Cronica - A Prática Educacional - Manoel Messias Pereira


A Prática Educacional

O processo educacional, envolve os pais, seus filhos, que na escola transformam em alunos que deparam com os professores e neste contexto precisa haver como mediador do processo a construção do conhecimento. E para tanto é necessário a transmissão deste conhecimento e a receptação do mesmo por parte daquele aprendiz. Do contrário temos uma dificuldade. A aprendizagem não se dá por maneira sobrenatural mas sim  neste ambiente, e neste contexto. Independente como está sendo feito essa construção.

Há um ponto a ser destacado são os objetivos a serem alcançados, por parte dos pais, dos professores e dos alunos. Esses todos estão envolvidos no processo. E um outro contexto são que esses objetivos eles estão desenhados em cada um com seus valores.

 Na escola básica o aluno é um ser em construção, assim como o seu conhecimento e muitas vezes vai até a unidade escolar ou fica diante de um computador, para receber as lições, e adquirir seus conhecimentos de forma forçada. Pois na infância e na adolescência é mais fácil criar a brincadeira o descompromisso. E isto é próprio do ser em construção.

Enquanto isto o professor tem a ideia formatada na sua condição de adulto, e que deseja ter o receptor de suas mensagens interpretando, codificando, trazendo isto para o seu convívio. E é cobrado também por um gestor adulto, que quero seu relatório a exposição de por que esse aluno não conseguiu entender essa formula, essa explicação, essa exposição, e dai o professor tem de expor ainda responder quais as implicações sociais deste aluno que permitiu aprender ou não,  e nisto ainda cabe ao professor preencher os anexos sobre o aluno se esse ou aquele  aluno trouxe na sua ficha escolar, alguns apontamentos médicos, psicológicos, psiquiátrico. Ou se não trouxe precisa comunicar a secretaria da educação, que precisa entrar em contato com a família, que precisa receber as orientações da secretaria das secretarias da assistência ou promoção social pensando no aluno. E muitas vezes esquecendo que entre o aluno que pensa de forma de uma criança ou adolescente. Enquanto que pais, professores, gestores, secretários e funcionários públicos encaram tudo com um olhar técnico, de adulto, sem entender que o pedagógico e o didático são apenas mediadores educacionais do contexto complicados em que todos nós seres humanos vivemos.

Um contexto técnico, frente a uma demanda politico social. E nem sempre quem detém o poder político tens as discussões técnicas educacionais, como parâmetros para as suas ações educadoras. As vezes os professores sentem-se diante de uma realidade clássica é que neste contexto ideológico, politico há cenas em que surgem as figuras dos opressores sobre os oprimidos. E na escola isto reflete-se na crítica ao trabalho educacional, assim como na formulação dos compartilhamentos sociais entre seres humanos, que muitas vezes reveste-se da politica usual, sem a compreensão das complexidades do próprio processo de transmissão e recepção do conhecimento.

No contexto educacional recordo Paulo Freire que fez muitas críticas a chamada educação bancária, na qual o professor autoritário depositava ou ainda deposita o conhecimento ao aluno. E ele trazia a ideia de que todos podem aprender. É óbvio, mas não podemos nunca abandonar a ideia de que esse professor é um ser colocado no labirinto da escola e das atividades múltiplas que ele assume e é neste contexto que as lições, as disciplinas que ele precisa mediar e ao fazer isto ele também aprende diante do processo e da leitura de realidade que ele encontra no aluno. Ou seja há determinados seres humanos que saem de suas residências com um enorme conhecimentos de mundo de leituras, de processos formativos, de contextos e que é necessários aproveitar na escola. E mediar com os conhecimentos de outros que saem de outros lares com valores diferentes e que é  necessários trabalhar isto. Por isto a escola é um espaço de aprendizagem, de conhecimento de compartilhamento social, de respeito as diferenças, de entender as diversidades. Por isto precisamos ter a noção do que falamos e do que construímos no contexto social. Enfim a escola precisa ser formadora, no seu contexto cultural, social educacional intelectual, libertária, e vai formar o ser humano, para viver a contradição, para contrapor o contexto, para questionar todos os modelos enfim transformar de fato a realidade do quotidiano.

E é neste contexto que a escola tem a necessidade de ser acolhedora, desenvolver o ser humano, para uma sociedade responsável, democrática, que tenha a busca de um horizonte que possa romper sempre com um imobilismo social, e de uma prática de inutilidade, que atrasa sempre o avanço e o desenvolvimento de uma politica social popular, periférica, fraterna e solidária.

Se for somente para preservar o atraso a falta de pudor , a violência, a estupidez, o fake news, o desafeto da incompreensão não precisaríamos de escolas. Precisamos somente seguir esses governantes federais que não vai trazer nada ao contexto social emergente. E nem tão pouco a longo prazo. é melhor esquecer.

Quando Paulo Freire em 1964 foi exilado lá no Chile e aqui assumiram os militares viam nele uma espécie de animal que devim enjaular, enfim era um subversivo. E ele me disse um vez aqui na cidade de São José do Rio Preto, quando visitou a escola Monsenhor Gonçalves. Por quais motivos estou sendo preso apenas ensinei as pessoas a ler e escrever e compreender os seus direitos escritos nas leis? É isto é revolucionário isto é mediador. E lá no Chile a educação que ele desenvolveu era para adulto e não para crianças no Instituto Chileno para a Reforma Agraria escrevendo naquele país o seu principal livro "Pedagogia do Oprimido." Depois disto lecionou em Harvart nos Estados Unidos e depois passou a depois a ser o consultor especial do departamento de Educação do conselho Mundial das Igrejas. Mas observando esse livro ele recolhe informações de seus educando que já tem uma experiência de vida, seja ele pescador, pedreiro, carpinteiro, músico, e neste contexto o trabalho é diferente pois não é um ser em formação do crescimento, como criança como adolescentes. E isto é que também precisa sempre ser levado em conta por quem lê, entender e interpretar as múltiplas diversidade de um processo de ensino e aprendizagem. E comisso ele Paulo Freire conviveu com esses educando adultos, que é importante essa interpretação de realidade no seu processo. Ele não desenvolveu uma metodologia mas uma teoria do conhecimento que rompia com o elitismo. E talvez diria uma gnosciologia.

O professor ao longo de sua carreira precisa saber interpretar cada realidade, precisa buscar a fala do outro para se completar, embora o professor precisa doar parte de seus conhecimentos para a construção e o aperfeiçoamento do outro ser humano que se diz aprendiz, e é neste contexto que a escola formadora coletiva, popular, transformadora, precisa na sua prática ser livre e libertária. e entender que todas as cobranças são feitas e formatadas numa sociedade de adultos que vejam na escola o ideal da aprendizagem 100% dos conteúdos e das lições de vida, mas tem o aluno que deseja não aprender mais brincar. Eu recordo quando era criança uma professora que dizia vamos brincar para poder aprender. E vamos xingar e falar palavrão para aprender a não falar. Óbvio que ela se matou. É dramático mais é verdade. Abraços.

Manoel Messias Pereira
professor de história
São José do Rio Preto
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB




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