Cronica - A descoberta do lobisomem rio-pretense - Manoel Messias Pereira


A descoberta do lobisomem rio-pretense

Como a mudança é visível nesta cidade. Eu que nasci aqui em São José do Rio Preto-SP e fico observando as margens da represa municipal, na qual eu chamava de Lago Artificial rio-pretense, até porque aprendi a falar isto na escola. De um lado era somente um pasto em que havia uma criação de gado do João Periquito. E quem ficava cuidando do gado era um menino que a gente chamava de Zezinho. Eu na verdade não sei o nome completo nem do dono da vaca e nem do menino. Mas a noite esse local se transformava, tinha romances, amor, sexo e até homem lobisomem. E eu contarei essa história a todos.

Para mim a vida era um teatro e tudo era personagem na vila Elvira, no Morro Pelado como era chamado a Vila Dório naquela época nos idos de 1962. O João Periquito era um senhor que tinha as vacas mas essas acabava andando pelo bairro e quando o trem pegava uma era uma festa o povo levava a bacia e o Sr. Liberato que era um senhor descendente de indígena dizia que tinha tinha que benzer a carne antes de todos pegar. Mas na verdade ele tirava a melhor parte pra ele penso eu.

O menino Zezinho era tido como um garoto bravo até que um dia veio em casa, nós fazíamos uma fogueira assávamos mandioca, batata e comíamos doces de paçoquinha e alguns adultos usavam pimenta. Havia uma pratica de dizer você é bravo ou você é bonzinho. Os bonzinhos ganhava doce, já os bravos pimentas. Toda a molecada dizia ser bonzinho e ganhávamos paçoquinha, já o Zezinho falou sou bravo, trabalho de cavalo e ganhou pimenta.

Lá onde está instalado a Escola do Sesi, da Escola da Ressurreição, a noite ficava cheio de carro com casais namorando. E lá aparecia o homem lobisomem que era um rapaz negro todo de preto, sondando os casais de namorado. A uma história que um dia puxaram uma arma para o homem lobisomem e ele teve que sair correndo com medo de morrer. Porém existe uma história de um policial que ia com a namorada lá na beira da represa, só que acabou a bateria do carro e ele não tinha como sair diz que foi um sufoco. Foi um funcionário da estrada de ferro que acudiu. Pois saiu dali a pé para pedir socorro. E vale lembrar que naquele tempo não havia celular. E o único telefone disponível que tinha ficava na Sambra,  ou na Saad empresas de processamento de algodão, e que a noite era fechada. 

A história mais corriqueira foi que um grupo de rapazes saiu com a filha de um caminhoneiro e estupraram a moça e parece que ali o crime foi coletivo naquela noite, porém um funcionário da estrada de ferro foi que ficou respondendo processo, pois ele deveria ter avisado a policia, mas não fez.

Teve um dia que um rapaz pediu para que eu fosse com ele procurar o vidro de um relógio que ele havia perdido na beira da represa, desconfiei dele e disse é meu caro eis você o homem lobisomem hein?

Ele ficou desconcertado mas era ele  mesmo. Se não fosse lobisomem era um vampiro, para andar todo de preto, pulando que nem macaco, e há quem diga que quase cagou na roupa.

Hoje aquele local está todo iluminado, tem prédios construídos, tem gato que a sociedade solta por ali. E eu nem gosto de gato é um bicho que veio da Asia para cá. Mas tudo bem é duro é quando faz coco dentro de casa credo é um fedo só.

Hoje é um local arejado, e hoje as pessoas passaram a fazer caminhada e a municipalidade  ajudou neste quesito. O tempo passou foram décadas de outras administrações a cidade também cresceu. E as vezes eu fico daqui pensando na minha juventude, quando reunimos nós os ecologistas para discutir o crescimento da cidade. Eu pergunto a duas pessoas hoje como  a assistente social Eni Fernandes e ao jornalista Sergio Parada, será que recordam disto. E muitos vereadores na épocas indecisos tomaram a decisão em dez minutos sobre a construção da primeiro condomínio. Decisão rápida né. Eu até hoje acredito que a decisão veio numa mala. Mas deixa pra lá.

Sempre que passo pelas ruas da cidade lembro quem morava aqui ali e nesta cidade sei que nada é diferente. Próximo da biblioteca lembro a casa do Valdir Preto, o quimbandeiro. Que por certo tempo ele mudou-se. E quando encontrei-o disse onde ele estava, se havia mudado daquela rua próximo da represa ele respondeu-me. Lógico eu não sou sapo pra ficar dentro do rio.

Houve um tempo em que na Swift, também foi um local chamado de auto love vehicles, e diziam que o sexo rolava solto, até que teve que have a intervenção dos serviços de segurança. Bem isto eu ouvi falar. É hoje temos o Teatro Paulo Moura e essa é a cidade teatral. E assim a vida continua, no consciente e no inconsciente coletivo e que uso neste discurso societário rio-pretense. 

A única coisa que sei é que descobri quem era o lobisomem rio-pretense.

Manoel Messias Pereira
professor cronista
São José do Rio Preto-SP.


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