Cronica - Nestor Veras presente - Manoel Messias Pereira


Nestor Vera - Presente

Foi um dia olhando na agenda impressa do partido Comunista Brasileiro -PCB do ano de 2011 que vi a informação de que em 1975 no dia 29 de abril, uma ofensiva da repressão em Minas Gerais, com prisão tortura de democratas, com o provável assassinato de Nestor Veras, dirigente do PCB.

A informação que tinha dava conta que houve em 01 de abril de 1964, a instalação no Brasil de um regime ditatorial  civil empresarial  e militar que convencionou-se a chamar o período do Golpe militar de 01 de abril de 1964 e  que durou  até 15 de março de 1985, consta que ocorreu abril de  1973 uma Operação Radar em que as forças do Exercito fez uma intervenção para dizimar a direção do Partido Comunista Brasileiro, caso conforme documentos de estudos do CEMDP- Centro de Memória de desaparecidos Políticos, protocolado em 212/96. E que neste período foi detido em abril de 1976, Nestor Veras. E em muitas publicações consta que no dia 1 de abril de 1975 ele foi detido em frente a uma drogaria na Avenida Olegário Maciel em Belo Horizonte, o episódio foi visto por uma camarada que trabalhava numa banca de jornal e este fato foi denunciado pelo comunista Luís Carlos Prestes. 

Esse enquadramento  foi possível pois com a instauração do regime, Civil empresarial e Militar de 1964, tivemos o Ato Institucional numero 1,  e também a Lei de Segurança Nacional pela qual Nestor  condenado a cinco anos de reclusão, passando a viver na clandestinidade, e inclusive usando codinome ele a sua esposa e os cinco filhos.

Verás que as informações da agenda fala de 1976 porém o fato denunciado é de abril de 1975. Portanto a diferença de um ano, que pode ter sido uma copilação histórica ou uma informação que chegou no tempo errado para a publicação. Porém o que sabemos é que o nome de Nestor Veras constava na lista de desaparecido político anexa à Lei 9140/95.

Através do livro Guerra Suja, a um relato do ex-delegado  do Departamento de Ordem e Politica   Social -DOPS,  Claudio Guerra, afirma que Nestor foi sequestrado, torturado na Delegaciade Roubos e Furtos de Belo Horizonte -MG. Claudio Guerra confessa que ele tinha sido muito torturado estava todo machucado e moribundo, por isto na estrada a caminho de Itabira a cinquenta quilometro de Belo Horizonte-MG, ele delegado Claudio Guerra deu um tiro na cabeço de Nestor Vera como misericordia e jogou num vale numa espécie de cemitério clandestino e juntodesta desova outros dois corpos que ele não teria possibilidade de reconhecer.

Hoje em Belo Horizonte há um bairro chamado Serra Verde em que há uma rua com o nome de Nestor Veras uma simples homenagem, ao revolucionário dirigente do partido comunista Brasileiro o Partidão.

Nestor Veras era natural de Ribeirão Preto -SP nascido em 19 de maio de 1915, filho de senhor Manoel Veras e do Pilar Velasques, foi casado com a senhora Maria Miguel Dias com quem teve cinco filhos. Foi morador de Santa Fé do Sul, e engajou na luta camponesa. Foi um integrante do Comite Central do partido Comunista Brasileiro -PCB, Secretario Geral da União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAD), Tesoureiro de diretoria da Confederação Nacional dos trabalhadores na agricultura (Contag), Redator do Jornal Terra Livre e um grande sindicalista.

Consta que ele participou de um programa radiofônico comandado por Aleiy Raineri presidente dos Produtores Autonomos de Junqueiropolis que cedeu alguns minutos para uma entrevistas. Segundo Rayneri ele desconhecia o conteúdo. Nesta entrevista dada 25 de agosto de 1964, ambos foram considerados agitadores comunistas. E para extrema direita que estava no poder cumprindo as operações organizadas pelos Estados Unidos da América, como Operação Condor, Operação Brother Sam e Operação Bandeirantes, esses sindicalistas incentivava ainvasão de terra. Além de Nestor Veras, de Alery Ranieri ha também outros que ficaram enquadrados como Sergio Francisco Beriguel e Orlando Rodrigues todos considerados comunistas.

Nestor Veras era um quadro preparado, para o embate político, social na questão agraria tinha tido formação inclusive internacional na União Soviética em Moscou alé também de ter participado em formação na Bulgária, em 1962. E a partir de 13 de junho de 1964 teve seus direitos politicos cassados por 10 anos após ser enquadrado com um ser perigoso pela Lei de Segurança Nacional e foi condenado a cinco anos de reclusão. Porém ao lado de outros dirigentes como Francisco Julião, Armênio Guedes, Dinarco Reis, Alberto Passos Guimarães fez parte da Comissão sobre Reforma agrária e foi um dos organizadores do Congresso Camponês de Belo Horizonte em 1961. E o famoso texto Declaração do I Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícola saiu nesta Comissão e deste Congresso.

Como jornalista Netor Veras foi redator do jornal Terra Livre, um jornal que foi pensado no seio da organização politica em 1949, com foco na questão agrária, no trabalhador rural, e no Comitê Central do Partido -PCB era o responsável pelo setor agrícola.

Diego Becker da Silva na sua tese de mestrado escreveu "Na luta de Nestor Vera - os comunistas, os camponeses e a Revolução", afirmou que Nestor Vera dedicou a sua vida pelos camponeses e trabalhadores que lutou pela revolução e a construção de uma sociedade justa e igualitária para a classe trabalhadora. E agradece a vida de todos os comunistas, revolucionários que tombaram pelo socialismo. Hasta la Vitória. 

E como afirmava Florestan Fernandes, que entre o intelectual não há neutralidade, ou ele luta com os exploradores ou em favor dos explorados, assim seja para que a massa possa sim fazer parte da transformação, por meio da sua contribuição direta, de sua experiência e do seu compromisso com a verdadeira democracia participativa. Nestor Veras presente.

Manoel Messias Pereira

professor de história, poeta e cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP/Uberaba-MG.



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