Artigo - Consciência em tempo de Covid 19 - Anna Claudia Magalhães


Consciência em tempo de Covid-19
de Anna Claudia Magalhães

Gente, as pessoas são burras mesmo, ou elas se fazem? Minha mãe trabalha em um hospital há mais de 20 anos, ela tem que ir trabalhar porque isso é um serviço essencial. Eu estou com muito medo pela minha mãe? Tô, muito. Quase nem durmo. Eu acho que hospital, supermercado, ou qualquer outro serviço essencial precisa parar? Não! E isso não é egoísmo da minha parte, eu tô falando da minha mãe!!! 

Não acho que ela está fazendo um sacrifício por mim, ela está fazendo pelo coletivo. Eu estou ficando em casa e acredito que devo continuar, assim como boa parte da população que não trabalha em serviços essenciais, não só porque isso são recomendações de TODOS os órgãos de saúde, mas porque devido a essas informações eu criei CONSCIÊNCIA de que menos pessoas circulando pela rua diminui o risco de proliferação do vírus. Inclusive, isso diminui o risco dos próprios trabalhadores dos serviços essenciais, muitas consultas foram remarcadas, principalmente dos pacientes mais velhos e isso protege a minha mãe. Com menos infectados, caso você precise do serviço de um hospital com urgência, por exemplo, são menos leitos ocupados. Isso que eu tô falando, não é nenhuma novidade, é informação fácil que está sendo repassada fora das alucinações de whatsapp o tempo todo.



Nada disso está sendo especial pra ninguém. Se opor ao que Bolsonaro está fazendo e incentivando não é pra se sentir especial, é justamente pra pensar além de si, além do próprio umbigo, pensar com consciência. Meu marido é autônomo, vão ser tempos difíceis aqui em casa e em muitas outras casas com situações econômicas muito piores.



Por favor, uma vez na vida parem se ser ignorantes. Parem de jogar na população o que é responsabilidade do Governo. Exigir isso, ainda mais de um homem que ocupa cargos públicos há mais de 30 anos, se elegendo e recebendo por meios do povo, não é favor, é direito. É dever do Governo Federal pensar em políticas públicas para situações de vulnerabilidade, crise econômica e calamidade. Chega do trabalhador carregar esse país nas costas, se expor, ser explorado. Já não basta os direitos retirados. 

Além de tudo, é um péssimo posicionamento político mundial e outra forma de quebrar a economia. Ninguém investe em uma nação com um representante lunático que expõe a população ao risco. Gente morta também não trabalha.



E eu não posso chamar de outra coisa além de burrice achar que o mundo inteiro estaria se mobilizando pra que pudesse ficar em casa assistindo Big Brother. Me poupe, se poupe.

Anna Claudia Magalhães
poetisa e articulista rio-pretense.

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