cena da novela "Esperança"
Esperança
Já faz alguns anos que houve na televisão brasileira especificamente na rede Globo uma novela intitulada "Esperança", uma obra de Benedito Ruy Barbosa, cujo a trilha sonora trazia avoz de Laura Pausini,Alejandro Sanz, Fama Coral, numa produção musical assinado com certeza por Luiz Schiavon, Nil Bernardes e Marcelo Barbosa. Essa obra de arte focava no Brasil do período inicial do governo de Getúlio Vargas, quando o mundo estava abalado pela crise de 1929, e o princípio da década de 30 encontra-se um mundo mergulhado em plena grande depressão. Com o capitalismo numa crise de recessão, desemprego e o colapso do comercio mundial, com falências.
E o foco que a obra artística trazia era como estava os imigrantes italianos vivendo neste contexto brasileiro. Na qual muitos deles estavam fugindo do desemprego e da miséria que abateu-se sobre seus países. E chegavam ao Brasil em busca de uma melhor perspectiva de vida para prosperar os sonhos e ideais.
E nisto a ficção de Esperança soube encantar toda a população brasileira alicerçado com os pés no realismo de uma realidade histórica.E neste momento histórico foi quando o mundo passou a assistir o crescimento do fascismo na Itália e depois o Nazismo na Alemanha. O que permite-me lembrar é que uma pesquisa elaborada pela professora Elizabeth Cancelli da Universidade de Brasília, apontou um elo entre o Estado Novo de Getulio Vargas e o Nazismo de Adolfo Hitler.
E em seus apontamentos consta que em fevereiro de 1937, portanto nove meses antes de Getúlio Vargas instituir a ditadura do Estado Novo, o capitão do exército Afonso Henrique de Miranda, partiu secretamente dos Estados Unidos da América, onde foi manter contato com o FBI, para uma suposta viagem à Paris.
Mas o destino do capitão fora estabelecido pelo chefe da Policia do Distrito Federal, Sr. Filinto Muller, que destacou-o para participar de um congresso clandestino de policias políticas, organizado pela Gestapo, como era conhecida a polícia de Adolfo Hitler.
Reunião que congregou policias de 14 países que permaneceram em Berlim com a presença do chefe da SS (exercito paralelo do 3.Reich) Henrich Himmler, e discutiram o combate ao comunismo e ao anarquismo.
As primeira referências ao Capitão Miranda encontrada pela pesquisadora brasileira foram no arquivo Histórico e diplomático da Itália. Além disso, ela também esteve em Nova Iorque em contto com o FBI e descobriu os documentos do casal Arthur e Elise Ewert, que aliás consta nas pesquisas feita pelo jornalista Fernando de Morais, quando da elaboração da obra de reportagem a"Olga" que acabou virando filme.
Ambos pesquisadores, tanto a professora Cancelli quanto Morais revelam que Arthur Ewert, agente de Moscou com passaporte americano passou pelo Uruguai e veio para o Brasil com o nome de Harry Berger, para junto de Luis Carlos Prestes organizar a ação revolucionaria de 1935.
O historiador , cineasta e jornalista José Joffily, lançou o livro "Harry Berger" pela editora Paz e Terra e descreve Berger num quadro Kafkiano. E disse que é um ser histórico que situa-se entre a tergiversação e o silencio.
Filinto Muller e o Capitão Miranda entre outros oficiais desmantelram o levante revolucionário, prenderam Arthr Ewert, que após ser torturado ficou louco. Elise e Olga Benário foram deportadas e executadas em campos de concentração.
Com esses dados tristes violentos, observa-se que a esquerda brasileira que organizava-se através da Aliança Nacional Libertadora - ANL, que não tinha somente comunistas mais também democratas, intelectuais e era na verdade um movimento que equivocava-se numa tentativa de fortalecer o capital nacional frente os avanços do capitalismo internacional. Um erro na análise conjuntural da época.
Ao mesmo tempo que a direita fascista se organizava por meio da Ação Integralista Brasileira. E o integralismo contou com o apoio de amplo setores da classe média, de políticos conservadores, da Igreja católica e das Forças armadas. e sob o lema Deus Patria e Família, pretendiam instlar o Estado integral, uni-partidario. Usavam camisas verdes, tinham o sigma e a saudação "Anauuê" e apelava pelo nacionalismo exaltado exagerado e sue líder era Plínio Salgado.
Na novela de Benedito Ruy Barbosa, na cena que retrata a morte do personagem Genaro (interpretado por Raul Cortez), vamos observar os integralistas queriam matar Toni (interpretado por Reinaldo Giannechini), observa-se policiais de camisas verdes integralistas com sigma comemorarem, gritando a saudação anauê.
Outro ponto é a condecorações dadas às autoridades brasileiras pelo governo de Benito Mussolini o que evidenciam essas aproximações do governo de Getúlio Vargas com o Eixo.
O chefe da polícia Fillinto Muller e o ministro Gustavo Capanema foram laureados em outubro de 1941, com a Croce Corona d'Itália, assim como Francisco Campos o maior ideólogo do Estado Novo e Frederico Bastos do Tribunal de Segurança Nacional. Já Ernandes Reis e Jurandir Lodi receberam a comenda SS Mauricio Lázzaro.
Outro fator a ser somado é que a nossa CLT que bastante distinta da Carta Del Lavouro, tem a ideia do imposto sindical, que aí sim inspirada na ideia de colaboração de classe dos trabalhadores com o Estado.
Outro dado importante é que numa pesquisa de Sérgio Murillo de Carvalho da Universidade Federal Fluminens -UFF, mostra que Felinto Muller foi tenentista e integrou a Coluna Prestes, mas foi expulso por traição e covardia, fato relatado pelo escriba da Coluna , Lourenço Moreira Lima.
E o professor Sergio Murillo mostra, atesta que Filinto Muller, Goes Monteiro e General Dutra eram germanófilos com claras inclinações à Alemanha totalitária de Adolfo Hitler.
Num artigo feito para o jornal rio-pretense Diário da Região e que foi publicada em 11 de fevereiro de 2003, reportei partes destes fatos destacando a importância da obra cenográfica, da televisão brasileira. Ao Exibir a novela esperança, uma grande obra literária.
E hoje ainda ouço Laura Pauzini, ou Alejandro Sanz, Gilbert, Fama Coral cantar nos quatros idiomas a música esperança, lembro que moro no país da diversidade cultural, mas nunca esqueço que aqui estabelece-se o capitalismo e a ditadura da burguesia, e nisto há claramente a exploração do ser humano sobre outro ser humano, portanto a luta de classe precisa e deve continuar até porque é necessário um dia termos um Poder Popular, evidente.
Manoel Messias Pereira
professor de história e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB
São José do Rio Preto-SP
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