Artigo - O Tribunal de Rivônia - Manoel Messias Pereira

local de esconderijo Rivõnia

O Tribunal de Rivônia

Hoje na memória da humanidade, temos a lembrança daquele Tribunal e daquele julgamento que ficou conhecido como o Tribunal da Rivônia. Embora nem todos que tenham passado pelos bancos escolares no Brasil, explique isto com certa propriedade exatamente porque esse é um país da diversidade que tens negros sim nos bancos escolares, principalmente no ensino básico porém como uma educação europeia, positivista, embora haja lei como a 10693/2003, para que todos possam estudar a história de África, assim como as raízes da cultura africana. Mas parece que a competência e a habilidade é ainda muito falha na questão conteudista, para a formação cultural, intelectual e social do povo brasileiro. E essa é minha critica deliberada ao sistema educacional brasileiro. Ms vamos a esse conteúdo.
Esse foi um julgamento que ocorreu em Pretória no período em que a África do Sul estava no regime do Apartheid, e recebeu esse nome pois o julgamento foram de ativistas do Congresso nacional Africano e de militantes do Partido Comunista da África do Sul, e a maioria destes líderes políticos, foram presos num subúrbio de Joanesburgo  que  se chamava Rivonia. E alí estavam escondidos numa fazenda chamada Liliesleaf. Esses militantes eram contrários ao sistema de desenvolvimento em separado entre negros e brancos e foram acusados de sabotagem e submetidos a uma condenação cujo a pena era prisão perpetua o a morte.

Foram presos em 11 de julho de 1963 e destes dez seres humanos foram a julgamento inclusive Nelson Mandela, os outros foram Walter Sisulu, Denis Goldberg, Golvan Mbeki, Ahmed Mohamed Katharada, Lionel "Rusty" Bernestein, Raimond Mhlaba, James Kantor, Elias Molsoaledi e Andrew Mlangini. Vale reportar que Nelson Mandela já estava preso, e que sua prisão era por incitação e por deixar o país sem comunicar ou sea ilegalmente e ao invés de ser arrolado como testemunha acbou sim nos bancos dos réus, foi quando proferiu o seu discurso "Estou preparado para morrer.

Não foram julgados os seguintes líderes do Congresso nacional Africano e do Partido Comunista Sul Africano, o camarada Robert Heppe (PCAS), os camaradas Harold Wolpe e Arthur Goldreich (PCAS), que foram presos em Rivonia mas acabaram escapado e o chefe do CNA Albert Lutthuli que era o secretario geral do Partido do CNA.

Também estavam envolvidos Iliver Tambo (CNA), no exterior, camarada Ruth Finst, o líder do PCSA o camarada Joseph Slovo no exílio e o camarada Michael Harmel (PCAS).

E neste julgamento estav presente o primeiro ministro da África do Sul Herrik Verwoerd e o ministro de Justiça John Vorster, e foi um julgamento acompanhado por observadores britânicos e estado-unidense.

E a incriminação dos réus tinha por base um referendo aguerrido chamado Operação Maybwye, bem como as anotações de Nelson Mandela sobre a guerrilha e um diário de viagem. A acusação foi feita pelos promotores Percy Yular e A.B.Kog.

 No discurso "Eu estou preparado para morrer", Nelson Mandela disse "A falta de dignidade humana vivida pelos africanos ´e resultado direto politico de supremacia branca. A supremacia branca põe a inferioridade negra. A legislação que visa preservar a supremacia branca institucionaliza essa noção. As tarefas subalternas da África do Sul não invariavelmente realizada por africanos. Quando qualquer coisa precisa ser levada ou limpada, o branco olha em volta, e procura um africano que faça por ele, quer o africano seja empregado por ele ou quer não. Devido a esse tipo de atitude os brancos tende a enxergar os africanos como raça inferior. Não os enxerga como pessoas que tens suas próprias famílias, não percebem que nós temos emoções, que nos apaixonamos, como se apaixonam os brancos, que queremos estar com nossas mulheres e filhos, como os brancos querem estar com os deles, que queremos ganhar dinheiro suficiente para sustentar nossas famílias adequadamente, alimenta-las, vesti-las e fazer frequentar escolas. Eque a empregada doméstica, o jardineiro ou lavrador braçal, pode um dia ter a esperança de fazer isto. A lei do Passe, que para os africanos as mais odiadas da África do Sul, tornando qualquer africano de ser barrado pela polícia a qualquer momento. Duvido que exista um único africano do sexo masculino que num momento não tenha desentendido com a policia sul africana em torno de seu asse e centena e milhares de africanos são colocados todos os anos na cadeia devido a essa lei, ainda assim separando maridos e mulheres e desintegrando as famílias. A pobreza e a desintegração familiar tem efeitos secundários. Criança perambulam pelas ruas das towaships, porque não tem escolas, para frequenta, ou não tem dinheiro para que lhe possibilitem frequentar a escola ou pais em casa para verificar se vão a escola. Os pais precisam trabalhar para manter a família viva. Isto leva a ruptura dos padrões morais e o aumento alarmante da ilegitimidade e a violência crescente que explode não apenas politicamente, mas em toda a parte. A vida nos townships é perigosa . Não se passa um dia sem agressões e essa violência chegam as residências brancas....As pessoas tem medo de andar sozinhas, os assaltos e arrobamentos tem penas de mortes. sentenças de mortes não pode curar feridas. a única cura consiste em mudar as condições nas quais os africanos são forçados. querem receber salários para sustentar suas famílias. Querem trabalhar em lugares que são capazes, Querem poder viver onde obtém trabalhos. Sobretudo Meretíssimo queremos o desenvolvimento políticos iguais, porque sem esses direitos as nossas diferenças permanecem. Sei que isso soa revolucionário, e o desenvolvimento democrático faz o homem branco ter medo, pois temos a maioria, mais isto não pode ser obstáculo a harmonia racial e a liberdade de todos neste país. a nossa luta é pelo direito de viver.Defendo e prezo o direito de todos de viver em uma sociedade democrática e livre em que todos possam viver em harmonia. Mas esse é o meu ideal pela qual estou disposto se possível morrer."

E neste julgamento Mandela e mais sete companheiros foram condenados a prisão perpetua. Porém em fevereiro de 1990 era o único réu de Rivônia a permanecer presos quando Frederik de Klert anunciou a sua libertação.

Em 1994 o partido dele conseguiu 62% dos votos. O que percebi durante todo o seu discurso que hoje já muito conhecido que a África do Sul conforme vi escrito na Revista nova História contou os demais advogados de defesa. E o julgamento foi a única possibilidade de explicar a sua luta. E sempre na sua fala ele chamava o negro de africano, portanto os brancos da África do Sul para ele é o imigrante, porém o ideal dele era viver harmoniosamente entre todos os seres humanos no mesmo espaço territorial, e por isso o fim do Apartheid.

Essa é apenas um simples fragmento desta história, em que o apartheid ficou como fundo, hoje no Brasil temos um governo e com apoiadores que fala na supremacia branca, como aquela que Nelson Mandela reprimia com o seu discurso. E isto é algo para pensar. Sabemos que a maioria do brasileiro não conhece a história e este é o grande perigo, pois o apartheid que parecia algo estupido hoje está sendo difundido no Brasil até mesmo pelo presidente da Fundação Palmares, basta a comunidade afro brasileira prestar atenção, nas atitudes e ações governamentais atualmente. Mas precisamos entender aquela velha frase escrita de Michel Montaigne do filósofo e jurista francês, "A medida que o homem exterior se destrói, o homem interior se renova". E a renovação é a percepção que muitos afrodescendentes precisam refletir, reflorir, e buscar suas raízes, na leitura de suas existências ou seja nas suas necessidades, muito além de suas ilusões individualistas de maneira superficiais, como é a politica brasileira. Abraços.


Manoel Messias Pereira
professor de história
poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil-ALB

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