Minha antropologia rio-pretense
As crianças começavam a vida na espontaneidade do encontro, seja na creche, no parquinho, no campinho próximo de casa. É nesse momento em que surge, as primeiras amizades, os primeiros desafetos. Elas vão desenvolvendo brincadeiras corporais, como mãe da rua, rico-trico, pega-pega, salva-pega, as meninas gostam de fazer o exercício da bicicleta, os meninos jogam bolinha de gude, bafo de figurinha, surgem brinquedos como o pião, o papagaio ou pipa, alguns dizem arraias coisas bem divertidas e que possibilitou-me crescer com qualidade e respeito as tradições de meu bairro.
A noite não tinha energia, mas nós corríamos sob a luz do luar e divertíamos enfrentando o perigo do mato, das plantações de mandioca, locais em que arrancávamos alguns pés, e outras vezes íamos e retirávamos batatas para assar na fogueira a noite. Era o momento de falarmos do que fizemos no dia e até mesmo, contar histórias de assombração. Depois que íamos para a casa tomar banho jantar e descansar.
Era assim quase toda a rotina do bairro da vila Elvira, do Vila Doria. A cidade de São José do Rio Preto-SP, apresentava-se pequena, com aproximadamente 130.000 habitantes. A pobreza era algo que doía, principalmente quando sabíamos que do outro lado tinham pessoas do comercio, que lutava para seus lucros, tinham pessoas que possuíam carros e não era todo mundo que tinha. E a maioria da população andava a pé.
A cidade de São José do Rio Preto-SP. confesso que não tinha, transporte coletivo em todos os bairros e no meu era assim pois as ruas eram esburacadas, não tinham energia elétrica. E recordo que chegou a luz aproximadamente em 1963, lá no morro pelado, como chamávamos o bairro Vila Dório. Na Vila Elvira, nem pensar em luz somente chegou mais tarde alguns anos depois. O transporte coletivo foi somente nos inicio dos anos 70.
No ano passado de 2019 no carnaval uma escola de Samba, chamado Império estrou na passarela ao lado da Swift e o tema trouxe a figura de Daniel firmino que é um pintor de arte naif, que nasceu no bairro. Essas escola de Samba adora ter nome hoje e império ou de acadêmico e gostaria de pensar nisto, pois Império lembra o período da monarquia. Em que no Brasil, cultuou-se o processo escravocrata, credo. Quanto a ideia de Acadêmico, pra entrar no mundo das letras e das universidade é um sufoco. Precisou ter a discriminação positiva e até hoje essa desgraça ainda dá esses debates políticos sem pé sem cabeça. Com esses merdas que mal sabem que governar é dirigir, ter o mando para o povo. Mas eles dirige para o capital e crêm que deva dar linha são quem tem capital. É neste sistema todos precisaria ser capitalista, empregados está no córrego sem eira e nem beira.
Eu creio que faltou muitos elementos históricos e antropológico para ser incorporado no tema, da Escola de Samba, assim como faltou um trabalho melhor em relação a composição do samba deveria ter um concurso interno de letras e do balanço que deveria estar na avenida. Mas isto é talvez sonhar por demais. Ou melhor faltou a crítica contundente. Pois a arte sem a crítica, sem causar, não serve pra nada.
As crianças com o tempo cresceu. E a espontaneidade corporal deixou de existir. Pode ser que alguns até quer continuar brincando. Só que a brincadeira passou a soar com rispidez, com violência, com crimes. E assim a gente crê que o mundo mudou. É a cidade também cresceu. Aquela rivalidade boba da população daqui, deixou de existir. E o que vemos é que hoje a na realidade é o extrato da lei do mercado. E como a maioria continua empregados ou desempregados estão fora do contexto, pois temos na realidade é a grande luta de classe.
E muitos trabalhadores assimilam que são patrões ou que são empreendedores. Coitados, mas não são nada. Muitos creem que devam dar golpes nas mulheres, outros quer dar golpes nos amigos. O mundo tornou-se da malicia. E por isto diante desta coisa esdruxula da vida, alguns desejam morrer e buscam o suicídio e existe até campanha na saúde sobre isto, ou outros entrega-se a bebidas as drogas. E há aqueles que somente assistem tudo, andam para lá e para cá com uma bíblia na mão pregando, falando um monte de asneira. Ou então procuram remédios para suas frustrações sociais, mas não encontra nada.
A politica também muda, e esse país que é um misto de neoliberalismo com autoritarismo, nazismo. estupidez de todos os lados, e acredita que a figura de Karl Marx ronda as estações todos os dias sem nunca no entanto ter os comunistas de verdades ocupados cargos públicos. É mas eles acreditam nesta fantasia de um fantasma comunista. E nem tem vergonha de mostrar a sua ignorância, chamaram até o Lula de comunista, talvez com a barba parecida de com a de Marx. E assim mostra a cara da elite, estupida, que vão cercando-se de condomínios e deixando a outra cidade aqui de fora a merce do olhar de Deus.
E Deus que a todo o momento tem gente duvidando dele pois ele permite a desigualdade, a desgraça,a miséria, a organização de vírus em laboratórios a patentes dos vírus e dos remédios, da fabricação dos venenos que mata, que cria câncer, que faz famílias vítimas. e isto tudo porque ele é bom. e todo o ano vai surgir novos vírus. a cura nunca vai existir definitivamente o remédio que cura também mata. E a morte essa é parte da natureza.
Enquanto isto os testemunhas de Jeová pregam que o homem vai viver eternamente, e que esse mundo é do demônio que estão por trás destes governos. Que tens homens evangélicos de ternos cinzas, também tem governantes com os mesmos ternos falando em nome de Deus, ou militares no poder, desgraçando o povo e deixando para essas igrejas pentecostais explorar os desgraçados, vender vassouras, lencinhos, água benta e até a danmare est sacris.
O que posso entender é que nós seres humanos precisamos romper com isto, pois devemos respeitar sim as instituições científicas, jurídicas.culturais, educacionais, politicas a partir de um ponto de vista que pode ser de uma maioria organizada, em grupos de reflexões, com um poder gnoscologico, que precisamos saber que o tal Deus é um espirito. E se há o reino do Céu como dizia Jesus Cristo. Eu confesso que nunca vi isto. O meu contexto é o reino do inferno como é viver aqui na terra vou lutando para apagar esse fogo figurativamente numa linguagem, que arde em que repudio toda sacanagem, a marcutáia, a corrupção a escravidão de homens e mulheres, a traições , a prostituições os roubos as pilhagens. Mas se o Criador fez os homens a sua semelhança, fucking infernum.
Por isso é necessário repensar sempre a história que vai desfilar na avenida. Minhas lembranças continuam vivas e queimando as minhas memórias. Quase incinerando-me por dentro.
Manoel Messias Pereira
professor, cronista e poeta
São José do Rio Preto-SP
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