Crônica - A Luta contra o neoliberalismo do Equador - Manoel Messias Pereira


A luta contra o neoliberalismo do Equador

Ontem observei na imprensa e vi que os indígenas no Equador, junto com toda a população fecharam ruas num grande protesto contra o presidente Lenin Moreno. Que insiste em suas reformas neoliberais. Porém a população toda marcharam até à capital Quito. Enquanto que os estudantes  equatorianos chamaram uma greve geral.

É e assim o presidente Lenin Moreno que antes era apoiado por  Rafael Correa, tinha uma relação com a esquerda resolveu abandonar os seus aliados para implementar as chamadas agendas neo-liberais naquele país. E assim está sendo chamado hoje de um traidor pela massa de trabalhadores. É e pelo visto o povo sabe o que vai perder. Pois o mundo e todo da luta de classe, e é ela o motor da história.

O presidente Moreno chama os indígenas de  estimulador da violência e já prendeu quase 500 pessoas como presas politicas. E esses fatos leva-me a recordar um outro momento na história daquele país que parece uma repetição histórica. E há quem diga que historia se repetir ela surge como farsa, ou como tragédia.

No ano de 2000, na virada do ano um turbilhão ocorreu no Equador, recordo que a Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador - Conaie uma organizaçãoque representa 4(quatro) milhões de indígenas, e isto é um terço da população do país, liderou no princípio de janeiro uma série de duríssimas manifestações das quais participaram associações de estudantes, sindicatos e toda a comunidade indígena que pedia a renuncia do presidente Jamil Mahuad, e a causa disto foram as medidas neoliberais do presidente, que  acabou por fazer o presidente abandonar o governo e mergulhar o país numa simples indignação por parte da camada empresarial.

Na época Mahuad  tinha chegado ao poder por meio de uma eleição, ele que era ex-prefeito  de Quito e não conseguiu dar uma resposta as demandas sociais  para a grande maioria de seu país. E que desde 1998 teve uma queda do preço do petróleo e da banana, os seus dois principais produtos da pauta de exportação.

E isto mostra muito o poder indígena, que marcou uma autonomia sendo a grande maioria e que assim com essa consciência integram a vida do país. E na época as reivindicações eram reforma agrária e a criação do Estado Multiétnico e multilinguístico que respeite os direitos das nove nacionalidades existentes no Equador.

O que toda a América Latina, na sua luta por soberania sempre exigiu foi uma defesa, contra a máquina propagandística dos Estados Unidos, e procura convencer a opinião pública mundial de que a Casa Branca protege os interesses de seus vizinhos meridionais ajudando-lhes desisteressadamente, e apoiando suas aspirações à liberdade à paz. Mas sabemos que isto é um falácia uma doce e venenosa mentira.

E nisto já vimos no passado a diplomacia secreta americana derrubar o General Medina na Venezuela em 1945. Já vimos o povo reagir no Paraguai contra o general Moriñego em 1947 e por fim teve essa desgraça o apoio estado unidense. Em 1950 vimos Porto rico ter o movimento popular sufocado pelos Estados Unidos. Em 1952 um putsch em Cuba o que permitiu o general Batista transformar aquele país numa semi colônia, de pouca vergonha americana, e só libertar-se graças a Fidel Castro. E assim como no Chile vimos Pinochet ao ser guiado pelos Estados Unidos e perpetuar um dos grandes massacres com a derrubada de um governo como de Salvador Allende. E dá pra escrever e falar de outros países como Costa Rica, Guatemala, Argentina, El Salvador, Granada, e o próprio Brasil com as operações americanas, Condor, Bandeirantes e Brother Sam, que ainda faz sangrar traumaticamente uma dor em muitas famílias.

E essas agendas neo-liberais as vezes retoma ao liberalismo que diz que todos são iguais perante a lei, que a democracia exige que todos sejam iguais perante a lei e que a lei assim se realize, mas esse mesmo liberalismo separa a realidade em pelo menos três ordens, a econômica, social e a política oque permite que seus princí´pios seja reafirmados e uma e negadas simultaneamente nas outras duas. Portanto a igualdade reafirmada na ordem jurídico-politica é negada as outras relações sociais. E nisto a democracia deveria ter princípios que norteiam simultaneamente nas três ordens e nisto sua separação é inaceitavel sob todos os aspectos. a igualdade deve realizar-se nas relações econômicas, sociais, culturais e politicas. quando percebemos que há essa dificuldade entendemos que o discurso é utópico. E o neo-liberalismo, portanto o novo pensar liberal nasce com suas raízes contaminadas com uma grande mentira na sua base. Daí observamos e vemos sim o princípio da desigualdade estabelecida, com o racismo, a cultura seguindo os princípios dos privilégios e a política seguindo o princípio da exclusão e do domínio. Plantada para uma elite.

E neste momento enquanto o tempo continua em 8 grau centígrados nesta manhã de domingo em Quito com ventos soprando de Leste para Oeste a 3 Km por hora e uma umidade de 93%, creio pela altitude, vejo que Quito foi tomada por bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo no sábado dia 12 de outubro, e hoje há toque de recolher, o presidente decretou a militarização, as Forças armadas a restrição a mobilidade por 24 horas. E isto chama-se repressão ao povo.

Enquanto isto alguns afirmam que é preciso humanizar a sociedade e a economia. Porém no capitalismo nada se humaniza, e tudo é falível a há um sangramento social. E a repressão mostra bem isso, ou seja expõe fortemente gênesis do sistema. Um sistema em quem se dá bem é o grande capitalista ou detentor do grande capital, ou seja quem tens bens físicos e dinheiros. E quem se dá mal a grande massa da população. 

Os meus sentimentos são de solidariedade a toda a população do Equador, que já sabe da dor e procura agora solucionar o seu problema, entendendo que a saída é um poder popular que saia das massas, e assim como no passado conseguiram colocar Mahad fora do poder. É hora de continuar a luta contra o neoliberalismo de Lenín Moreno. Avantes trabalhadores equatorianos.

Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP Brasil




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