Há 10 anos - Em que a ONU propós relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição


Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição – 23 de agosto de 2009


“O Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição é um momento singular para que a comunidade internacional possa conciliar o dever de recordar acontecimentos passados e a obrigação de situá-los em sua justa perspectiva histórica.” Mensagem de Kochiro Matsuura, Diretor-Geral da UNESCO.
Kochiro Matsuura, Diretor-Geral da UNESCO
O Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição é um momento singular para que a comunidade internacional possa conciliar o dever de recordar acontecimentos passados e a obrigação de situá-los em sua justa perspectiva histórica.
Desde que em 1994, quando o projeto da Rota do Escravo foi iniciado, a UNESCO se propôs a ampliar a colaboração científica no estudo da escravatura e seu comércio para abordar as múltiplas memórias, culturas e representações. Esse respeito à diversidade das memórias é uma exigência democrática que deve responder à demanda social e ser acompanhada pela busca de referências comuns.
Isso pode ser alcançado por meio de uma educação de qualidade e pluridisciplinar que incorpore, aos livros didáticos e currículos escolares, questões relacionadas à memória e à transmissão dessa história de forma científica e rigorosa.
Também podemos atingir isso graças a políticas de salvaguarda do patrimônio cultural que considerem a diversidade e a complexidade dessa história: a abertura de museus interdisciplinares; a digitalização de mapas e arquivos; acervo e preservação de tradições orais; a definição dos “lugares de memória” como locais de reconhecido valor universal e a promoção de um turismo sustentável, que respeite as pessoas e os contextos socioculturais.
Por último, uma opção que a UNESCO agora promove, convêm diversificar as metodologias de acordo com zonas geoculturais e voltar a situar a história da escravatura e seu comércio dentro do contexto da história mundial, abordando o tráfico de escravos do Atlântico e os conhecidos comércios “orientais”.
Um diálogo intercultural duradouro só pode prosperar se estiver em paz com a história e a memória. Contra toda forma de santificação da memória e com o intuito de conjurar os efeitos devastadores da rivalidade entre memórias, devemos incentivar a pesquisa e o ensino da história de maneira que ela explique e leve ao entendimento, restabeleça a linha de narrativas conflituosas e remedeie os silêncios.
Ao nos unirmos em torno de uma perspectiva compartilhada da história da escravatura e seu comércio, podemos construir uma história comum e sentar as fundações para um diálogo intercultural capaz de transmitir uma mensagem universal de conhecimento e tolerância.

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