Artigo - Revolução Mexicana - Manoel Messias Pereira


Revolução Mexicana

Não podemos esquecer que a Independência é sempre o marco que estabelece um processo identitário de  um país, a um território, em que passam a  estabelecer um ritual de vida de um povo a partir uma lógica de soberania.

O México teve a sua independência e 1822 e desde então é o local em que confrontavam duas grandes tendências políticas em que conviveram os mexicanos num drama terno de golpes militares e conflitos sangrentos. Como o escritor Hecto Alimonda descreve assim "Tratavam de dois projetos opostos de organização nacional" E o confronto se dava até certo ponto entre os conservadores representados pela onipotência da Igreja Católica, e a ideia da sociedade mexicana nos moldes aristocrático e hierárquico herdados do período de colonização num pressuposto de continuidade as relações em que estavam submetidos os indígenas e na maioria absoluta da população.

E quem enfrentavam eram os liberais deslumbrados pelo iluminismo europeu que pretendia reordenar a sociedade de acordo com os seus princípios, mas deparavam com um conjunto de abstrações  que compunham a realidade latina americana. Liberdade de comercio,  de associação, de expressão, igualdade perante a lei,  e regime republicano constitucional, os mexicanos , talvez pela força oponente clerical e pela violência de seus enfrentadores acrescentaram propostas mais radicais. A orientação de base agrária do país: com a destruição desta base colonial, de latifúndios improdutivos criando um pais moderno aumentando a produtividade e o mercado internacional. Numa base formada por produtores agrícolas independentes

Ao mesmo tempo em que se esvazia em seus conflitos internos, o México foi presa de cobiça dos Estado Unidos da América, que expandia para o oeste e que provocou um a guerra, e assim o México perde metade do seu território. E neste impacto os liberais chegaram ao poder. E entre 1857 e 1859 montou os mecanismo legais da Reforma, uma Constituição Liberal e as leis de desapropriação e de nacionalização dos bens da Igreja até então dona da metade das terras. Além da dissolução das comunidades indígenas. Com objetivo de criar a classe de pequenos produtores. E esse era o cenário até a chegada de Porfírio Díaz.

Porfírio que destacou-se na luta contra os franceses, na defesa de Oaxaca, que incorporou ao seu exercito grande massas populares, em 1876 ocupou a presidência por meio de um movimento militar deu um golpe. E manteve-se no poder até 1911.
O que chamou-me atenção foi o positivismo estabelecido no México, com a ideia do francês August Comte e Stuart Mill do século XIX, parece o Brasil que não apenas adotou essa ideia mas botou a frase do francês no meio de sua bandeira. Uma forma ditatorial de chamar  atenção puxar a orelha do povo, para organizar à ordem como se gado fosse senão não teria o   progresso.

Em 1877,o general Porfírio Dáz,  que chegou neste supetão  de um golpe de militar assumiu o poder no país, implantando um governo pessoal que estendeu até 1911. Durante seu longo governo porfiriato, se fez reeleger várias vezes presidente, mantendo, assim, uma aparência de democracia no país.
Durante o seu governo o México se integrou cada vez mais ao capital norte americano, que teve a facilidade de penetrar no país mexicano explorando os recursos minerais, as ferrovias e as atividades financeiras. E o porfiriato se apoiava nos grandes proprietários de terras, beneficiados pela concentração das propriedades rurais e pela exploração brutal da mão de obra praticamente servil.
Durante os tria e três anos que Porfírio Diaz esteves no poder, no pais teve algumas indústrias de bens não duráveis, como industrias  de tecidos de alimentos e de bebidas. E no caso o crescimento de uma incipiente burguesia, a ampliação dos grupos médios e  urbanos, além do surgimento de uma classe operária concentrada em algumas poucas cidades.
Essa concentração da propriedade rural, permitiu a miséria em massa das camadas camponesas, expropriadas das antigas terras de uso comum por parte da comunidade indígena; a insatisfação da burguesia industrial e dos grupos médios levaram  a um movimento revolucionário, em 1910, contra o governo Díaz. Iniciada com uma oposição política, a revolução, em pouco tempo transformou-se em um movimento social com intensa participação camponesa. E isto levou Díaz a renunciar em 1911, o que não solucionou os problemas em últimas análise estruturais.
Foi um tempo difícil, pois com Porfírio os camponeses começaram a enfrentar a plantação de cana-de açucar com dezenas de engenhos instalados. Essas fazenda começam a usar a chamada mão de obra cativa, esses fazendeiros desviam os cursos dos rios, e a população começavam a passar sede, os seus animais morrim de fome se lembramos que antes de Porfírio havia 118 povoados em 1910 eram 100 apenas. Os camponeses tentaram defender-se por meios legais valendo -se de títulos coloniais, conservados durante séculos,mas foi tudo inútil. Porfírio ocupou 14 hectares de pastos  comunais do povoado de Yautepec. começam as mortes de líderes camponeses.


Com a queda do Porfírio Díaz, assumiu o poder Francisco Madero, com promessas de reforma agrária, que, no  entanto não se efetivaram. E o próprio Madeiro era um rico proprietário de Cahuila. E neste contexto que vai surgir o movimento revolucionário liderado , no sul por Emiliano Zapata e, ao norte por Pancho Villa, que propunha em síntese , a nacionalização das terras dos inimigos da revolução, e a devolução das terras usurpadas às comunidades indígenas e a expropriação dos latifundiários.
As propostas de Villa e Zapatta não foram atendidas por Madeiro, nem por Huerta, seu sucessor. Desta maneira, o movimento revolucionário se alastrou, e  em 1914 , o general Huerta foi derrubado por Carranza, um fazendeiro que aderira a revolução e que contou com o apoio de outros líderes revolucionários. A extensão do movimento revolucionário e seu forte conteúdo social levaram os Estados Unidos da América preocupados com os rumos dos acontecimentos a ocupar Vera Cruz, em abril de 1914.
As lideranças moderadas, com Carranza à frente, chegam ao poder julho de 1914, com  proposta de elaborar uma Constituição de conteúdo liberal e reformista. Ao mesmo tempo, seria uma forma de neutralizar a revolução camponesa. As pressões norte americanas se ampliaram, chegando à intervenção armada no país, com o objetivo de capturar Pancho Villa. Em 1917 é promulgada a Constituição que apresenta os seguintes pontos:

a)Separação entre Estado e Igreja e a diminuição dos poderes do clero.
b)direito do Estado à expropriação as terras, desde que em benefício público
c)o subsolo passa a ser de propriedade do Estado e a exploração para o bem público
d)reconhecimento dos direitos das comunidades indígenas sobre as terras de uso comum
e)Legislação trabalhista: salário mínimo, jornada de 8 horas/dia, descanso dominical e assim por diante.
E o que aprendemos ao longo do tempo foi que ocorreu uma chamada utopia camponesa, numa coligação Villa com Zapatta. Emiliano Zapatta toma Chipancingo em 23 de março de 1914, que era a capital do Estado de Guerreiro, enquanto as tropas americanas avançavam em Vera cruz. Temos a Divisão do Norte comandada por Francisco villa que destrói o exercito federal, em 13 de agosto temos as tropas federais rendendo-se. Em 20 de agosto de 1914 Carraza toma o poder, O exercito do Sur começa a distribuição de terras, de acordo com o plno de Ayala em 8 de setembro. Na coligação de emiliano Zapata com Pancho Villa temos a luta contra as tropas do general Obregón. Zapata ocupa Puebla.
Em 1915 Carranza promulga a lei da Reforma agrária no dia 6 de janeiro. O general obregón ocupa o distrito Federal em 28 de aneiro 1915. surge o Pacto de Carranza com a Casa del Obrero Mundial é o apoio do movimento sindical aos constitucionalistas e tem a formação dos batallones Rojos que vão lutar contra Pancho Villa. Em fevereiro de 1915 A expedição do General Pershing cruza a fronteira, em perseguição a Pancho Villa. As tropas de Oregon derrota a divisão do Norte. Oexercito libertador del Sur mantem suas posições em Morelos e aprofunda a reforma agrária e realiza a autogestionária em março de 1915.
Em 1916 A divisao do norte é destruída e Pancho Villa mantem a guerrilha. A expedição de Pershing se retira. Carranza dissolve os batalhões Rojos e reprime com violência o movimento operário. O exercito federal inicia outra campanha em Morelos conduzida pelo general pablo González, ocupa Cuernavaca e outras cidades mas é obrigado a retroceder. Carranza promulga a Constituição. Os zapatistas mantém o controle de Morelos em  5 de fevereiro 1917. mas em 10 de abril de 1919 temos o assassinato de Emiliano Zapatta. E em 1920 O general Oregón lança o Plan de Agua Prieta avança sobre a capital e aliando aos zapatista assume a presidência. A revolução termina começa o que se chama da reconstrução da ordem.

E desta forma aparentemente a Revolução havia alcançado seu objetivo. No entanto os líderes camponeses foram assassinados Zapatta em 1919 e  Pancho Villa em 1923. E as pressões estado-unidense ampliaram, o clero condenava os ideais revolucionários. Os avanços revolucionários foram ficando mais lentos.
No final da década de 1920 é criado o Partido Revolucionário Institucional -PRI, tentando reunir as várias forças que haviam combatido a ditadura de Porfírio Díaz. O caráter reformista e conciliador do PRI, desde então e ainda hoje no poder, permitiu a burguesia mexicana legitimar no poder e impor um projeto de dominação e controle politico social. Desta maneira esmagar de vez os ideais da revolução camponesa e implantar definitivamente o capitalismo no país. E só paa lembrar que todos os presidentes foram do PRI, que e um partido hoje inclusive filiado a Internacional Socialista, porém nada tem de socialista há sim uma agenda neo-liberal, com inclusive privatizações, liberalizações do comercio , cortes nos gastos públicos, na minha opinião pode ser uma social democracia revisionistas que negam o socialismo e seu aspecto revolucionário como baseias teoricamente em Eduard Bernestein. Mas é somente um olhar superficial  sem um aprofundamento com  acuidade precisa. E pelo visto isto começou a mudar somente neste século XXI. Mas a mudança é uma outra história.

Manoel Messias Pereira
professor e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB



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