Cronica - A luta de classe há um século - Manoel Messias Pereira

A luta de classe há um século

Se voltássemos a cem anos e visitassem a cidade de São Paulo iriamos encontrar a cidade em greve, e os trabalhadores em greve, e a repressão do Estado, estabelecendo uma certa imposição democrática burguesa. Pois para o trabalhador a democracia era apenas uma falácia e muitos sabiam de cor o que era levar borracha e cacetes nas costas.

Porém hoje também a cidade está parada, é que a população de todo o mundo e não apenas do Brasil vive uma pandemia provocada por um vírus que não sei o correto se é uma mutação, ou cientificamente um vírus fabricado  ou como desejam outras linhas do conhecimento vieram dos morcegos. A questão é que não sendo biólogo, não sendo químico, não sendo sanitarista, e não sendo médico apenas tenho a capacidade de ouvir  e refletir sobre o Covid-19 ou corona vírus, por aquilo que se transmitem nos meios de comunicação.

Ou seja de uma forma ou de outra a cidade de São Paulo está parada. Mas retomando a história que é a minha especialidade lembro que os apontamentos históricos indicam  que o dia 31 de março de  1920 foi uma quarta feira,  e na observação do jornalista  do Jornal O Estado de São Paulo, responsável em cobrir as organização da classe trabalhadora, escreveu e foi publicado no dia 01 de  abril de 1920 a seguinte redação "A cidade continua calma. Somente as fábricas  que jáestavam paradas continuam fechadas. E esses dados estão no livro o "Sonhador Libertario" de Cristina Hebling Campos, da Editora da Unicamp. E esse escreve comentando a matéria, "novamente sarcástico esse jornal afirma que foram pouco os trabalhadores que teimaram em fazer piquetes. Mas a esses a policia estava dando o tratamento devido" Pois bem era um clima tenso, com prisões, e a armentação de processos de expulsão para trabalhador vindo de outra terra ou melhor país.

E no dia seguinte foi véspera de quinta feira santa. O movimento continuou no mesmo ritmo, ou seja paralisado. A situação estava assim para ser decidida nestes dias. Porém com quinta feira, depois SextaFeira da Paixão, depois Sábado de Aleluia e por fim a Páscoa.

Por outro lado a Associação Paulista dos Industriais Mecânicos e Metalurgicos pediam aos operários qu voltassem ao trabalho até na proxima terça portanto no dia 6 de abril, a diretoria da União dos Metalurgicos  resolveupor fim ao movimento, devendo todos voltar ao trabalhono dia indicado pela associaão patronal.

E na segunda feira dia 5 de abril de1920, a Federação Operária acatava o fim da greve geral alegando que o seu fracasso deveu-se ao fato da polícia "ter impedido as reuniões as comunicações entre as associações operárias, o que as desorientaram. O jornal "O combate" trazia que sóhavia aderido ao movimento e assim por um curto espaço de tempo, os metalurgicos, os sapateiros , os carteiros e os trabalhadores da construção civil.

E apesar disto a União Operária UOFT  distribuiu um panfleto concitando os tecelões a continuar a greve. Nesta época Mauricio Lacerda chega a São Paulo a convite da Federação Operária e tenta negociar a abertura a reabertura das associações sem no entanto ter sucesso. E o delegado geral de policia, depois que assegurou ao deputado que a sede da UOFT poderia ser reaberta, espancou, prendeu trabalhadores que lá havia comparecido para a reunião. E Mauricio Lacerda foi acusado de estar compactuando  com a repressão. Mas ele se defende acusando e denunciando as relações violentas existente em São Paulo entre o Estado e a classe operária.

E nisto consta no livro "Avalie o senhor Thyrso Martins com aquele ar sarrafascal e pavernu, me havia assegurado como declarei ao jornal Combate, a liberdade a de se reunirem os operários. Isso mesmo que lhe comuniquei. . . Porém a policia estava coagindo operários contrariamente a palavrado equilíbrio. Retirando-me e eu convencido de que em são Paulo não havia o direito de propaganda nem para Deputados"

A repressão foi intensa foram presos as lideranças operárias Edgard Leuenroth Florentino de Carvalho, Pimenta e Manuel Soares. E por outra houve policiais invadindo casa de trabalhadores, obrigando-os a ir para as fábricas, prendendo as mulheres e espancando até mesmo crianças.

Por outro lado a Igreja católica concentra as suas forças condenando o movimento. Na fábrica de Juta aparecem boletins concitando aos operários a abandonar as suas organizações mutuarias. E o governo começa a organizar prisões nas residências, expulsões e deportações. Era período o da gênesis da organização trabalhista  tempos do anarco-sindicalismo brasileiro. 

E assim vimos a volta ao trabalho em várias fabricas e quem não compareceram por exemplo nas Industrias Matarazzo foram dispensados. Nesta localidade esta fabrica era de maior mobilização.

Essa é uma história que a juventude escolar que geralmente procura pesquisar na internet e muita vezes vai até a Wikipédia, esse assunto não está lá, pois é a história do movimento operário, onde fala -se do trabalhador e a nossa história subterrânea embora seja feita de luta suor, baixos salários e condições de trabalho inadequada muitas vezes. E a história que não coloca a visão  da classe empresarial, do empreendedor, do gestor como afirmam hoje e que cometeram muitos abusos e crimes mas que jogaram por baixo do tapete social. E como podemos afirmar que a classe dominante, tem o olhar ideológico deste domínio.

Hoje em pleno século XXI, temos uma série de empresários que diante da pandemia Covid-19, esbraveja dentro dos carros de luxos, que precisa os trabalhadores precisam abandonar os seus lares onde está protegendo-se, do corona vírus que já está circulando-se. Embora o senhor presidente da Republica do Brasil, vá contra todas as recomendações médicas e sanitárias, preocupado apenas com as cifras destes senhores, que sempre usaram o expediente de apenas explorar o seu próximo, objetivando-se o pensar do processo escravocrata tão arraigado e presente ainda hoje o setor das relações trabalhistas no Brasil.

Vemos em compensação o senhor João Doria, que fez uma reunião com empresários, do chamado do bem, para doações de equipamentos visando o combate deste vírus. Se haverá cobranças politicas no futuro talvez. Lembrarmos o que dizia Napoleão Bonaparte "o homem são porcos que se nutre de ouro". Porém o que entendemos é que neste momento, toda a população precisa lutar contra o vírus e permitir que possamos controlar a situação para voltar a normalidade o mais rápido oque podemos. 

E nisto há uma nova mentalidade a de respeito coletivo. Embora a repressão a classe trabalhadora sempre haverá, até porque o processo escravocrata, as pessoas sendo torturadas, queimadas a ferro quente, o trabalhador sempre deportado, sendo humilhado, mulheres gravidas abortando com gás lacrimogêneos, jornalista ficando cegos com tiros de borrachas, são praticas que se cristalizou como algo normal, banal e natural. Mas são violências que não entram nas estatísticas da história. e o professor que tens o compromisso com a verdade é geralmente chamado de doutrinador.

É preciso entender o que antes cada grandes pensadores achavam do historiador, se buscarmos a definição em Jacques B. Bossuet ele dizia que a história é o grande espelho da vida humana, instrui com a experiência e corrige com o exemplo. Porém Louis Phillippe de Segur  a história é apelação dos erros contemporâneos aos juízos da posteridade. E se não tiver a coragem de remexer neste matadouro que sempre foi a história como afirmava O. Mirebeau, sinto que  estarei acovardado e apagando as verdades de minhas e de outras existências e isto jamais farei.


Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta e cronista
São José do Rio Preto -SP


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