Cronica - Preciso de um abraço - Manoel Messias Pereira


Eu preciso de um Abraço

Acredito que nós seres humanos teremos que restabelecer em nossa vidas os sentimentos de respeito mútuo entre nós, numa construção de valores, que abranja a uma ética humanística, espiritual, materialista e até religiosa .

E penso a vida, por essa ótica, porque assisto todos os dias os seres humanos em convulsão social em plena multidão, mas vivendo certamente em plena solidão. E assim todos trazem o frio no olhar, a distância um do outro, bem demarcada, pois todos têm o medo de se abraçar.

Todo o ser humano parece que vê o seu próximo como um escorpião, tal que a grandeza de desconfiança. Ou seja hoje acreditam que trair e algo natural. O jornalista britânico Matt Ridley, e que também é zoólogo, diz que os genes determinam o comportamento das pessoas, desde as características físicas até a personalidade e as aptidões, mas esses elementos em vários graus são influenciados pelo ambiente que altera a maneira como os genes são ativados.

A partir desde conceito temos que entender que trair não é algo natural, mas é possível uma mudança ética em que compartilhar sonhos, ternuras, risos, abraços, comer, beber e amar seja algo natural, sem cobranças de impostos, livres dos regimes econômicos e políticos.

Para abrir o caminho para essa ética social, que deva ser diferente da etiqueta social é preciso valorizar a espiritualidade. Na qual em cada olhar deva ser refletido o espirito do amor, o espirito do luar, e em cada flor o doce sentimento da palavra silêncio poeticamente. Quando a boca se cala, o olhar fala e a boca desabrocha num beijo. É preciso entender e aprender com a arte e a ciência, assim como com a política, são movidas por uma misteriosa força pela vida. E o amor é o princípio absoluto, o princípio divino dos metafísicos e o ponto de interrogação da Esfinge. É a alma Mater e a chave reveladora entre o homem  e o seu  Deus.

Mas é o amor que atrai os sexos e faz duas almas fundirem numa só. E no Velho Testamento encontramos o cântico 8:6-7 "Grava-me como um selo em teu coração, como um selo em teu abraço, pois o amor é forte como a morte. . . As águas torrentes jamais poderão apagar o amor nem os rios afogá-lo"

Já pensando na matéria, creio que necessitamos viver e para isto precisamos de comida, bebida, roupa nova, casa e amor. Num espaço em que possamos sonhar, ler, escrever, enfim como diz Caetano Veloso, na sua obra Cinema Transcendental "ser feliz, pois o importante é ser feliz e o melhor lugar é ser feliz".

E a chave do processo religioso é ter em cada ser humano a necessidade da busca de um pai, de uma mãe, de de uma natureza, de um mito, de um Deus, ou seja de um ser superior, que seja responsável pela arquitetura do mundo. Um ser que na sua infinita sabedoria seja democrático e permita-nos a livre interpretação do respirar. E assim possamos escolher o nosso destino, ou seja a ideologia, política e econômica, que vai mastigar, triturar e fazer de nós misérias e assim dizermos que as nossas guerras são traçadas e feitas na vida deste Criador.

E sob o signo da liberdade, vamos entender que a Estatua da Liberdade nos Estados Unidos da América é uma obra feita em pedra. Mas   é difícil tirarmos leite das pedras. Mas no Brasil afirmam que a água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Enquanto isto as pessoas passam por nós com o frio no olhar, sem nos dar bom dia, pois elas querem chorar e o velho Eric Hobsbawm não conta e não revisa a história. E diate disto eu como historiador choro um poema, como uma criança que quer mamar. Mas a realidade mostra que é preciso tirar o leite da pedra da liberdade e  esse é o amor que falta eticamente, no coletivo de nossas amarguras solitária. E confesso que, ainda hoje, eu preciso de um abraço.


Manoel Messias Pereira

poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP.



Comentários