Crônica - Nelson Mandela - Manoel Messias Pereira


Nelson Mandela


Quando ouço falar, do grande presidente Nelson Rolihlhla Mandela carinhosamente o Madiga eu lembro de um poema de Paulo Leminski :

"Senhor,
peço poderes sobre o sono,
esse sol em que me ponho
a sofrer meus ais ou menos,
sobra,
quem sabe,
dentro de um sonho."

Omulu e Abaluaye, os deuses africanos, na memória e na lida dos cultos afros brasileiros, mostra a face da vida, dizendo que todas as pessoas tem um princípio e um fim. É o deus da desintegração, Obá = Rei, Luaye = Céu e Terra. A deusa das formigas brancas, que adentra a terra torna a sair. Omulu é o deus ligado ao Sol, ao acaso, à Noite ao Dia, o princípio e ao fim. A morte é como o pôr dos sol, o crepúsculo dos poetas.

Historicamente a África do Sul, no processo da contemporaneidade é um país vítima da conexão imperialista, quando em 1814 a região passou formalmente para a Coroa Britânica, que entra em conflito com os negros e com os bôeres. Com o choque os bôeres imigram para o nordeste naquilo que chamamos de a grande jornada e em 1834 fundam o Transvaal o Estado livre de Orange, reconhecido como região independente na década de 1850. Mas as relações acirram-se entre holandeses e britânicos com a corrida do ouro que resulta na famosa Guerra dos Bôeres, vencidas pelos britânicos. E em 1910 forma-se a União da África do Sul, Estado fiel a coroa britânica. A minoria branca promulgam uma série de leis que consolidam o poder sobre a maioria negra e inicia-se um processo de segregação racial., com o native Land Act, e assim nesta divisão vimos dois terço da população negra ficar apenas com 7,5% das terras da África do Sul e a minoria branca com 92,5% da terras do território.

Em 1949 houve a proibição de casamentos mistos ou seja entre brancos e negros e a restrição entre ir e vir da população negra obrigado a postar passes especiais para circular nas cidades. E em 1950, a proibição de relações sexuais entre brancos e negros e a obrigatoriedade da definição de raças nos registros de nascimentos. E a proibição de partidos políticos  de oposição ao governo. E a criação de áreas especiais, 100%  habitadas por brancos, na qual negros so entravam pra trabalhar.

Em 1951, a Lei cria bantustões, chamados de homeland onde negros podiam residir e supostamente ter propriedade. Era a África branca controlando os bolsões de negros como se fossem nações separadas. E em 1953 houve a proibição dos mesmos locais por negros e brancos, como bebedouros, banheiros etc. Além do sistema de ensino especial para os negros com o claro objetivo de rebaixar a formação dos nativos. Em 1956 houve a aprovação de lei que regula a segregação profissional. Em 1958 os bantustões ganhava a independência mas os líderes era indicado pelo fascismo governamental.

Em 1953 Nelson Mandela escreveu que o caminho para a liberdade dos negros não era fácil. E em 1961 ele diz num artigo "A luta é minha vida". Acabou sendo preso em 1963, como subversivo pois afirmara "A África do Sul pertence a todos que nela vive".

Foi ele uma luz divina que pensou politicamente, o nacionalismo, o objetivo da Ação Política, a Política Econômica, além de pensar outros seguimentos como a questão da Terra, da Industria, Comércio, e a cooperação na politica Educacional e Cultural.

Para o jornal New York Times "foi o prisioneiro herói combatente das causas revolucionárias". Portanto a mais importante figura histórica da África do Sul do Século XX.

No dia 18 de julho de 1918, dia do Nascimento do menino Nelson Rolihlahla Mandela, parodiando Paulo Leminski "foi o escombro o voo das pombas sobre as próprias sombras" Não nascia um homem, mas um herói um ser predestinado.  Nelson Mandela é Doutor Honoris  Causas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, por sua luta contra o Apartheid.


Manoel Messias Pereira
cronista
poeta, professor de história e ativista social


São José do Rio Preto- SP. Brasil



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