A raiva como instrumento do escritore.
Eu lembro de um tempo em que mimeografávamos poemas que íamos ler no dia das mães. Acreditava que ao entregar uma rosa e uma poesia para as nossas mães elas sorriam tão contentes e felizes, que pareciam andorinhas que voavam em revoadas nas tardes rio-pretense.
Eramos jovens e tão ingênuos, e geralmente começávamos escrever ainda em criança. Eu meus primeiros escritos foram com oito anos. Antes apenas faziam fofocas num velho caderno escrito com lápis, até ser descoberto os meus escritos e eu precisei revelar tudo oque pensava da família. No momento pensei que iria apanhar, de tanta coisa que escrevi. Mas não todo mundo riu e eu senti-me confortável para continuar escrevendo. Somente mudei a forma. Não fiz mais fofoca, resolvi escrever em forma de poesia. Eu tenho um irmão que guardou um destes cadernos hoje já com mais de cinquenta anos guardados. Ele me mostrou outro dia, em que fui com ele até ao médico. Eu só pude rir.
Levei uns trabalho para um concurso de literatura de minha cidade na Delegacia de Cultura. Tinha uma besta velha, um senhor de de cabelos brancos e óculos, lá sentado, que deveria receber o envelope com a minha inscrição. Era o concurso de Arte da semana de arte juvenil. Ele ficou olhando para a minha cara de menino, negro, franzino e perguntou se eu escrevia. Eu afirmei que sim e que estava trazendo a minha obra devidamente envelopada conforme mandava o edital. O desgraçado rasgou o envelope começou a ler o meus escritos. E para a minha surpresa quase mandei ele tomar no cu..
Mas não, gritei indignado isto aqui não é a delegacia de cultura, e não é aqui que recebe essa tal inscrição para o concurso. E ele pediu desculpa e me entregou de volta o material escrito. E eu contrariado, pensei isto daqui é uma armadilha e quem ganha já deve estar acertado. Sai cuspindo nas paredes e desejando ver aquele velho feio no inferno.
É mas como disse uma vez o escritor Mafra Carmbonieri na revista escrita "A melhor raiva é aquela que se guarda. Uma das nossas funções é remoer coisas como essa, aproveitar a matéria numa entrevista ou num conto, passar a raiva para frente despertar outras. Temos que descartar a vasta crosta colonial que desfigura o rosto do nosso país.
E assim resolvi canalizar em produzir. E produzi em tudo que pude. Entrei em todos os concursos. e com um detalhe antigamente era tudo escrito à máquina de escrever datilografado. E eu tinha uma remington muito parecida com aquela que tinha na sala do ex Deputado Ulisses Guimarães, ou seja tudo de ferro pesada que a noite quando datilografa, a professora que morava na casa da frente, ficava enchendo o saco dizendo que havia um baralho que perturbava-a. E quando não chegava meia hora mais cedo no serviço e usava o expediente para escrever rapidamente meio poema. Até que descobriram e vieram me torrar a paciência. E muito antes quando não tinha máquina era um inferno você ia pedir para quem tinha a pessoa fazia cara feia, parecia um monstro. E isto também me dava raiva, mas seguia enfrente. Por dento eu xingava, mandando o cara pro inferno e sorrindo com uma cara de anjo.
E sem discutir tive poemas produzidos no hall do Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto de São José do Rio Preto, tivemos exposição de poema na Biblioteca Municipal Fernando Costa e nos vidros de lojas como a Tilibra que existia na Rua General Glicério. E nesta época era ainda um menino vale ressaltar.Depois comecei a publicar poemas toda a semana no jornal Correio da Araraquarense , onde conheci o amigo Vicente Serroni, quem primeiro publicou um poema na página social. E muitos daqueles primeiros textos, quem tem tudo guardado, plastificado é minha doce e inesquecível fã, e amiga Judite dos Santos hoje uma grande atleta e também sou fã dela.
Escrever era quase que uma obsessão até que em 1981, recebi um troféu na Câmara Municipal de segundo lugar de um concurso de Poesia Declamada e na verdade eu declamei oque escrevi. E Neste mesmo ano fui Destaque especial no concurso nacional de Poesia da revista Brasilia. Que era uma revista bem direitosa, se é que posso abusar desta minha lavra de poeta. Foi na época que comecei a organizar na cidade o Grêmio Literário "Letras Pulsantes", formado por um grupo de adolescentes colegiais . E assim podemos fazer aquele dia das mãe no Teatro Municipal. E para isto recebi na época uma Congratulação feita pelo vereador Professor Eduardo Nicolau.
Em 1982 lembro que fique como finalista no Concurso de Cronica Sergio Porto. Porém a chuva veio forte no Rio de Janeiro e levou todo o material do concurso, que estava na associação dos servidores Civis do Brasil. E como já sabia que tinha sido finalista recebi apenas um Diploma sobre isto. E achei bom.
E assim depois escrevi um texto outro, participamos de um livro de outro. De várias antologias e continuou atuante escrevendo e a raiva que deveria ter, foi como as águas do rio ganhou o mar, e eu que até hoje não aprendi a nadar fico contemplando o céu, com seu azul infinito, pensando no mar tão bonito com seus barulhos das ondas. E pensando porque estou no interior
. E o importante lembrar que nos últimos texto mimeografado, esqueci de tirar a folha de seda do meio do stencil. E xinguei a mim mesmo. Mas a raiva passou e eu continuei a escreve canalizando, o amor, o sentimento de paz, a ternura dos ventos, a amizade dos amigos e alegria da existência. Sou o escritor como ensinou-me Mafra Carbonieri.
Manoel Messias Pereira
professor, poeta,
São José do Rio Preto-SP.
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