Dia de Iyemonjá
Hoje dia 2 de fevereiro o Dia de Iyemonjá, como é popularmente conhecida a deusa das águas e a rainha do mar. Cujo a grande cerimônia é feito em Salvado-BA.
A Festa de Iyemonjá tem início dos festejos no dia 1 de fevereiro, portanto esse ano começou no sábado que segundo consta pelo livro de Fernando Portugal "Curso de Cultura Religiosa Afro Brasileira", é o dia propício para o culto a Deusa do mar. E no dia de ontem sábado foi aberto com o caramanchão montado ao lado da colonia dos pescadores.
Hoje pela manhã a partir das 5 horas acontece a alvorada de fogos artifícios para marcar a chegada dos presentes. O presente principal será mantido em segredo pelos pescadores, ao rio Vermelho.
Na madrugada houve a celebração a Oxun, orixá das águas doces e a partir 2.30 no Dique do Tororó.
No rio Vermelho temos a processão para a entrega dos presentes que acontecerá as 15:30 horas quando são 500 balaios e será efetuadas as oferendas. E o encerramento oficial está marcado para as 18 horas. Mas a festa continuará com ouras atrações.
A história desta celebração baiana teve início em 1923 quando os pescadores resolveram oferecer presente as mães d'aguas, pois nesta época os peixes estavam escassos no mar. Desde então todos os anos os pescadores pediam para Iyemonjá, lhes trazer fartura de peixe e um mar calmo.
Quando a tradição lendária sobre Iyemonjá, Fernando Portugal explica é a Deusa da desembocadura dos rios, encontro das águas do rio com as do mar. Yeye (mãezenha) OMON (filho, filha) EJA (Peixe).E que aparece sobre várias personalidades a mais antiga é Iya Sagbá, que quer dizer a mãe que passeia sobre as ondas, Iyá Ogunto no Brasil, Ogunté, Iya Susure, Aynu, Iyá ru, Kaia(Angola, Iyá Sesu, Iyá Masemale.
No livro de Gisele Omindarewa Cossard "Awo Mistério dos Orixás", ela explica que Iyá Ogunto, é a luta nas estradas ao lado de Ogun. Éa feiticeira conhecedora de Afoxé. Carrega Abebe e alfange, ligada ao verde transparente das pedras, nos arrecifes na beira do mar. Já Iyá Sagba é a velha manca que vive nas espumas das conchas, ligada a cor branca foi a esposa de Orumila, e teve um filho Agê. Carrega Abebe. Iya Sesu é das águas profundas, ligado ao azul cor de anil, carrega alfange e abebê, além disto ela vai ainda expor outras Iyá Camaró avelha rabugenta vive na gruta do mar, Iyá assami vive na beira d'agua e não como camarão, e tem também a Iyá Agriborá mais conhecida entre nós cultuada no Opô Afonjá era o orixá de Mãe Oba de Biyi, Mãe Aninha, Ela era da Nação Grunsi, popular de origem yorubá que imigrou para Gana. É um orixá misterioso que não gosta nem de barulho de de luz.
Iyemonja é considerada mãe de todos os Orixás, com seus amores com Oxalá nasceram, diz Exu, Ogun e Odé cm Oraniã nasceram Ajaká Xangô, Egun. Ela teve também uma ligação com Oxumaré, assim o arco-íris atinge o céu e desce até o mar. Yemonja teve ainda um romance tumultuado com Okerê rei de Shaki perto de Abeokutá não se sabe se tiveram filhos. Neste tempo Iyemonjá ja tinha dez filhos e seus seios eram muitos compridos ela aceitou viver com ele na condição de nunca aludisse esse defeito. Mas um dia ele se embebedou e rompeu o acordo na disputa ela conseguiu fugir mas caiu no chão saíram um rio de seu seio e ela foi flutuando. Okerê com raiva transformou-se num morro para barrar -lhe o caminho. A água ia passar pela esquerda o morro também, a água ia para a direita e o mesmo também Iyemonjá ficou desesperada e seu filho Xangô vendo, sua aflição, mandou um relâmpago que cortou o morro em dois. A água fluiu até o mar onde Iyemonjá desapareceu.
Em Nina Rodrigues, vamos encontrar que do consórcio de Obatalá, O Céu com Odudua, a terra nasceram dois filhos, Aganju, a terra firme e Iyemonjá as águas. Desposando seu irmão Aganju, Iyemonjá deu a luz a Orugan, o ar, as alturas, o espaço entre a terra e o céu. Orugan concebe incestuoso amor por sua mãe e, aproveitando a ausência paterna, raptou-a e a violou. Aflita e entregue a violento desespero, Iyemonjá desprende -se dos braços do filho, foge alucinada, desprezando as infames propostas de continuação às ocultas daquele amor criminoso. Persegue orugan mas prestes a deitar-lhe a mão, cai morta Iyemonjá. desmensuradamente cresce-lhe o corpo e dos seios monstruosos nascem dois rios que adiante reuném, constituindo uma lagoa e do ventre enorme que se rompe, nascem: Dadá, deusa ou orixá dos vegetais, Xangô, deus do trovão, Ogun, deus do ferro e da guerra, Olokun, deus do mar, Oloxá deusa dos lagos Oyá deusa do rio Niger, Oxun deusa do rio Oxun, Obá, deusa do rio Obá, oko, orixá da agricultura, Oxóssi deus dos caçadores, Oke deus das montanhas, Ajé-Xalajá deus da saúde, Xapanã deus da varíola, Orun o Sol, Oxu a lua.
Gisele Omidarewa Cossard mostra que a imagem da Iyemonjá africana, sustentando seus seios abundante, com o ventre pleno da maternidade, superpõe-se ao mito da sereia, nem mulher, nem peixe que se parece com a Mami Wata da costa do Golfo da Guiné, talvez mais feminina do que a primeira e qu atrai seus amantes para o fundo do mar. As duas se fundem nas praias de Salvador , rio Vermelho e Itapuã.
E geralmente quando vejo que escreveu Gisele Cossard, lembro do canto de Dorival Caymme que entoava como era doce morrer no mar, ou ovindo o canto da sereia. E isto remete-me ao romance mar morto de Jorge Amado que fala de Guma e do sofrimento de Livia, que fica numa angustia esperando a sua volta e rezando para Iyemonja, ao mesmo tempo ouvindo os gritos de amor da vizinha e aumentando ainda mais a saudade. Mas no livro de Gisele ela descreve "Ala kan se oxó A que se enfeita sem ajuda" Iyemojá não é um mulher doce, tem até mesmo um aspecto viril: e o bicho que lhe oferece é um carneiro.
A comida para Iyemonja, é ebo, corr azeite doce ou mel, arroz, lele akasa. E come-se cabra, galinha, pata, konkén brancos. Suas cores é azul claro, branco e azul. E sua saudação é odoya que significa Odo é rio yá ou significa mãe, Mãe do rio. Ah quanto o sincretismo na verdade seguindo o antropólogo Roger Bastide ele afirma ser uma justa posição, ai temos a ideia de Nossa Senhora, ou de uma Iyemonjá branca. Coisa que entendo perfeitamente. Outra saudação a divindade que temos é Odófé Ayagbà (amada Senhora do Rio).
Manoel Messias Pereira
professor de história
cronista e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
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