Ao camarada Mario Alves de Souza Vieira - presente
Era o dia 16 de janeiro de 1970 no Rio de Janeiro, que Mario Alves de Souza Vieira, que pertenceu aos quadros do partido Comunista Brasileiro- PCB e estava militando no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário-PCBR, simplesmente foi sequestrado, por agentes de segurança do Estado Brasileiro.
Mario Alves, um baiano nascido em Sento Sé na Bahia, no dia 14 de junho de 1923, ingressando no Partido Comunista Brasileiro-PCB, com quinze anos, portanto no quadro da juventude do partido na ditadura do Estado Novo. Era um grande estudioso do marxismo-leninismo, um militante das causas estudantis e atuou fortemente na luta anti-fascismo. Num movimento que acreditava e desejava que o Brasil lutassem ao lado das forças aliadas. Contra os nazistas e fascistas.
Com a vitória que o povo e o Exercito Vermelho da URSS conseguiu sobre Hitler e o Exercito alemão, houve um fortalecimento dos comunistas no Brasil e no mundo. O Partido foi para legalidade e Mario Alves eleito para o Comitê estadual do Partido.
Pouco depois o governo brasileiro do General Eurico Gaspar Dutra, vai impor a ilegalidade do Partido comunista Brasileiro, com duras repressão aos comunistas. E Mario Alves deixa a Bahia e vem para o Rio de Janeiro. Casado com a sra. Dilma Borges transfere-se para São Paulo e trabalhou na Revista Problemas. Em 1957 foi eleito para o comitê Central do Partido. Fez duas viagens uma para a União Soviética para participar de um curso de marxismo-leninismo e uma para a China. Ele assumiu a direção no Brasil do Jornal Os Novos Rumos, que era um órgão do Partido Comunista.
Mario era um poliglota e falava vários idiomas, e no período de clandestinidade trabalhava como tradutor. Uma das contradições filosófica que ele travou no partido, no principio dos anos 60, foi a defesa da aliança entre operários e camponeses divergindo um pouco da ideia que o partidão tinha sobre o fortalecimento da burguesia nacional. Evidente que o partido estava equivocado naquela conjuntura politica econômica que estávamos vivendo. Porém veio a ditadura civil e militar de 1964 e ele acabou sendo preso. Sendo libertado por um habbeas corpus em 1965.
A questão da divergencia entre a linha do partido e sua outra visão de mundo permitiram que ele Maria Alves juntamente com Apolônio de Carvalho e Jacob Gorender, fossem fundar o PCBR. E assim como Carlos Marighella, vão defender a luta armada, a luta de guerrilhas e atos contra a ditadura Civil e Militar que estava instalada no Brasil.
E nestas condições que exatamente no dia 16 de janeiro ao sair de casa do bairro Abolição no suburbio carioca é preso, e levado para o quartel da Policia do exército, na Rua Barão de Mesquita na Tijuca. ali foi barbaramente torturado, espancado, empalado por um cassetete dentado, tendo o corpo esfolado por uma escova de arame, por recusar a não dar maiores informações de seus amigos. Sua esposa sem saber onde estava o seu marido foi questionar o exercito e acabou sendo juntamente com a sua filha de caluniar o exercito sem prova.
Em 2013 o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro denunciou cinco ex-agentes da ditadura pelo sequestro,tortura e morte de Mario Vieira . E segundo os procuradores Antonio Cabral e Luiz Lessa foi preso ilegalmente assim como torturado. Foram denunciados Mario Valle Correia Lima, Luiz Thimótheo de Lima, Roberto Augusto de Matos Duque Estrada, Dulene Aleixo Garcez dos Reis e Valter Costa Jacarandá. O crime continua em curso, pois até o momento o corpo do jornalista não foi apresentado. E o relato que temos das condições sofrida por Mario Alves foram confissões de outros presos além dos levantamentos feitos pela Comissão da verdade.
A procuradoria pediu uma indenização para a Família de Mario por meio de sua filha disse sentir -se aliviada após a denúncia e esperançosa.
Mario Alves de Souza Vieira foi uma vítima como tantas outras que o atual governo brasileiro tenta esconder. Pois em documento a Organização das Nações Unidas-ONU, o governo brasileiro que está de passagem no cargo desde 2019, nega o período de chumbo desde o golpe que derrubou João Goulart em 1964, que permitiu os Estados Unidos estabelecer por aqui as suas operações Broter Sam, Operação Condor e Operação Bandeirantes, e que durou até 1985, inclusive a atitude do atual presidente contraria a Convenção Internacional de Proteção de pessoas desaparecidas que o Brasil aderiu e ratificou em 2007, tendo inclusive sancionado uma lei para tanto em 2016. E isto é extremamente triste.
Manoel Messias Pereira
professor de história, poeta e cronista
São Jose do Rio Preto-SP. Brasil
Manoel Messias Pereira
professor de história, poeta e cronista
São Jose do Rio Preto-SP. Brasil
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