Cronica - Um olhar à Síria - Manoel Messias Pereira

Lina refugiada síria

Um olhar à Síria
Que lógica é essa que leva toda uma população bem estabelecida, bem resolvida, bem conectada a uma guerra destravada com tantos atores, tantas mortes, tantos horrores e envolvendo num jogo de poder internacional vidas, simplesmente. Coisas da contradição do próprio sistema capitalista.
A Síria é o único país do Mediterrâneo que continuava em 2015 proprietária de sua empresa petrolífera e que recusou a privatização. É o único país árabe que mantem uma constituição laica, um espaço em que as mulheres tem os mesmos direitos dos homens. E não há obrigatoriedade do uso da burca e a "sharia" lei islâmica é inconstitucional. A Síria tem uma abertura à sociedade e culturas ocidentais como nenhum outro país árabes. E existe a tolerância religiosa. É o país que não tem dívida com o Fundo Monetário Internacional, ou seja é o único no oriente Médio sem dívidas. E antes da guerra civil, era o único local chamado de zona pacífica. Sem discriminação social, política ou religiosa.
A reserva de petróleo da Síria é de 2500 milhões de barris e a exploração está reservada a empresa estatal. Essas informações é bom para que possamos compreender a contradição do sistema.
Assad
O poder é exercido por Bashar Hafez Assad, nascido em Damasco em 11 de setembro de 1965, sucede o seu pai Hafez al Assad que ficou trinta anos no poder, ou seja até sua morte.
Bashar Assad, é médico com pós graduação especialização em oftalmologia, e foi chamado para assumir o seu papel como herdeiro parente. Sua formação ideológica é socialista, sendo atual Secretário Geral do Partido Baath. Tem uma formação militar e entrou na academia Militar e em 1998 assumiu o comando da ocupação síria no Líbano. E em dezembro de 2000 casou-se com Asma Al Assad. Ele pertence a seita alauita é minoritária.
Foi reconfirmado por seu eleitorado nacional como presidente de 2000 a 2007 após o conselho popular da Síria ter votado para propor como titular no cargo. Foi visto pelo mundo como reformador pela mídia nacional e internacional.
Primavera árabe
Aparecem os pro rebeldes em meio a uma guerra civil que foi chamada de "primavera árabe". Diante disto Bashar Assad, ordenou a repressão dos rebeldes. E com isto teve contra o seu governo parte da oposição doméstica sunita, os Estados Unidos da América, Canadá, a União Européia e Estados membros da Liga Árabes, que pediram a renúncia de Al Assad. Um outro assunto é que seu governo foi tido como secular. E ele que foi eleito após o referendo de julho de 2000, com 88% dos votos.
E assim a oposição, os Estados Unidos, a União Européia, Israel e França, acusaram Al assad de apoiar grupos contra Israel e grupos opositores ao seu governo. Menos ao Hezbollah, Hamas e ao Jihad. E desde o início do conflito já ouvíamos falar da Participação da OTAN
Assad chegou a afirmar que os EUA, poderia se beneficiar da experiência síria no combate a Irmandade Islâmica. E mesmo com a invasão dos Estados Unidos no Iraque e adespeito das relações tensa com Israel buscou retomar as negociações para a devolução das Colinas de Golã ocupadas desde 1967.
Mas seus opositores entenderam que seu mandato era uma esperança, porém ele era a continuidade de seus antecessores e por isto os Estados Unidos pois em prática o que chamou-se de "guerra Preventiva", e para isto destacou a instabilidade do Líbano, na qual a Síria tinha uma presença militar e as tensões com Israel. E neste contexto houve a morte do ex-primeiro ministro libanês Rafik Harrir cuja a autoria foi atribuída ao serviço de inteligências sírias. E com isto as tropas Sírias saíram do Líbano.
E tudo começa a surgir em 2011, com protestos da Primavera árabe, com a desestabilização da Paz. E com ela a repressão de Assad. E tudo parece uma bem arquitetada conspiração estrangeira sobre a Síria.
E neste contexto precisamos conhecer os atores dos conflitos estabelecidos.
Atores sociais do Conflito
1 -Irmandade Islâmica - fundada em 1928 no Egito por Hassan al- Banna é um organismo islâmico radical que atua em 70 países e que pretende retomar os ensinamentos do Corão mas sem as influências ocidentais. E a sua luta é pra estabelecer a Sharia como bases para o governo pre-cursora do islamismo fundamentalista. Da cisão da Irmandade surgiram o Hamas e a Al-Quaeda. Opõem-se as tendências seculares. Surgida portanto no fim do Império otomano e no Califado turco de 1924. E em 1957 foram auxiliados pelos estadunidenses, no período do presidente Eisenhower que levou para a Universidade de Princepton num Simpósio intelectuais islâmicos e líderes políticos islâmicos escolhidos pela Cia. tiveram contatos com os americanos e num contexto de guerra fria assimilaram os objetivos de promover o anticomunismo. Com uma ressalva eles não são tão fechados como dizem para a ocidentalidade não, veja como comporta-se com os estadunidense num contexto de brincadeiras de gato e rato ou seja Tom e Jerry.
2 - Estado Islâmico - defendem tipo de governo que fundamenta-se religiosamente na Sharia. E desde o século XX "estado Islâmico" tem um conceito moderno promovido por ideólogo como Abu Ala Maududi, Ruhollah Komeini ou Sayyid Quitb. O Estado Islãmico, entram em cena enfrentando tanto rebeldes como o governo. Seja ele jihadista ou moderados.
3- Boko Haran - defende que a Educação Ocidental é pecado. É uma organização fundamentalista com métodos terroristas e a imposição da Sharia e a alegação de combater a corrupção dos governos, a falta de pudor das mulheres, a prostituição. Afirma que o cristianismo é um mal, e deseja por fim a democracia e promover a educação exclusiva em escola islâmica, porem captura as meninas que são estupradas por seus guerreiros até aceitarem a virar muçulmanas e a casarem com seus guerreiros.
A Rússia
Desde início do conflito em março de 2011 há uma escalada de complexidade em que parece que todos lutam-se entre si.
Por um lado temos Forças leais ao presidente Bashar Al - Assad, contra de outro lado Rebeldes extremistas muçulmanas e rebeldes da potencias estrangeiras.
Se por um lado havia, Estados Unidos, reino Unidos, França, entre outras nações entra neste jogo a Rússia com seus bombardeios.
Há informações na mídia que muitas tropas governamentais lutam contra vários grupos e muitos destes grupos lutam contra os islâmicos estrangeiros. Por outro lado há grupos de libaneses e iranianos que engrossam s fileiras do governo.
O Estado Islâmico ou IS como afirmam enfrentam tantos rebeldes como grupos do governo.
E com as forças estrangeiras os Estados Unidos e seus aliados ocidentais Irã, a Turquia e países do Golfo.
Estados Unidos se diz (opositor) a Assar Al Assad e apoia Grupos rebeldes e desde setembro de 2014 o presidente Obama diz que acabaria com o Estado Islâmico. Numa reportagem do RT parece que o próprio Estados Unidos financiava o grupo que eles dizem que iriam acabar.
Observamos que a colisão americana começou a campanha aérea no Iraque, na Síria e teve a participação de países como o Canadá, austrália, França, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Turquia.
Já a Rússia na Síria, opõe-se ao Estado Islâmico e outros rebeldes e apoia Bashar Al Assad e é aliado ao regime sírio. mantém base naval de Tartus com interesse estratégico. E a mediação russa foi fundamental para convencer o regime sírio a destruir estoques de armas químicas no final de 2013.
Enquanto os Estados Unidos e a França discutiam no Conselho de Segurança da ONU a possibilidade de ataques ao governo sírio. O assunto foi vetado pela Rússia.
Agora os ataques feitos de avião pela Rússia, pegou todo mundo de surpresa. E alegação é que desejam destruir o estado Islâmico que éo que defende os americanos. E neste contexto temos o Irã que opõe-se ao Estado Islâmico e militantes de origem sunitas. Porém apoia o governo de Assad.
E assim nesta colcha de retalhos, temos aproximadamente 200 mil mortos nesta guerra, refugiados fugindo pelo mundo todo.
Entendemos se observamos os atores do conflitos como Irmandade muçulmana, estado Islâmicos, assim como Boko Haram desejam a Sharia, porém se observar atentamente vemos que essa não é uma medida que é seguida por Assad. Outra coisa hoje há uma informação que não há mais a guerra fria, porém o mundo capitalista ainda assim desestabilizar pessoas que organizar-se diferentemente . Hoje estes estados que se diz potencia mantém um alto índice de presença do estado na sua economia , mas defende a privatização em países periféricos. E neste caso em relação ao petróleo Assad não encanta-se muito com essa onda neo-liberal privatista. E assim quando a Rússia diz em acabar com o Estado Islâmico, tem como o principal opositor os Estados Unidos da América que afirma que a fogos sendo fomentados em locais errados. Se observarmos atentamente o governo sírio tem muito apelos as valores ocidentais colocados na governabilidade do Estado. Os grupos contrários não aceitam a Ocidentalização, mas mantém-se como testas de ferro das potências capitalistas. E se notarmos com atenção devida a historicidade econômica, política e social da Síria era pra não ter problema algum, porém há inimigos políticos, dentro do País mas também no Exterior, ou seja a Síria não estaria atendendo os anseios de potências capitalistas. Outro ponto a ser destacado é a questão relativa a tensão que Bashar al- Assad teria com Estado Sionista de Israel. E os Estados Unidos em relação ao Estado Islâmico brinca de Tom e Jerry, só falta o queijo. E essa brincadeira parece que é para deixar o tempo passar.
Manoel Messias Pereira
professor de história e cronista
São José do Rio Preto -SP.


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