Cronica - A Campanha Eleitoral - Manoel Messias Pereira



A Companha eleitoral

Este é um ano eleitoral e nos municípios os partidos da ordem burguesa e os seus líderes já começam a preparar a campanha, vão observar como estão as igrejas evangélicas, quantos lares tem pessoas presas, degredadas, quantos são os desempregados, quantas pessoas vivem ou convivem na marginalidade e são esses os principais cabos eleitorais. Esses cabos farão listas de eleitores para os candidatos, que geralmente vão tentar burlar a lei como sempre fazem, vão trazer a tona a compra de cestas básicas, vão criar mecanismos de vender a esperança.

Todo o ano é isso, é um carro de som na cidade toda é panfleto suando as ruas, um jingle bem tramado de fácil comunicação e que fica na cabeça das pessoas muitos deles alicerçados encima de uma música conhecida de preferencia sertaneja. E assim começa a tarefa da ilusão.

Os candidatos a vereador começam a organizar churrasquinhos na periferia, a pagar cachaça, arrumam cestas básicas prometem fazer até tapa buraco. Embora sabemos que está mentindo, pois a atribuição do vereador não é essa é sim discutir os projetos para a cidade, ver os pontos que existem acordos e desacordos em relação a arquitetura e engenharia da cidade, fiscalizar o executivo, ver as reclamações administrativas da população e levar para a discussão, elaborar novas leis, propor emendas naquelas que existem o que estão sendo criadas, tem que pensar a cidade e o povo que nela mora. É preciso ter um olhar de respeito a toda a diversidade, a todas as necessidades e propor mudanças ou rupturas nas práticas politicas até então cristalizadas, quando essas não respondem as necessidades  básicas do povo.

Mas pensar o povo é lembrar uma cronica do já falecido escritor e jornalista rio-pretense o Sr. Roberto do Valle,  que dizia que o povo constrói a cidade mas vai morar na sua periferia. Assim como quem constrói o sonho do condomínio, mas sabe que apenas pode habitá-lo para trabalhar. E quando não pode sonhar além de seu olhar.

Pensar em melhorar a vida do povo,não deve ser somente tarefa campanha eleitoral. E se for só isso como é pobre intelectualmente esses partidos e como são ratos, cobras, esses candidatos. Os ratos por que saem do esgoto de seus gabinetes, num antro de falcatrua para permanecer mais uma legislatura no poder e para isso negocia a té a mãe, compra o eleitor na cara dura, pede até lista de qual é o local que o sujeito vota a sessão. E isto é a tarefa do cabo eleitoral. Dá um jeito de comprar o eleitor. São cobras porque são rasteiros, são rápidos e geralmente sabem trair seus eleitores, numa boa.

A novidade na politica não existe são os mesmos partidos da ordem financiados por uma série de empresários da qual muitos nem aparece na lista de prestação de conta. Mas todos aqueles que doam precisam ter os seus CPF investigados, para ver se não há fraudes nas doações e tudo precisaria ser rastreado pela receita. Mas essa preocupação parece que não existe principalmente quando o candidato é um pouco abastardo ou pertence a uma família da elite.

Porém a cada dia mais vejo o aprofundamento do apartheid social e sei que durante todo esse período capitalista que estamos vivendo e continuando a viver a desgraça da massa é maior. E a elite tens um melhor benefício

Outro ponto a ser discutido são os candidatos a prefeitos são seres humanos, masculinos, femininos, ou não declarados,  que dizem eu vou fazer, eu faço, eu aconteço, eu faço chover, vou construir  vou fazer pontes, e geralmente dos candidatos a prefeito lembro da figura enigmática do personagem Odorico Paraguaçu, de Dias Gomes que dizia é com a alma lavada ensaboada, enxaguada, que vou inaugurar esse cemitério. Mas nunca morria ninguém naquela cidade. E isto frustrava o candidato. Porém quando começa as campanhas aquelas musiquinhas chatas, que até ficam em nossa cabeça, ficamos comparando quem vai mais atendera as necessidades básicas. Como melhoria das vias públicas, como organizar os centros culturais dos bairros e há uma distância tão grande pois são poucos os centros culturais dos bairros, quais são as melhorias para os centros esportivos dos bairros, no que esses centros ajudam ou permitem melhorar a vida do professor e dos alunos. Quais são as demandas que existem para os alunos da creche, infantil, quais são as proteções que o governo anterior implementou para as mulheres, para os negros, para os deficientes, para as comunidades indígenas. Houve um pensar na geração de emprego, quais são os seguros sociais que garanta que todos estão sendo beneficiados pelas políticas públicas. E em relação aos idosos, quantos deles conseguem ficar sozinhos e quantos não conseguem, quantos deles tem assistência social em casa tem o médico da família. Quais são os programas para atende-los? E quais são os programas de saúde, preventivos e não preventivos. Quais são os pontos de estrangulamentos de trânsitos. São demandas que os candidatos a prefeitos precisam responder e dizer quais são as características ideológicas de seus partidos ou seja quais são os roteiros a seguir, que permitem o povo participar ativamente da politica, interferindo, dando sugestões e não apenas votando como aliás é o que ocorre.

Pensar esse povo, pensar essa cidade geralmente é pensar na beleza das praças das avenidas, do dinheiro que movimentam e também nos excluídos, na quele que passa por dificuldades, que está depressivo, que está triste. Daquele que só trabalha mas de seu suor guarda apenas o sonho olhar toda a beleza dos outros e sabes que dele mesmo é parte do processo de exclusão muitas vezes é parte da reserva para o mercado, que contrata-o apenas quando despede outro de seus iguais, para traze-lo a um preço risivelmente mais baixo. Ou seja temos que também entender a tristeza como parte de uma mesma moeda.

E hoje é assim que vejo o povo como diria o velho Roberto do Valle, o povo, na hora de esperar, na hora de crer, na hora de orar, de acreditar que na outra vida lá no paraíso tudo vai ser melhor. Fecundando -se em salvação na metafísica, orando ou rezando, clamando ao senhor muitas vezes chorando como parte de um pecado que ele não se viu cometendo. É o povo dentro da noite esperando um dia a morte chegar. O dia mais alegre que reúne todo mundo pra chorar, pra beber o defunto e é assim mesmo. Coitado de tantos desgraça o melhor dia é o de sua morte, pelo menos existe a crença que vai pro céu, pro paraíso, e que conheço essas bobagens.

E para isso os candidatos começam a explorar e fazer uma campanha bem escrachada em que os candidatos beijas as criancinha, que estão com os rostinhos sujos, escarrados, as mães desoladas, desempregadas de chinelo de dedos, despenteadas. Esses candidatos prometem o céu e dá o seu santinho, prometem vida melhore a espera de um milagre. Muitas vezes o leitor  não tem nem água para tomar banho pois se não conseguir pagar cortaram. Mas os candidatos estão sorrindo achando que esse inferno aqui na terra vai ter fim quando forem eleitos. Mas todos esses coitados dos eleitores precisam entender que  é uma doce  mentira. E geralmente a campanha politica passa tem a eleição e a desgraça continua, alguns que creem em Deus amaldiçoa e, começa a torcer para o demônio, como compensação.


Manoel Messias Pereira

poeta e cronista
São José do Rio Preto-SP.
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB




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