Cronica - Mané do Bolo e do Bife- presente - Manoel Messias Pereira



O Mané do Bolo, e do Bife - Presente

Ontem dia 5 de fevereiro de 2020, faleceu o meu tio Manoel Charles, ele que nascera no dia 5 de janeiro de 1948 em São José do Rio Preto-SP, alí no bairro Vila Elvira.  Era um senhor negro, trabalhador sempre, que ia conquistando as pessoas com seu jeito alegre as vezes outras vezes estupido.

As minhas lembranças em relação ao meu tio, estão na infância, quando ele um dia chegou em casa, que ficava ali próximo de onde é Avenida Murchid Homsi, dizendo que não dava pra ir para casa pois era muito tarde. Pois bem neste di ele dormiu lá em casa. E logo pela manhã ele seguiu para a casa dele. Nesta época eu tinha uns 5 anos e ele uns 12 anos. Porém ele não foi para casa, pois estava com medo da minha avó bater nele por causa das tranquinagens. Porém a minha avó esteve lá em casa perguntando se ele estava lá. E minha mãe disse esteve a dois dias e depois foi embora.

A questão é que ele, a noite recolhia no carro do então vereador de São José do Rio Preto o senhor Silvio Calabresi, que também era o dono da Cometa Filmes e quem vendeu o terreno para que a minha avó construísse a casa, que ela morava lá no Jardim Vitória Régia.

E todo o dia ele levantava bem cedo e saia. Porém um dia e estava por certo muito cansado deitou e adormeceu mais do que devia. Dr. Silvio vendo o negrinho no carro, foi leva-lo até a minha avó. E aí ficou esclarecido porque aquilo estava acontecendo. A questão é que ele pegou para entregar o almoço do Sr. Alicio, que era um fiscal do setor da Previdência. Mas ele sentiu que na marmita que ia para aquele senhor havia um bife muito cheiroso. E ele não resistiu, sentou comeu o bife e entregou a marmita sem o referido bife. Mais tarde a senhora do Sr. Alicio pediu para ele levar um bolo. Ele não resistiu e comeu o bolo.

Devido a esses fatos, ele fugiu de casa e resolveu ficar na rua e não voltar mais para casa, com medo de uma repreenda por parte de minha avó. Oras a minha avó lógico que ficou uma fera, embora a família do senhor Alicio disse que não precisava bater. Mas que ele apanhou de chinelo, ah, não tenha dúvida.

E por causa deste fato ele passou a ser conhecido como o Mané do Bolo e o Mané do Bife. Outrossim é que em minha casa ou melhor na nossa família eramos em quatro Manoel, o irmão da minha avó paterna era Sr. Manoel de Souza o Manezinho, o irmão da minha avó materna o Manoel Pereira dos Anjos que chamávamos de Tio Né, e o Manoel Charles irmão de minha mãe que era o simples Mané, que carinhosamente chamávamos de Mané do Bolo e Mané do bife. e por fim  eu Manoel Messias Pereira, que sempre fui chamado de Manoel ou de Messias for de casa em casa para a minha mãe e meu pai ambos me chamavam carinhosamente de Zico. E pouca gente sabe. Hoje para completar a saga dos Manoel, temos a minha netinha Manoella Flor.

Eu em 1975 encontrei com esse fiscal Sr. Alicio lembrei desta história e demos boas gargalhadas.

O meu tio faleceu depois de passar um bom tempo no hospital, tinha problema de coração, diabete, os rins estavam parando e ele ainda me cais de uma escada. É a história de nossa família sempre me teve como um narrador, como alguém que nunca esquece algo bem alegre ou bem triste, que tenha acontecido. Meu tio embora não tivesse curso superior, era pedreiro foi entregador de jornal, foi técnico em enfermagem, trabalhou como servente numa instituição de menor e aposentou-se por uma trauma ocorrido no trabalho. E que os médicos atestaram que ele não tinham mais condições de trabalhar. Estava morando sozinho numa chácara, uma vez que o seu casamento havia acabado a esposa virou amiga, e  sozinho acabou adoecendo a ponto de no final da vida suas filhas acabaram tomando conta dele. 

Usei as redes sociais para anunciar a sua morte e muitos de meus parentes só tomaram consciência disto por essa rede social. É as famílias hoje tem dificuldade em compartilhar momentos que não seja conectado.

Creio que algum dia contarei outro fato interessante sobre a sua vida, sobre o seu trabalho e a sua existência como ser humano, negro de fato e de direito, como ser pensante, com ser filosófico, numa vida toda dedicada a um sonho. Até que chegou o dia do sonho eterno e ele partiu para seu assentamento final no Cemitério da Ressurreição em São José do Rio Preto, lá na Vila Ercília, passando por aquela avenida que chama saudade.


Manoel Messias  Pereira

professor e poeta
São José do Rio Preto-SP.

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