Vinte anos sem a presença física Francisco Julião
Há vinte anos exatamente no dia dez de julho de 1999, falecia no México vítima de um infarto Francico Julião Arruda de Paula, o advogado, politico e escritor brasileiro. A sua morte foi num sábado ao meio dia, conforme informou a sua senhora dona Marta Ortiz. Deixando seis filhos sendo quatro de sua primeira esposa a Sra. Alexina que nesta época também estava internada em Recife-PE. Ele que morou dezesseis anos no país mexicano sendo deles quatorze anos em exílio. Faleceu com 84 anos.
No Brasil Francisco Julião ficou conhecido como o advogado das Ligas camponesas. E há quem diga que foi o fundador delas, porém não é verdade pois ele num conhecida declaração pública diz "Não fundei a Liga, ela foi fundada por um grupo de camponeses que levou até mim para que eu desse uma ajuda. A primeira Liga foi a de Galileia fundada em 1 de janero de 1955 e chamava-se Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. Foi um grupo de camponeses com uma certa experiência política que já tinham militados em partidos, de uma certa cabeça que fundou um negócio mas faltava um advogado e eu era conhecido na Região.Foi uma comissão na minha casa e me apresentou os estatutos e disseram existe uma associação e gostaria que você aceitasse. E isto foi parar na minhas mãos. Coincidiu que eu acabara de ser eleito deputado federal pelo Partido Socialista Brasileiro e na tribuna tornei-me importante defensor dos camponeses.
Francisco Julião durante quinze anos percorreu os canaviais da Zona da Mata de Pernambuco, conquistou a confiança dos camponeses, e como advogado tinha feito uma escolha de lutar em favor dos camponeses. e por isso foi chamado pelos grandes proprietários de agitador, de incendiário, de comunista. E sobre isto ele dizia sou um agitador nos marcos da lei e até remédio precisa ser agitado antes do uso. Em relação aos comunistas, ele tinha inclusive divergência pois seguiam o católico Telhard de Chardin e não Karl Marx. E no início de sua carreira politica o primeiro partido a filiar-se foi o Partido Republicano- PR, porém em 1947 desligou-se dele e aderindo-se a fundação do partido Socialista Brasileiro -PSB de Miguel Arraes, sendo que Francisco Julião foi o primeiro parlamentar eleito por essa legenda na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Porém sabemos que em 1948 Francisco Julião já defendia os agricultores politicamente.
É preciso lembrar que em agosto de 1955 representantes das Ligas Camponesas participaram do congresso pela Salvação do Nordeste, organizado pela Prefeitura do Recife-PE e Francisco Julião foi o presidente de Honra, num contexto em que definitivamente o Brasil precisaria de uma mudança radical, e talvez por isto é que as ligas o procuraram para definitivamente ser o advogados de todos os camponeses. E em 1959 venceu o primeiro processo judicial da Liga Camponesa Paraibana. E em 1960 uma série de artigos publicados no The New York sobre as ligas camponesas no Brasil. E apontava a gravidade do sistema no Nordeste brasileiro.
Somente em 1961 Francisco Julião tem um encontro com Luís Carlos Prestes, e surge a ideia de uma união entre as Ligas Camponesas e a União dos Trabalhadores Agrícolas do Brasil (UITAB) fundada em 1954 pelo Partido comunista Brasileiro -PCB, e defendiam um programa baseado na melhoria das condições de vida dos trabalhadores agrícolas. Talvez seja neste contexto que passamos a entender o filme "Um cabra marcado para Morrer", quando a Ditadura Civil e Militar, que abateu-se sobre o Brasil nos chamados anos de chumbo estabelece a repressão sobre os camponeses colaborando com os latifundiários na qual vão matar João Pedro, o líder sindical dos camponeses.
Em 1962 Francisco Julião foi eleito deputado federal numa coligação entre PSB e PST que era partido Social trabalhista. Mas vamos encontrar mais tarde Francisco Julião no Partido de Leonel Brizola, e inclusive quando ele falece o seu filho Anatólio Julião que era coordenador do PDT em Recife,vai até ao México com passagem custeada por Leonel Brizola
Francisco Julião era um hábil escritor, e escreveu em 1951 o livro "Cachaça" e já em 1961 "Irmão Juazeiro, e em 1962 "O que são as ligas Camponesas" e 1965 "Até a Quarta, Isabela" e em 1968 "A cara Oculta do Brasil, escrito camponês"
Hoje são vinte anos sem a presença física de Francisco Julião lembrado por toda a esquerda brasileira como o advogado das Ligas Camponesas.
Manoel Messias Pereira
professor de história,poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil
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