Cronica - A visita aos poemas do silencio - Manoel Messias Pereira

Visita aos poemas do silencio

Hoje eu pego uma série de textos e começo a revisitar a poesia. Encontro neste contexto na Revista Dimensão escrita no primeiro semestre de 1975, Editada pelo oeta Guido Bilharinho de Uberaba-MG, e deparo com o poema de Batista de Lima intitulado Silêncio. E neste silêncio observo que o mesmo tem muito o que dizer na sua quietude, que parece coisa de mineiro, mas não Batista de Lima traz o jeito matreiro do sertanejo cearense. Vejamos:
Silêncio
É o silencio o que mais ri
das paisagens sua voz
de mágico e imagem
seu riso

É o silencio o que mais vale 
no poema sua loucura
e a razão sua métrica
e paixão

É o silencio o que mais fala
em mim sua voz
de mago é pedra
sua força.

Fortalecza CE.

Esse é o corpo a ser dissecado, pelo professor de literatura, pelo aluno das letras, pelas sensibilidades dos olhares, de quem estuda, pelos sentimentos expressados. Falando em si do próprio silencio da grafia como se fosse apenas um pintor invisivel, que cria a paisagem e depois apaga, sem que ninguém possa emprestar a sua fala, o seu barulho das coisas. Mas permanece no silencio até que o tempo sorri e determina a magia do desaparecimento. é um poema que ilustra de loucura a vida essa que seguimos apaixonadamente as materias que silenciosamente se perdem pela propria vida como destinos que se embaralham, mas que com o tempo silenciosamente se apaga como num passe de mágica. E o silencio que que fala diante da dor, como uma pedrada no olho. Em que fechamos os olhos e choramos neste silencio que ri da minha dor.

Mas é no silencio que encontro Pablo Neruda, que expressa assim o seu poema.

Silencio

Agora contaremos até doze
e ficaremos todos quietos
Por sua vez sobre a terra
não falaremos em nenhum idioma
por sua vez um segundo nos detenhamos,
não movamos tanto os braços.

Seria um mundo flagrante
sem pressa, sem automóveis
todos nós estaríamos juntos
em uma quietude instantânea

Os pescadores do mar frio
não fariam mal as baleias
eos trabalhadores do sal
olharias suas mãos rotas

Os que preparam guerras verdes,
guerras de gás, guerras de fogo,
vitórias sem sobreviventes,
vestiriam em trajes puro
e andariam com seus irmãos
pela sobra, sem nada fazer.

Não confundam o que quero
com a inanição definitiva
a vida é só o que se faz
não quero nada com a morte

Se não podemos ser unanimes
movendo tanto nossas vidas,
talvez não fazer nada uma vez
talvez um grande silencio passa
interromper essa tristeza
este não nos entendermos jamais
este ameaçar-nos com a morte,
talvez a terra nos ensine
quando tudo  parece morto
então tudo está vivo.

Agora contarei até doze
E você se cala e eu vou.

Pablo Neruda
Santiago-Chile.

É preciso calar diante da obra prima. Enquanto que o mensageiro poético  vai, . . deixando o silencio terapêutico para meditar, e falar da compreensão que é necessário entre todos nós.

É essa a função do nosso olhar sobre a estrada da dor dura da pedrada sobre a fragilidade de nossa existência, buscando somente o firmamento. E o respeito digno dos formalista sobre a vida. Um forte abraço.

Manoel Messias Pereira

professor, poeta
São Jose do Rio Preto-SP.



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