Prosa - Oitenta e dois anos sem Maurice Ravel - Manoel Messias Pereira



Hoje 28 de dezembro de 2019, completa os 82 anos do falecimento de Maurice Ravel, compositor, pianista francês, seu féretro foi em consequência de uma doença cerebral orgânica conhecida como PID agravada por um acidente de taxi ocorrido em 1932. E durante o período que precedeu a sua morte perdeu a capacidade  de compor devido as lesões cerebrais, embora a sua inteligencia mantivesse intacta o seu corpo já não respondia adequadamente devido aos problemas motores.

O importante é que neste ano tive a felicidade de participar da Unati-Unidade da Terceira Idade do Ibilce/ Unesp e nas aulas de francês, e pude retomar as minhas lembranças de infância, mas também das aulas de dança do Grupo Tie Terra, que participei sendo o presidente e ator e bailarino do grupo. A lembrança da infância foi que tive contato com a língua francesa na escola, nas primeiras séries do ginasial, tendo sido alunos do professor Geraldo Marini (falecido), tendo sido avisada por uma amiga de escola nos idos de 1969/1970, e que também reencontramos na Unati, além de Dona Celinha Vetorazzo e Sr.Professor  Daniel Inocentini. Já na vida adulta, com o grupo de expressão corporal e teatro, dirigido pela Fátima Carozzi, vale lembrá-la da formação inicial dela era a dança, e com isto ouvíamos e criávamos passos para o espetáculo que intitulamos na época de "Os homens do Século XX", com isto chegamos a ouvir a música de Mairice Ravel principalmente o "Bolero".

As duas principais composições de Maurice Ravel são "Espagnole e o Bolero" , Porém sabemos que a obra francesa  mais executada e mais conhecida no mundo é o Bolero. Essa composição que foi feita sob a encomenda de Ida Rubinsteins e estreou na Ópera de Paris  em 1928 e depois disto embarcou numa turnê de quatro meses, apresentando-se no Canadá, Estados Unidos, tendo recebido o diploma de doutorado honorário em música pela Universidade de Oxford na Inglaterra.

Na biografia de Maurice Ravel, veremos que ele nascera em 7 de março de 1875, filho de Joseph Ravel (1832a 1908) um engenheiro  civil de origem suíça e de Dona Marie Delouart Ravel(1840 a 1917)na casa 12 do Quai de la Nivelle em Ciboure na Comuna dos Pirineus Atlânticos e teve um irmão de nome Edouard Ravel,(1878 a 1960) com quem teve grande relação afetiva. O interessante é que nesta época estreava em Paris a obra Carmem de Bizet, num contexto da Terceira República Francesa no comando de Patrice Mac Mahon, na qual o pais ainda buscava restabelecer-se da Guerra Franco prussiana. E em junho de 1875 a família mudou-se para Paris, retornando a região basca após os 25 anos de idade. Sendo que mais tarde trabalhou e morou em Saint Jean de Luz.

Interessou pelo piano aos sete anos, incentivado pelo pai, um senhor muito culto, que inclusive dava algumas gorjetas por seus estudos, sendo que somente aos 14 anos foi até a um Conservatório em Paris. Mas só veio a entrar no Conservatório em 1898.Estudando composição com Gabriel Fauré(1845-1924). Foi influenciado por Claude Debussy (1862-1918) e até outros compositores como Wolfgang Amadeus Mozart (1756 a 1791), Johanes Straus (1825 a 1899) e Franz Liszt (1811-1886). Porém descobriu o seu estilo fundamentado no impressionismo. Recebeu precocemente  aulas de  Charles Renê (harmonia, contraponto e composição).

Ravel segundo a enciclopédia britânica não era um músico revolucionário ele trabalhava dentro das convenções formais e harmônicas enraizada na tonalidade dos tons focais e foi nisto que ele vai dar um identidade , uma linguagem própria.

Uma particularidade da vida de Ravel é que ele não se casou, e acabou semi recusa, vivendo numa propriedade em Montfort em L'Amaury na Floresta de Romboillet próximo a Paris. Chegou a servir na primeira guerra como motorista de caminhão, mas por pouco tempo foi dispensado em 1917.


Embora fosse autor de inumeras composições como "Fugue em Ré Majeur",Pavane pour une infante Difunte, Sonati ao piano, embarque sur l'ocean, ele é conhecido pelo menos para nós do teatro e da dança com o Bolero, recebeu o premio "Prix de Rome da Legião de Honra-Grammy Hall of fame e Dayhnes etChloe, Bolero Gaspard de La nuit.

 E hoje recordo Maurice Ravel, retomando pelas as aulas do grupo da terceira idade Ibilce/Unesp e o antigo grupo de dança e teatro que participei na cidade de São José do Rio Preto-SP, município que nasci e que é conhecida pelo seu festival Internacional de Teatro que ocorre anualmente. Porém sei que nós que nascemos no século XX, fomos contemplado com o grande espetáculo utilizando Bolero de Ravel, pelo coreógrafo  francês Maurice Bejart(1927 a 2007), que por seu trabalho recebeu o Premio Erasmu e Premium Imperiale, Premio de Kioto em Artes e Premio de Kioto.Embora sei que em Portugal a PIDE, perseguiu e retirou-o do Hotel no silencio danoite e colocou num posto fronteiriço da Espanha. Porém o que importa que ele recebeu a Condecoração Infante D. Henrique e deixou para o mundo uma grande coreografia com a música de Maurice Ravel. 



Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil-ALB
São José do Rio Preto-SP./Uberaba-MG

o bolero de Ravel, coreografia de Bejart

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