de mostrar-se independente e, não sabendo lidar com todas as situações, e tendo na escola até mesmo baixo rendimento escolar.

Na vida que tive sempre foi de muitas dores, tristezas, mas construída com respeito e a ternura de quem teve um lar. Passei trinta anos como professor regendo uma sala de aula e entendendo as análises contemporâneas, entendendo o desenvolvimento biológico, atento as faixa etárias deste jovens e transmitindo conhecimentos numa complexa construção social e histórica. E entendendo  o quadro de desregulação das instituições tradicionais geradoras dos sentidos como nação, família, escola, atelier de trabalho e religião. Assuntos que requer uma especial atenção do professor. e sito sempre foi a  minha única recepção de respeito a todas as diversidades.

Porém sou fruto de um período histórico conturbado de nossa história. Nasci no ano de 1955 período em que as Ligas Camponesas eram legalizadas com a ajuda de Francisco Julião e a Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco -SAPPP, buscava notabilizar os agricultores. Ano em que foram eleitos Juscelino Kubitscheck na formalizada aliança entre PSD e PTB com João Goulart como vice. E nesta época o partido Comunista Brasileiro-PCB publica o Manifesto Eleitoral apoiando a chapa e aumentando a tensão política no Brasil em plena guerra fria.

E dois dia apos o meu nascimento, houve um pronunciamento no Clube Militar com o general Conrrobert Pereira da Costa teceu crítica ao governo e o abandono da candidatura de união nacional e ao apoio dos comunistas a chapa PSD-PTB.

E em outubro de 1955 houve a eleição e Juscelino e Jango são eleitos. Em no dia 1 de novembro de 1955 falece o general Conrrobert Pereira da Costa e o coronel Jurandir Bizarria Mamede profere um violento discurso atacando os eleitos, clamando por impedimento, pedindo intervenção militar. enquanto o Ministro da guerra Henrique Teixeira Lott, na época considera uma insubordinação e um atentado ao regime democrático e solicita ao presidente Café filho punição ao Coronel Mamede, e não foi atendido. E dois dias depois disto Café  Filho sofre de um ataque do coração e é hospitalizado. Tendo Carlos Luz presidente do Congresso assumindo interinamente. Carlo Luz por sua saúde abalada licencia. E Calos Luz busca uma audiência com Ministro Henrique Lott, que pede para punir o Coronel Mamede, mas ele também nega isto.

O Ministro da guerra, pediu demissão, mas fica sabendo que Carlos Luz desejava era dar um golpe de Estado e tinha pessoas do exercito ao seu lado, para impedir a posse dos candidatos Juscelino e Jango. E nisto o General Lott com apoio do I Exercito avança sobre o Rio de Janeiro. E ao saber das manifestações dos movimentos militares, Carlos Luz foge do Brasil no cruzador Tamandaré. E o Congresso vota o impeachmnet de Carlos Luz, por ter deixado o território brasileiro sem autorização. Assume o Presidente do Senado Nereu Ramos, que decreta Estado de sítio para que os eleitos assuma o poder. 

E portanto é neste contexto que nasci no Brasil, e comecei a ser instruído educacionalmente na minha casa. Lembro que a minha mãe ensinava que eu devia respeitar os mais velhos e depois dos país, no meu caso meu pai e minha mãe, tinha como pessoa mais próxima os meus avós, fui batizados por meus avós numa cruzada interessante, meu avô por parte de mãe Sr. José Antonio e minha avó por parte de pai, dona  Orozina Maria a avó maria eram meus padrinhos. E vivendo de parede meia os meus padrinhos de crisma, Dona Lazinha e sr. Jesuíno. O Senhor Jesuíno trazia umas revistas pra casa chamada O Cruzeiro na qual tinham as fotos de Juscelino e Jango, com algumas reportagens da época. E minha mãe explicava esse era o nosso presidente. Um dia sai com a minha avó por parte de mãe a dona Ana e fui  até o centro de São José do Rio Preto-SP, acompanhando-a, vi uma foto numa parede num armazém e perguntei que era aquele homem, minha avó diz Getúlio Vargas, um homem mais ou menos importante. Cheguei em casa e perguntei pra minha mãe quem era Getúlio Vargas. E ela disse sem parar é um desgraçado de um bandido que se matou antes de você nascer. O engraçado que passei a ver o rosto daquele desgraçado nos dinheiros que recebiam, quando ia comprar sorvete ou na venda lá do Morro Pelado, que era o Sr. Andre, o vendedor. E ficava sempre pensando um ser mais ou menos importante era um desgraçado bandido que se matou. E todo mundo presta homenagem a  essa merda no dinheiro. Pensei essa não é uma nação séria. E já quarta série entendi o que era uma nação, fiquei quieto e sorri isto é só um ajuntamento de pessoas que precisa aprender a respeitar pois aqui é o Estado da diversidade.

Porém a minha professora da quarta série uma mulher de oficial do Exército, em plena ditadura militar instalada em 1964, era sim neonazista, e acreditava que eu como negro era inferior a todos os outros alunos. E eu ria pois dizia eu sou inferior com um detalhes o melhor aluno da sala de aula, ninguém tira nota acima da minha. E tirei a minha média final com nota máxima em todas as matérias e pensava quebrei a ideologia desta senhora que vai ter que repensar tudo.

Portanto todas as discussões feitas por adultos sejam pessoas do legislativo, sejam do executivo, no Judiciário ou seja pessoas que não tem poder algum, mas que influencia o ser humano seja ele padre, pastor, pai de santo, pessoas da mídia, médicos, advogados, das forças armadas, precisam entender que nós seres humanos não somos ratos, somos seres humanos. Temos linha de raciocínio, temos que ter respeito pela liberdade, pela paz, pela democracia que ainda não está consolidada de acordo com as decisões populares. E nas escolas precisamos e ter liberdade de ensinar e aprender, precisamos ter respeito dos senhores gestores, e precisamos de professores que saiba manter esse respeito e possa efetivamente ensinar alicerçada na construção pedagógica usando  da didática que possibilita emancipar cultural e educacionalmente a partir dos limites da ciência, com a laicidade do Estado. E portanto quero o professor sabendo discutir tudo e falando tudo sim. Pois não estamos vivendo o período medieval e não desejo ver o processo de inquisição no Século XXI numa quarta fase da revolução industrial. E quem não entende isto com licença é preciso refletir sobre esse tempo que vivemos.


Manoel Messias Pereira

professor, cronista e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil


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