Neste dia 3 de janeiro de 2020, comemoramos os 122 anos de nascimento de Luis Carlos Prestes, ele que nasceu em Porto Alegre em 3 de janeiro de 1898 e acabou falecendo em 7 de março de 1990, cuja a vida e história remete-nos, a historiografia do marxismo-leninismo, do Partido Comunista Brasileiro -PCB o Partidão, ao tenentismo no Brasil, a história da Aliança Nacional Libertadora -ANL, a luta dos comunista contra o fascismo no mundo, as perseguições políticas do estado capitalista contra os comunistas alicerçados pelo processo de Guerra Fria do pós Segundo Guerra Mundial. A sua vida, foi cantada em versos em prosa em trabalhos cinematográficos. E escrever sobre essa figura importante de nossa história não podemos deixar de lembrar da tomada de consciência política dos jovens oficiais brasileiros em relação ao sofrimento da população vítima da oligarquia cafeeira. E nisto temos as revoltas dos Tenentes.
E pra falar do Tenentismo sabemos que esse movimento surge movido pelo descontentamento generalizado com as apodrecidas e corruptas instituições da República Oligárquica, na qual os tenentes iniciam um processo de luta armada para derrubar as oligarquias e talvez assumir o poder político, num erro pois faltava uma definição ideológica para o movimento. Ou seja somente havia um sentimento de que algo estava errado. E diante de tantos problemas apresentados na jovem república brasileira, os tenentes se apresentavam sem um programa doutrinário que pudesse nortear a luta, apena uma confusa ideologia de salvação nacional e elitista diga-se de passagem. Além do mais a jovem oficialidade indispunha com a alta oficialidade.
E cabe a nós examinarmos o Brasil da época, era um país que em 1919 teve uma eleição especialmente convocada devido a morte antes da posse o presidente Rodrigues Alves. sendo eleito pela segunda vez Epitácio Pessoa, que assume a presidência num momento de euforia e no crescimento econômica e da prosperidade dos negócios devido à caos causado na economia do mundo com a Primeira Grande Guerra Mundial, o primeiro grande conflito imperialista que se deu envolvendo os países desenvolvidos industriais. Mas a euforia desaparece quando cai as exportações gerando constantes déficits orçamentários e pânico na burguesia cafeeira devido a queda do preço do café. E nós vamos observar o governo da época recorrer a empréstimos de 9 milhões de libra esterlina inicialmente, com os quais comprou parte dos estoques de café dos cafeeiros e a reteve nos portos de embarque. com essa operação evitava o excesso de oferta e a queda de preço. Além deste empréstimo também Epitácio vai conseguir mais 75 milhões de dólares dos estados Unidos da América, das quais usou-se 50 milhões para obras no Nordeste, outros 25 milhões na estrada de ferro Central do Brasil e melhoramento ferroviário. E assim cresceu a oposição a Epitácio Pessoa, houve um descontentamento dos grandes estados, dos industriais ao descontentamento dos militares que também pediam aumento de salários, enquanto que um inflação tomava o Brasil. A classe trabalhadora iam para as greves refletindo uma política salarial do governo não satisfatória. e com isto o que tivemos foi as chamadas Reação Republicana e a revolta do Forte de Copacabana.
E nisto a história do Brasil apresenta-se uma campanha eleitoral recrudescia, pois Epitácio Pessoa apresentou a candidatura de do mineiro Arthur Bernardes, contra a candidatura do ex-presidente Nilo Peçanha dano início ao movimento que ficou conhecido como reação republicana, e nisto tínhamos amostra de uma dissidência oligárquica numa dimensão ainda não vista anteriormente. E é neste contexto que abre a possibilidade de uma contestação militar. e a campanha torna -se violenta após uma carta falsa publicada no jornal Correio da Manhã, tecendo injurias contra o exército e em especial ao marechal Hermes da Fonseca. Arthur Bernardes foi acusado pela oposição de ser o autor da carta e depois disso surgiu uma outra carta essa decisão partiu do Club Militares. Porém a máquina governamental trabalhou a candidatura de Arthur Bernardes que foi eleito. Em Pernambuco explodiu a luta armada e o clube dos militares foi fechado e Hermes foi preso. e dois dias depois deste episódio em 5 de julho de 1922 aparece a Primeira Revolução Tenentista, a Revolta do Forte de Copacabana. pelo capitão Euclides da Fonseca filho do Marechal Hermes. Apesar do apoio das guarnições militares do forte da Vigia, da vila Militar, da Escola Militar do realengo do 1.Batalhão de engenharia a revolta fracassou. O Forte onde os tenentes estavam concentrados foi cercado por terra e mar e alguns tenentes foram presos. E de todos os tenentes os únicos que sobreviveram foram Siqueira Campos e Eduardo Gomes, este episódio ficou conhecido como Os dezoito do Forte.
Arthur Bernardes nisto teve um governo em estado de sítio. Resolveu ampliar o poder do estado Central, foi bastante repressivo, censurou a imprensa, manteve um forte movimento de repressão a classe trabalhadora. e neste contexto que novamente em 5 de julho de 1924 no segundo aniversario da Revolta de Copacabana, diversas unidades militares de São Paulo sublevaram sob a chefia do general Isidora Dias Lopes, adepto dos ideais tenentistas. e assim os tenentes paulistas desejavam a realização de reformas político -eleitorais, eleição de uma Assembléia Constituinte e voto secreto. Pensaram após um longo planejamento que os rebeldes deviam tomar a capital de são Paulo, destituir o governador na época chamado de presidente, neutralizando as tropas fieis ao governo paulista, numa grande indefinição, viram o presidente do governo paulista Carlos de Campos dia 8 de julho abandonar a cidade seguido pela tropas na madrugada do dia 9 de julho. São Paulo foi sitiada pelas tropas legalistas, que já havia dominado os pontos estratégicos do interior. A cidade sofreu intenso bombardeio das tropas legalistas, a população civil entrou em pânico e sem uma resistência eficaz os rebeldes abandonaram a cidade, formaram a Coluna Paulista e continuaram lutando pelo interior até 1925, quando encontraram no Paraná os rebeldes gaúchos liderados por Luis Carlos Prestes e deste encontro nasceu a coluna Prestes.
essa Coluna significou o ápice do Movimento tenentista, o ponto culminante da luta da jovem oficialidade do exercito brasileiro. era comandada pelo general Miguel Costa, estando a chefia de seu Estado Maior nas mãos do coronel Luis Carlos Prestes. E durante todo o tempo de sua duração a Coluna enfrentou sem perder uma batalha sequer, tropas regulares do Exército, milícias estaduais, e grupos armados de jagunços e cangaceiros a serviços dos coronéis, que como donos de latifúndios temiam a vitória dos rebeldes.
A Coluna Prestes tinham uma visão mais profunda da realidade brasileira, dos problemas da terra e das gentes com quem mantinham contatos na sua longa caminhada pelo sertão. Foram 25.000 km percorridos de Sul a Norte com a tarefa de conscientizar a população de esclarecer, sobre as instituições oligárquicas que estavam instaladas para massacrar os trabalhadores. Porém essa tarefa árdua não foi concretizada. e Luis Carlos Prestes e seus homens conseguiram conscientizar as massas interioranas que de princípio pareceram ficar apáticas à luta da Coluna.
E em fevereiro de de 1927 num grupo de seiscentos homens sem condições de prosseguir a luta, consciente das dificuldades de continuar a lutar sem munições e sem armas refugiam-se todos na Bolívia e ai, encerra-se a coluna Prestes.
Caio Prado Junior afirma que no estrangeiro, os exilados da coluna Prestes, conservavam intacto o ideal revolucionário e dentro do país, em grande parte devido a sua ação e a seu exemplo, a agitação continuava a fermentar surdamente, o que demonstram que Luis Carlos Prestes teve o seu intento reconhecido ele que foi para o exílio.
Luis Carlos Prestes e os ideais Comunistas
Em 1927 consta que Astrogildo Pereira, secretário geral do Partido Comunista Brasileiro, procurou Luis Carlos Prestes e propôs a formulação de uma aliança entre os proletários revolucionários sob a influência do PCB e as massas populares, mas Prestes não aceitou. E a esse respeito observamos que no livro de John Foster Dulles, que ao meu ver era agente da Cia no Brasil há um trecho escrito desta forma "Assim em 1927, Astrogildo Pereira do PCB, foi a Bolívia para fornecer literatura comunista ao exilado Luis Carlos Prestes, jovem herói militar da oposição aos governos anteriores ao de Vargas".
Em 1930 na Argentina é que Prestes tem contato com a literatura marxista leninista. E há neste mesmo livro a informação de que o PCB criticava prestes, mas o Comintern, mostrava interesse por ele, e por isto Luis Carlos Prestes foi para a União Soviética e lá trabalhou como engenheiro oportunidade que teve de dedicar mais aos estudos marxistas -leninistas e por meio da Internacional Comunista o PCB vem a ser admitido no PCB em 1934.Numa época em que a gestação do fascismo era grande e era necessário conter essa ideologia de extrema direita.
No Brasil liderou a constituição do movimento da Aliança Nacional Libertadora a ANL, que congregou democratas brasileiros, socialistas e também os comunistas, e há quem afirme que havia orientação de Moscou.Porém o que observamos é que esse movimento buscava fortalecer o capitalismo nacional frente ao capitalismo internacional, um erro clássico, pois o capitalismo parte de um movimento internacional e evidente que isto não daria certo. Em julho de 1935 surgiu o Manifesto da ANL que dizia todo o poder a ANL. e em 1936 Luis Carlos prestes é preso e perde a patente do Exército a sua esposa Olga Benário é enviada para a Alemanha Nazista e no filme "Olga feita a partir do livro de Fernando de Morais ela vai morrer na câmera de gás.
Com o fim do Estado Novo Prestes foi anistiado e elegeu-se Senador pelo distrito Federal em fica de 1946 a 1948. Assumiu a Secretaria do Partido Comunista Brasileiro que teve o seu registro cassado. e novamente Luis Carlos Prestes voltava para a clandestinidade. Porém neste dois anos Prestes liderou a bancada comunista no Congresso Nacional com 14 deputados entre os quais nomes como Jorge Amado, Carlos Marighella, João Amazonas e Claudino Silva, o único constituinte negro, e que na época da Frente Negra foi presidente da frente mineira.
Em 1950 conheceu Maria que recebeu o nome de Maria Prestes, que já tinha dois filhos o Pedro e o Paulo. Tinha dois filhos antes e com Prestes teve mais oito e conviveu com ele por quarenta anos. Sendo Luis Carlos Prestes trinta e quatro anos mais velho que ela.
Em 1958 Luis Carlos Prestes teve a sua prisão decretado e revogada por mandato judicial. E durante a ditadura seus direitos foram novamente revogados, por meio do AI-1. Conseuiu fugir daqui. Teve sua casa revistada em que foi encontrado cadernos de anotações que devo base a inquerito e processo que condenou Giocondo Dias. Luis Carlos Prestes exilou-se na URSS e lá ficou até 1979. Rompe com os comunistas do Brasil em 1980. Sua volta ao Brasil durante o período eleitoral acabou apoiando Leonel Brizola.
Prestes em prosa e versos
Nas artes Jorge Amado ao escrever o livro O cavaleiro da Esperança lançado em 1944 faz em homenagem a Prestes. Pablo Neruda dedica-o um poema que fala do comício no Pacaembu, o cantor Taiguara escreve a canção "O cavaleiro da Esperança", no Cinema em 1987 João Batista de Andrade, retrata-o no filme o Pais dos Tenentes, na novela Kananga- do Japão de 1989 Cassiano Ricardo interpreta -o, em 1998 no centenário de Luis Carlos Prestes a escola de Samba Grande Rio presta a homenagem com o Samba enredo. Outro filme é o Velho, Anita Leocárdia sua filha fruto do amor com Olga Benário também elabora a sua biografia numa análise histórica profunda, Nelson Werneck Sodré também escreve sobre a Coluna Prestes, Assim como Denis de Moraes e Francisco Viana escreve Preste Preste lutas e autocríticas. E Oscar Nyemeir faz o Memorial Luis Carlos Prestes.
A importância das obras, a importância da figura histórica, é a resposta necessária de um núcleo de pessoas que pensa o Brasil, na busca de um país igualitário, justo, democrático, solidário e fraterno em que seres humanos de boa vontade possam ter os problemas sociais resolvido a luz da consciência coletiva. E por isto ainda continuam juntos na luta contra-corrente majoritária desta elite corrupta que permanece nos poderes políticos. Infelizmente.
A esperança é um Brasil em que vença o Poder Popular.
Manoel Messias Pereira
professor, cronista e poeta
A esperança é um Brasil em que vença o Poder Popular.
Manoel Messias Pereira
professor, cronista e poeta
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