Artigo - O Massacre de Mueda - Manoel Messias Pereira

O Massacre de Mueda
O conhecido Massacre de Mueda, ocorrido em 16 de junho de 1960,  é visto hoje como o princípio do movimento de consciência da população de Moçambique em relação a sua Independência e teve com isto o passo mais significativo com a criação da Frente de Libertação de Moçambique - Frelimo em 25 de junho de 1962. E essa história revela o quanto insensível era o governo colonial português para as questões democrática do povo moçambicano e que eram devidamente desrespeitados por Portugal ou tratado com o devido descaso por parte dos dirigentes locais ligados a administração portuguesa colonial.

E essa história revela que a população desejava que um processo de independência fosse instaurado ou pelo menos reconhecido. Porem isto não era bem visto pelas autoridades portuguesa de base colonial. E por isto ligam esse episódio sangrento a um dos últimos atos de resistência moçambicana antes de desencadear à luta armada de libertação nacional.
Nesta data realizou-se uma reunião convocada pela Mozambique African National Union - MANU, criada por Mateus Mbole, surgida inicialmente em 1954 como União Maconde de Moçambique. E essa organização vai em 1962 unir -se a Frelimo. O objetivo principal desta reunião com as autoridades coloniais locais em Moçambique era o processo de idependência que não era bem visto pela administração colonial. 
Em Maeda estava em 1960 no posto administrativo o Sr. Joaquim Alves, que de inicio recebeu um grupo de pessoas liderada por Faustino Vamombar, provindo de Tanganyca e que queria falar com a administração sobre isto. Porém para Joaquim Alves essa era uma ideia errada. Em seguida veio um segundo grupo sob a direção de Ernesto Abdala e foi recebido em Mocimboa da Praia. Vendo que o Sr. Joaquim Alves estava exposto demais o governador transferiu ele para outra localidade e trouxe o Sr.Garcia Soares, que também recebu um outro grupo agora liderado po Tiago Mula, um ser visto como lider popular que tinha uma grande admiração do povo moçambicano e falou num frontalidade sobre as necessidades do povo local em relação a Portugal. E acabou sendo preso. Um quarto grupo liderado por Makaba também veio e também Makaba foi preso. E por fim chegou Simon Nichiisha e também acabou sendo preso. O grupo começou a ver uma administração como eles afirmam azeda e que prendiam os lideres nacionalista e enviavam para Lorenço Marques. Porém em 12 de junho de 1960  chegou um grupo liderado por Shibiliti Diwani e juntamente Fastino Vanomba seu adjunto que voltava a instalar-se no povoado de Nandanga onde estabeleceram encontro com pessoas influentes na localidade e levaram a mensagem a Mueda. E assim foi marcada a reunião de 16 de junho de 1960. Uma reunião em que não estava somente moradores de Mueda mas sim de outras localidades como Moidumbe, Nangade e Mocimba da Praia.

Uma grande mobilização permitiu a grande concentração, logo na entrada da administração de Maeda, E o sr. Shibiliti questionou a quantidade de pessoas mas as autoridades locais não sabia explicar, e muitas daquelas pessoas diziam que tinham ido até lá para conseguir trabalhar numa plantação de sisal em Mpanga a doze quilometro de Mocimboa da Praia. Foi um dia de chuva. O governador Almirante Teixeira da Silva estava nervoso, pediu para arriar a bandeira depois asteou-a, pediu reuniões com algumas pessoas em particular, pediu que os lideres não ficasse com a população, ensaiou um discurso dizendo que aumentaria o preço do milho, do amendoim do gengibre e por fim mandou prender Fautino Vanomba e Shibiliti Diwani, mais oito compatriota, o povo vaiou abriu caminho para agredi-lo, o governador pega o carro e joga sobre a população mata treze pessoas, que foram enterrada numa vala comum no dia 17 de junho de 1960. Chega um pelotão com trinta e cinco soldados armados sob o comando do tenente Tito Xavier, e começam a disparar. Cometem um crime matam aproximadamente seiscentas pessoas.

Em 1980, um filme Mueda, Memóri e Massacre, uma obra cinematografica de 1979 dirigida por Ruy Guerra, o primeiro longa metragem de ficção produzido em Moçambique, numa reconstituição do que aconteceu de fato em 16 de junho de 1960.

Esse é um massacre que eleva a consciência do nacionalismo moçambicano de todas as localidade foi uma luta catalizadora par a luta de libertação Nacional. E o entendimento que devemos ter é que a luta é pelo povo, por sua autodeterminação por sua autonomia, e o mundo precisa respeitar isto e entender que esse é o seu espaço legal de luta.

No entanto vale lembrar que em Lisboa em 1948 cria-se o Centro de Estudos Africanos, por Agostinho Neto, Mário Andrade e Amilcar Cabral, período em que centenas de moçambicanos foram deportados para a Ilha de São Thomé pelas autoridades portuguesas. E Eduardo Mondlaine criou no ano seguinte o núcleo de estudantes  secundários africanos e em 1959 a Manu e em Guiné e Moçambique surge  a Frente Revolucionária. E quando em 1960 todos queria uma conversa pacífica qualificada com os dirigentes locais do colonialismo portugueses tiveram uma surpresa um Massacre em Mueda que deixa seiscentas pessoas ou mais mortas. Embora tudo seja a plena verdade ainda há quem está com o discurso do colonizador, dizendo nada ocorreu isto é coisa da FRELIMO. E aí há muita tristeza, porém vale lembrar que neste dia do massacre chovia naquele município. Nasceu assim a consciência de um povo tão bela como as flores que germinam nos jardins na ternura dos voo dos pássaros ou na alegria do processo de Independência que brilhou, que raiou em seguida.

Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta e cronista
Membro do Coletivo Minervino de Oliveira -São José do Rio Preto-SP
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB



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