Cronica - A revolução Praieira e o Manifesto ao Mundo - Manoel Messias Pereira
















A Revolução Praieira e o Manifesto ao Mundo
Sabemos que o ano de 1848, foi essencialmente revolucionário em toda a Europa Central e Oriental, com a chamada  Primavera dos Povos, foi também neta época que tivemos a segundo República Francesa e no dia 1 de fevereiro,  o lançamento do Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. E no Brasil no dia 2 de fevereiro de 1848, surge chamada Revolução Praieira, e esse processo histórico, suas razões, objetivos e resultado que trataremos neste contexto. Porém o que ficou evidente é que manteve a tradição revolucionária de Pernambuco, através deste instrumento sociológico da época.
E para uma melhor compreensão devemos atér que estávamos naquele momento histórico convivendo com o Período do Segundo Reinado (1840 a 1889), mais especificamente no tempo do Parlamentarismo às avessas(1847 a 1889), e todo o processo revolucionário surge na Praia em Olinda-PE. Vale ressaltar que Pernambuco era uma província tal qual as outras em que havia poder político dos latifundiários e a existência de grande propriedade que usavam a mão de obra de seres humanos escravizados. E o poder estava sim concentrado nas mãos de uma reduzida oligarquia latifundiária. E aí sim contrastava com o Rio de Janeiro a capital em que o poder estava mais distribuídos entre oligarcas cafeicultores.
E em Pernambuco a família Cavalcanti tinha a exclusividade politica ao ponto de ter seus principais membros dominando ao mesmo tempo os dois partidos políticos  como o Partido Liberal e o Partido Conservador. Além de ter um terço dos latifúndios açucareiros nas suas mãos. E os outros dois terços pertenciam a família Rego Barros Souza Leão e Albuquerque Maranhão. todos esses latifundiários tinham uma mentalidade retrógrada e mesquinha e essa era uma das causas da fome, generalizadas das populações carentes de Pernambuco. E as terras tinham mais de noventa porcento de improdutividade. exatamente onde podia ser plantado alimentos que pudesse suprimir a fome dos carentes os proprietários não permitiam plantar, e também não arrendavam e nem vendiam as terras. Em 10% das terras é que se plantavam mandioca, cana e criavam gado suficiente para alimentar os seres escravizados.
Havia o fator de opressão e de miséria social, o comércio varejísta era todo monopolizado pelos portugueses, que tinham privilégios e vendiam os seus produtos pelo preço que lhes conviesse. e todos os donos de padarias, quitandas, lojas de roupas, calçados eram portugueses. e não admitiam brasileiros trabalhando no comercio e isto no Brasil. e com isto surge a marginalização nas camadas urbanas de Pernambuco. Ao mesmo tempo que cresci o anti-lusitanismo. A ponto de surgir um ódio aos portugueses que aqui exploravam o comercio. Houve portugueses que tiveram suas casa queimadas, tivemos outros que foram mortos. E é neste contexto que surge um grupo conhecido como Liberais radicais e Democratas que não compactuavam com os membros do Partido Liberal e do partido Conservador. E assim criou-se o partido da Praia.
O partido da Praia eram ligados ao Jornal  Diário Novo. Os primeiros praieiros  assumiram uma crítica aos latifúndios em defesa dos lavradores livres. Porém foram poucos aqueles que assumiram uma defesa das massas populares. Podemos aqui citar entre esses poucos Borges da Fonseca e Pedro Ivo. A grande maioria dos priaieros não tinham firmeza para estabelecer um confronto com a elite agrária. E o exemplo disto é que não contestavam a escravidão brasileira.
O professor Francisco de Assis no seu livro de história do Brasil disse se as revoluções todas foram feitas sob a orientação do liberalismo, no Brasil a Praieira teve um olhar alicerçado no socialismo utópico europeu. E a desculpa ou pretexto para por em prática o movimento da Revolta Praieira foi a nomeação de um governador, "conservador" para Pernambuco, e a queda do Ministério Liberal no Rio de Janeiro.
E no chamado Manifesto ao Mundo de autoria de Borges da Fonseca, os revolucinários tornaram públicos as suas reivindicações, e exigiam: a)O fim do Império e a Proclamação de uma república. b) a extinção do Senado vitalício e o Poder Moderador, c)voto livre e universal, d) nacionalização do comércio, e)liberdade de trabalho para garantir a vida dos cidadãos, princípios defendidos também pelos socialismos utópicos franceses, f)Reformas Sociais e económicas, g) liberdade de imprensa h) reforma judicial que assegurasse as garantias individuais.
E neste manifesto nada fala-se do maior problema, que eram os seres humanos escravizados. A revolta que começou em Olinda contando com a participação efetiva das massas populares, ganhou a Zona da Mata e seus líderes resolveram invadir o Recife-PE, em fevereiro de 1849. Os primeiros combates de Recife foram favoráveis aos rebeldes, porém após a morte de Nunes Machados eles não conseguiram resistir as forças militares oficiais.
Derrotados na capital Pedro Ivo e Borges da Fonseca deslocaram a resistência par p interior. Ao  tentar atacar a Paraíba, Borges da Fonseca falece e Pedro Ivo usando táticas de guerrilhas continua na luta. Durante dois meses as guerrilhas de Pedro Ivo provocaram pesadas derrotas às tropas oficiais. O governo para dar fim  à resistência de Pedro Ivo, usou da estratagema de lhe oferecer anistia geral se ele se rendesse. Mas ao entregar-se Pedro Ivo foi traído e condenado a prisão junto com outros companheiros.
Pedro Ivo foge da prisão em embarcou para a Europa e morre de morte natural em viagem.
E neste contexto houve o fim da Revolução Praieira, encerra-se a fase das agitações, iniciada no período regencial o que facilitou a conciliação partidária e o tranquilo revezamento do partido Liberal e Conservador no comando do Rio de Janeiro. E assim em 1853 vai surgir o Ministério da conciliação.
Manoel Messias Pereira
professor de História, cronista e Poeta
membro da Academia de Letras do Brasil-São José do Rio Preto-SP e Uberaba-MG.
Brasil.


Comentários