A dramaticidade da Síria conflituosa
No princípio de abril de 2018, o papa Francisco pediu o fim do extermínio na Síria e defendeu a reconciliação na terra santa, na sua tradição Urbi et Orbi (a cidade ao mundo) O papa pediu para encerrar os conflitos e todos passar a respeitar os direitos humanos. Além destas palavras do papa, observamos que o regime sírio obtém vitória em enclave rebelde. Combatentes do grupo Jais al Islam (Exercito do Islã), considerado o último grupo rebelde no enclave de Ghouta Oriental, na Síria começam a bater em retirada a partir de um acordo intermediada com os russos e a as tropas do presidente Bashar al Assad. A retirada significa uma vitória do regime Sírio. E com essas premissas possa a sim traçar uma análise conjuntural importante, a partir da história e dos acontecimentos.
A história da República Árabe da Síria, que de princípio é uma região que já foi ocupada por diversos povos desde a antiguidade, dividido entre impérios persas, macedônios e romanos. Ou incorporados a ele. É um país que tens ruínas romanas, castelos medievais e monumentos islâmicos. O país sempre exerceu papel fundamental na geopolítica do Oriente Médio. e a Síria reivindica as Colinas de Golã, hoje ocupadas por Israel de 1967. E a Síria apoia organização anti-Israel como o Hezbollah do Líbano e o Hamas da Palestina. Nos princípios do século XXI, a Síria tomou posturas conciliadoras entre Israel e Estados Unidos da América. Porém a guerra na Síria ocorre desde 2011 e já é considerada hoje um grande desastre humanitário. E foi responsável pelo numero de 470 mil mortes.
Essa guerra é o desdobramento dos protesto que iniciaram na chamada Primavera Árabe. Hoje a Síria é governada pelo presidente Bashar al -Assad desde o ano de 2000, porém pela família de Al - Assd desde a década de 1970. Mas é importante saber o que desejavam esses manifestantes. Pois bem pediam reforma no governo, democracia, instituição do pluralismo político, mais emprego e uma melhor condição de vida. Os primeiros protestos foram em Deraa e na Capital Damasco e dali espalharam por todo o país. Mas o conflito instalam-se de fato, quando os grupos que atuavam nos protestos juntam-se as milícias armadas que surgiram. E nesse ínterim que começa uma mobilização estrangeira, e de forma direta e indireta.
O conflito que se generalizou-se com a chamada "Primavera Árabes", que teve inicio com os protestos, no caso da Síria teve os Estados Unidos da América ficando com a oposição, pois o país da América do Norte bombardeou, o que os americanos chamou de posições controladas pelos extremistas. E vale ressaltar que os americanos também deu apoio a grupos de rebeldes como o Exército Livre da Síria e a Unidade de Proteção Popular. E enquanto isto a Rússia garantiu o apoio ao governo sírio de Bashar al-Assad. A Rússia aderiu ao conflito em 2015, para reforçar a luta do governo contra os Estados Islâmicos e evitar assim que os sunitas pudesse ocupar o poder na Síria. E na mesma linha o Irã envia tropas , armas e dinheiros.
Estabelece-se uma guerra civil, que segue -se numa indefinição. O estado ficou todo fragmentado entre os vários grupos existentes com leve superioridade do Estado Islâmico. Por outro lado parte da imprensa e especialistas acreditam num enfraquecimento do Estado Islâmico a partir da consequência direta do aumento de apoios aos grupos rebeldes ao governo sírio. Porém é preciso ter uma radiografia destes grupos.
O governo norte americano de George W Bush, criou o Estado Islâmico e esta informação está na revista superinteressante, o EI ou ISIs, foi criado a partir da invasão do Iraque. Na época na insurgência contra a invasão americana um grupo sunita: o Al-Quaeda no Iraque era apoiada pelos antigos soldados de Sadam Hussein. Em 2006 reuniu-se outros grupo e proclamaram o Estado Islâmico. E em 2010 Abu Bakr assume a liderança do grupo. Esse grupo do terror tem financiamento que está avaliado em dois bilhões de dólares americanos e é o mais rico grupo extremista do mundo. E quando observamos os dados de Igor Pankrotenko redator da Revista Irã Contemporâneo, temos nesta radiografia os seus criadores como Jefrey Fellmon ex embaixador dos Estados Unidos no Líbano e o príncipe Bandar bin Sultan chefe das forças especiais sauditas, assim como o emir do Quatar, além de lideranças dos serviços secretos, turcos, britânicos e francês. Já o The Gardiam, publicou a informação que na preparação dos guerrilheiros sírios no território da Cisjordãnia participaram também a Cia, serviço de Inteligencia americana, além de instrutores da França e da Inglaterra. Enquato o primeiro ministro iraquiano Nuri- al Maliki chamava os Estados Unidos da América de cúmplice dos jihadistas e anunciou o Itar Tass que é uma base onde os Estado-unidense, preparam os terroristas do estado Islâmicos e fica na Turquia próximo da base da Otan.
A imprensa brasileira de viés capitalista e ideologia judaica, fala que o EI são fanáticos religiosos. Mas essa mesma mídia escondem de professores, alunos e demais interessados que o Estado Islâmico, lutam sim pelo petróleo. E onde há petróleo no oriente há Jihadista radical. E o Estado Islâmico nada tem de com a religião. E estão na Síria, no Iraque e em outros pontos do Oriente Médio. Outra coisa que não é dito é que parte destas armas são israelenses. E verás que jamais o Estado Islâmico contraria os interesses de Israel, até porque são parceiros.
Esses tais terroristas vendem petróleo em mercado internacional, que são controlados pelos Estados Unidos. Embora há quem diga que a Rússia preparou uma declaração que foi aprovada pelo Conselho de Segurança contra a aquisição de crude a milicia síria e iraquiana, incluindo o Estado Islâmico. Mas o comércio continua. O petróleo é transportado ilegalmente por intermédio dos turcos ao preço de 25 dólares o barril. O The telegraph informou que os guerrilheiros recebem quase um milhão de dólares por dia pela venda de petróleo da região. E o maior prejuízo é sentido pelo Irã, pela Síria e pelos xiítas iraquianos. E por enquanto o território ocupado pelos guerrilheiros estão completamente isolados da Síria, dos xiítas iraquianos e do próprio Irã.
Com essa radiografia do conflito começa a ficar melhor entendido como essas ações bélicas que já dura sete anos e que movimenta todas as linhas de solidariedades do mundo. Do contrário é só um espetáculo de bombas, tiroteios, crianças pedindo ajudas, e refugiando-se com algumas roupas mochilas e assim milhares de sírios obrigados a fugir para escapar dos conflitos mortais. Numa luta pra sobreviver e segue pelo mundo com aproximadamente 5,5 milhões e meios de mulheres e crianças refugiadas.
E fora da Síria todos precisam de empregos, pagar aluguéis, por crianças nas escolas enfim a luta é constante e quando a economias se vão e as dívidas avanças. E assim a busca é para que vários países disponibilizam a solidariedade o aconchego. mas muitos oferecem a xenofobia e o desprezo.
As ajudas vem das organizações internacionais como a CCNU que oferecem US$175 por mês a essas famílias mais vulneráveis para a ajudar nas suas necessidades. A escalada da crise humanitária é inimaginável e até o final do ano esperam que 10 milhões de pessoas possam estar precisando do auxílio humanitário. A Unicef renova o seu compromisso relativa a sobrevivência e proteção as crianças. Mas a rede Globo disse que a crianças refugiadas, que estão sofrendo com a exploração, com a violência doméstica, com casamento precoce e trabalho infantil. A Anistia internacional disse que 4,25 milhões de pessoas foram deslocadas internamente da Síria e dois milhões estão no Exterior e há poucas controvérsias políticas em ajudar.E diante desta tragédia concedidas pelo sistema capitalista.
E com esses simples apontamentos conseguimos entender porque o papa Francisco, disse que é preciso encerrar esse conflito e todos respeitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos. e a esperança é que todos possam ser parte destes direitos não somente na dimensão poética do texto, não apenas na sua dimensão estática mas sim num processo dialético, numa construção contínua, pois todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com o espirito de fraternidade. E nada disto está relacionado com o mercado lícito ou ilícito. Mas sim num propósito de captar de forma racional e até emocional um pedaço das dores do mundo.
Manoel Messias Pereira
cronista, professor e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil
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