Cronica - O futuro é a palavra final - Manoel Messias Pereira


O futuro é a palavra final

Um dia nos encontramos e temos a vontade de cantar e dançar com os pés no chão. Temos vontade de fazer uma fogueira e cada qual tocar os seus instrumentos. Outras vezes dá vontade de fazer versos e declamar ao som dos tambores. É uma roda de poema. Coisa que vi uma vez aqui no Brasil na cidade de Campinas-SP. Essas cosias são culturas, são formatos de existência que fica em nosso inconsciente enquanto tudo passa,tudo transforma, cria-se outras formas culturais desagua o rio no mar. Numa dialéctica material existencial.

Um dia li no livro de Pierre Macherey intitulado "para uma teoria da produção literária"que "A natureza sonha o futuro do homem sob a forma transparente do seu próprio passado. E que seu movimento que paradoxalmente liga o futuro ao presente, e só pode ser representado sob a forma duma variação imaginária que parta do mundo real" Essa frase me leva-me a entender que parte do que teorizamos, sonhamos, nasce de um ficção, que com as condições científicas e objetivas, tateamos até aos coisas subjetivas, mas encontramos com o futuro. Já o nosso passado é cheio de magias, por falta de conhecimentos, ou assim se descobre que o mistério é algo sempre revelado.

Os cânticos, as musicas, os instrumentos são criados a partir de uma magia, de um sentimento, de amor talvez, ou não coisas que não são fisicamente paupável. As danças sempre atendiam a um ritual, e a fogueira foi talvez a primeira luz de neon em que encantava todas as pessoas antes de adormecer.

Os versos as versificações sempre foi algo atribuído aos desígnos divinos. Ao dom de cada artista. E ainda hoje a orações feitas recitações, postas  nas minaretes, para que mais pessoas estejam abençoadas numa paz. O poeta rio-pretense Dr. Vicente Amendola Neto, já falecido em 26 de maio de 2010, com apenas 66 anos, dizia que os poetas devem estar mais próximo do céu ou daquilo que és divino.

Numa roda de poema, há um refrão muito parecido com uma roda de samba. Pois muitos conhece a roda de samba, outros conhece o samba de roda. E no samba de roda é que tens um refrão, e quando acaba o cantor desafiador entra e canta seus versos seja ele de amor, de dor no contexto do desafio. Na roda de poema também ao som do tambor canta-se o refrão, ao parar o autor entra e faz teu verso, e assim a roda vai girando até os autores esgotarem o seu repertório, e quem consegue a façanha é o rei da noite, ou da tarde ou da manhã como ocorreu no antigo club do Machadinho em Campinas em 1981.

O interessante disto é como funciona o nosso cérebro em todas essas atividades, uma vez que sabemos que o cérebro é o principal órgão do nosso sistema nervoso e ele que comanda todo o nosso corpo. Porém vemos acima dos pescoços as cabeças e nela encontra-se bem guardado o cérebro. O interessante são as nossas memórias que parece estarem em gavetas. E assim creio que um dia teorizaram o computador.

Em 1993 li um artigo escrito pelo professor Newton C.A da Costa da FFCL-USP, do departamento da filosofia, em que ele escreveu que a lógica do funcionamento do cérebro humano pode ser equivalente à de uma máquina de Turing. Num contexto em que o título da matéria era "Maquina corre atrás do cérebro". E a máquina de Turing explicou ele é uma máquina hipotética, muito mais geral que os computadores que conhecemos. Ela foi imaginada para simular o funcionamento do cérebro resolvendo problemas de matemática.

Porém num fragmento de seus escritos Dr. Newton ele diz "não existe característica que permita distinguir a máquina do cérebro, apenas a religião ou a metafisica pode fazê-lo: o futuro dará a palavra final. Ah ideia de Turing, há quem pense quem foi ele? Pois bem foi um brilhante matemático, homossexual, e suicida. E não havia completado os seus 30 anos quando  decifrou o código das máquinas enigmas usadas pela Alemanha nazista. E com 25 anos já tinha publicado um trabalho que foi a base de todos os computadores inclusive usados para fazer textos.

A inteligência artificial evidencia que a complexidade  dos robôs e das máquinas variadas não tem fronteiras. Com isto somente o futuro dará a palavra final. Por enquanto ficamos eu e meus amigos no meio do caminho. E eu continuou tentando fazer as minhas vontades de cantar dançar e até acender uma fogueira, como era feito no passado, que diante do presente vai tornando -se transparente, e aquecendo a saudade.


Manoel Messias Pereira

poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil


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