Cronica - Mandela na nobreza e na humildade do perdão - Manoel Messias Pereira



Mandela  na nobreza e na humildade do perdão

Em 9 de fevereiro 1994, tornou-se o primeiro presidente eleito e tendo a possibilidade do encerramento do processo de apartheid. Ele que no mesmo mês de fevereiro de 1990 deixava os portões da prisão que encarcerou-o por 27 anos. E a crítica que se faz é que ele chega ao poder e adota a estratégia da aliança que relegava um papel coadjuvante na politica sul-africana.Adotou uma politica de cuidados, numa orquestração de reconciliação nacional. 

E com isto deixando um setor da comunidade internacional e até mesmo de seu país, sem entender, pois muitas pessoas durante o regime de segregação foram mortos,foram humilhados. Ele não apagou a sua memória mas teve um papel religioso, usou-se do perdão acima do que os cristão esperavam, deixou as elas do apartheid virar local de visitação turística.Assim como a sua ex-mulher que dizia que os encontros com Mandela era encontros de amor. E ela só tinha o tempo para amá-lo, dizia que o amor resistiu mais de vinte anos de separação e de constante saudade. Viu-se diante de uma mudança. Erros que ao longo da vida dela fez com que ele na sua serenidade, separa-se. E por fim ele teve o amor da maturidade, com a ex-primeira dama de Moçambique a Sra. Graça Machel

Quando falo do  presidente Nelson Rolihlhla Mandela carinhosamente o Madiga eu lembro de um poema de Paulo Leminski :

"Senhor,
peço poderes sobre o sono,
esse sol em que me ponho
a sofrer meus ais ou menos,
sobra,
quem sabe,
dentro de um sonho."

Omulu e Abaluaye, os deuses africanos, na memória e na lida dos cultos afros brasileiros, mostra a face da vida, dizendo que todas as pessoas tem um princípio e um fim. É o deus da desintegração, Obá = Rei, Luaye = Céu e Terra. A deusa das formigas brancas, que adentra a terra torna a sair. Omulu é o deus ligado ao Sol, ao acaso, à Noite ao Dia, o princípio e ao fim. A morte é como o pôr dos sol, o crepúsculo dos poetas.

Historicamente a África do Sul, no processo da contemporaneidade é um país vítima da conexão imperialista, quando em 1814 a região passou formalmente para a Coroa Britânica, que entra em conflito com os negros e com os bôeres. Com o choque os bôeres imigram para o nordeste naquilo que chamamos de a grande jornada e em 1834 fundam o Transvaal o Estado livre de Orange, reconhecido como região independente na década de 1850. Mas as relações acirram-se entre holandeses e britânicos com a corrida do ouro que resulta na famosa Guerra dos Bôeres, vencidas pelos britânicos. E em 1910 forma-se a União da África do Sul, Estado fiel a coroa britânica. A minoria branca promulgam uma série de leis que consolidam o poder sobre a maioria negra e inicia-se um processo de segregação racial., com o native Land Act, e assim nesta divisão vimos dois terço da população negra ficar apenas com 7,5% das terras da África do Sul e a minoria branca com 92,5% da terras do território.

Em 1949 houve a proibição de casamentos mistos ou seja entre brancos e negros e a restrição entre ir e vir da população negra obrigado a postar passes especiais para circular nas cidades. E em 1950, a proibição de relações sexuais entre brancos e negros e a obrigatoriedade da definição de raças nos registros de nascimentos. E a proibição de partidos políticos  de oposição ao governo. E a criação de áreas especiais, 100%  habitadas por brancos, na qual negros so entravam pra trabalhar.

Em 1951, a Lei cria bantustões, chamados de homeland onde negros podiam residir e supostamente ter propriedade. Era a África branca controlando os bolsões de negros como se fossem nações separadas. E em 1953 houve a proibição dos mesmos locais por negros e brancos, como bebedouros, banheiros etc. Além do sistema de ensino especial para os negros com o claro objetivo de rebaixar a formação dos nativos. Em 1956 houve a aprovação de lei que regula a segregação profissional. Em 1958 os bantustões ganhava a independência mas os líderes era indicado pelo fascismo governamental.

Em 1953 Nelson Mandela escreveu que o caminho para a liberdade dos negros não era fácil. E em 1961 ele diz num artigo "A luta é minha vida". Acabou sendo preso em 1963, como subversivo poi afirmara "A África do Sul pertence a todos que nela vive".

Foi ele uma luz divina que pensou politicamente, o nacionalismo, o objetivo da Ação Política, a Política Econômica, além de pensar outros seguimentos como a questão da Terra, da Industria, Comércio, e a cooperação na politica Educacional e Cultural.

Para o jornal New York Times "foi o prisioneiro herói combatente das causas revolucionárias". Portanto a mais importante figura histórica da África do Sul do Século XX.

No dia 18 de julho de 1918, dia do Nascimento do menino Nelson Rolihlahla Mandela, parodiando Paulo Leminski "foi o escombro o voo das pombas sobre as próprias sombras" Não nascia um homem, mas um herói um ser predestinado.  Nelson Mandela é Doutor Honoris  Causas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, por sua luta contra o Apartheid.

A poetisa brasileira Ana Bailune, uma das grandes personalidade literária  de nossa literatura deixou em 14 de outubro de 2013, a sua expressão em relação dizendo que ele foi um avatar um dos maiores homens que já pisou o planeta.

Aprendi a respeitá-lo quando participei em São José do Rio Preto-SP, do Projeto Amndala, em que recolhíamos assinatura para a sua soltura. Era os idos de 1982, e muita gente que conversava nem fazia ideia de quem era Nelson Mandela. alguns até dizia se está preso não é gente boa. Outros dizia é um comunista. Quando apenas reservou-se ser, um líder anti-apartheid, que acreditava numa África do Sul com a possibilidade de convivência pacífica entre negros e brancos. E talvez até reconheceu que o regime de segregação impôs perdas irreparáveis de vidas, de comportamento, de pilhagem social e econômico. Mas ele talvez entendeu que as transformações deveria ser assentada em outros momentos talvez sem a figura física dele, porém seu legado foi deixar um patrimônio politico e moral, para que as futuras gerações, que  possam estudá-lo e entender na nobreza e na humildade do perdão e foi isto que ele deixou explícito.


Manoel Messias Pereira
cronista
poeta, professor de história e ativista social



São José do Rio Preto-SP. Brasil


Um canto para o herói

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