O materialismo do padre Jean Meslier
Em 15 de unho de 1664, nascia em Mazerny, Jean Meslier, um padre católico, francês, que ficou famoso por seus escritos filosóficos, não muito ortodoxo, para os valores do cristianismo católico, pois na sua vida pregou o materialismo e o ateísmo em suas pregações dominicais foram chamadas de demonicais .por muitos religiosos. E ele faleceu em Étrépgny em 17 de junho de 1729, portanto com 65 anos. E a sua morte é considerada estranha, não há muitos detalhes escritos sobre. Parece que foi encontrado morto. Mas em todos os escritos constam que é uma morte estranha.
A sua vida e as suas relações sociais e intelectuais é bastante interessante em abrir o diálogo era filho de Gerard Meslier um agricultor com certa notoriedade dono de algumas terras e de um comércio de tecidos. Morador portanto de uma localidade pequena. Quando atemos o trabalho da professora Maria das Graças Nascimento, que trouxe a luz da realidade um texto intitulado "O estranho testamento de um vigário de província: "A memórias de Jean Meslier, vemos que e colheu a informação de que seus pais enviaram ao seminário destinado a sua formação eclesiástica ainda muito cedo e que era uma pessoa pobre. Ao meu ver isto não corresponde com o filho de alguém que possuía terras e também apresenta-se como um pequeno comerciante de tecido. Mas isto talvez pouco importa nas análise que pretendemos fazer.
Meslier como seminarista, não difere de outros seminaristas. Ao ser ordenado padre ele vai ser paróco da pequena cidade de Étrépigny na região de Champagne e lá ele permanece até a sua morte. E pelo visto a sua mudança começa quando ele vai até Paris e teve encontros de discussões com outros padres e intelectuais e traz o chamado tratado apologético de Houleville, que com certeza é uma defesa verbal católica no campo da teologia moral numa critica aos evangelhos talvez num sentido interpretativo. E além disto é citado uma desavença com o sr. Antoine Touly, que foi reclamar ao arcebispo François de Meily. Que pediu para Meslier se retratar.
A questão é que Meslier acusou Sr. Touly de despotismos e de iniquidade contra os servos, ou seja contra a moral do servos. E com isso recusou a citar o senhor na homilia. E Meslier bem ironicamente disse "Eis a sorte ordinária dos pobres curas, os arcebispos são grandes senhores, desprezam-nos não escutam, só tens ouvidos para a nobreza. Orem pelo senhor deste local , Roguem a Deus Antoine Touly, que ele converta a graça de não maltratar os pobres e despojar órfãos". com isto houve nova reclamação contra o padre que ficou um mês recluso no Seminário de Reims.
Jean Meslier tinha um boa ligação com Voltaire que como todos sabem é o pseudônimo de François Marie Arout, o filósofo iluminista descendente de judeu. E ambos trocavam correspondência e sabemos que Voltaire publicou um pequeno livro intitulado de "Extraits des sentiments de Jean Meslier, que é uma espécie de resumo das memórias de Meslier.
Sabemos que Meslier influenciou muito Voltaire, que como um filósofo também fez críticas a Igreja católica e defendia um modelo de religião propondo que fosse racional. Pelo que sabemos Voltaire era um demole e para ele a religião é algo intolerante e irracional. E neste contexto eles citavam Ernest Cassierer que dizia que no século das luzes a religião não devia ser algo a que de estar submetida a ela e sim ela deveria brotar da própria ação e receber da ação as suas determinações essenciais. E os seres humanos não deveria mais ser dominados pelas religiões e sim cria-la e assumi-la em sua liberdade.
O interesse de Voltaire pelo testamento de Meslier é compreensível e inclusive uma frase que dizem ser de Voltaire sim de Meslier 'O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre."Uma frase que meu amigo Valter de Lucca, intelectual comunista rio-pretense sempre repete isto com um sorriso irônico, coisa de nossa amizade.
As memórias de Meslier denunciou todas as formas de religião como impostura e falsa e assim também opões aos fatos bíblico e a razão natural, criticou a violência e a desigualdade a partir das chamadas representações de Deus. E foi a partir disto que Meslier passou a tratar filosoficamente materialista tudo inclusive suas pregações. E desde 1730, portanto após a morte do padre várias cópias destes escritos passou a circular no meio erudito nos canais da literatura clandestina. E a volta de seus textos foram com escritores como Albert Solvoul, Rolon Desné e Jean Deprin.
O que se viu ao longo da vida de Meslier foi um discurso ateu e materialista, pertencente a um grupo de intelectuais. Meslier tinha ideias anticristo. E começou com uma acusação em que o acusador se situa entre o réu. O vigário pediu perdão aos seus paroquianos por toda a vida ter pregado ideias inúteis. Tudo que ele e os padres nos contam e de uma tamanha gravidade são no fundo apenas ilusões ficções, imposturas, inverdades continuadas por sedutores inoportunos e seguidos recebidos pelo povo cegamente ignorantes. Fala da moral da religião fala que os mártires da religião e iniquidade. que todos os religiosos inventam. Em relação a fé disse que ter fe é acreditar cegamente sem raciocinar sem buscar as provas. A crença religiosa é portanto uma ilusão que sempre dividiu os homens, que provocou conflitos, lutas sangrentas, perseguições e violências. E assim o padre materialista critica o Velho e o Novo testamento. E ainda acrescenta que a alma não é espiritual e nem imortal. E encerra as suas memórias dizendo "uni-vos pois, povos se sois sábios, uni-vos todos para nos libertar de todas as misérias do mundo."
E para ele toda a ordem da natureza só revelou o movimento material da natureza .E assim o mal nada purifica. E essas palavras precisam refletir sempre a realidade em que cada ser humano está submetido. E o interessante que depois de cem anos da sua morte um homem como Karl Marx vai falar aos seus discípulos e trabalhadores num manifesto a frase "proletários uni-vos" ou seja os filhos das proles que nascem para os trabalho para o labor. E este uni-vos, soa muito familiar com as palavras de Meslier evidentemente.
Manoel Messias Pereira
professor de história, cronista e poeta
São José do Rio Preto- SP.
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