Lula uma história
Na história do Brasil tem a histórica luta de cada brasileiro, de cada sonho implementado, de cada gesto, de cada olhar na busca de um mundo construído a partir do sonho coletivo, a partir do respeito coletivo, a partir do humanismo possível na ilusão com a certeza que a paz, a concôrdia, o amor entre os seres humanos, possam vencer todos os ritmos dos ódios, das violências, construídas nas relações sociais que pouco a pouco cristaliza-se. E na história deste Brasil que em 1964 nasceu a égide militar que durou até 1985, que vários pontos se cruzaram, escritos na dor coletiva, na violência, de um conjunto de maus tratos, de repressões a toda esquerda, incluindo torturas e mortes. E foi neste contexto que em 19 de abril de 1980 foi preso Luís Inácio Lula da Silva, o sindicalista metalurgico do ABC e Diadema.
O que temos neste conjunto de fatos tristes que vai de 1979 a 1985, são percursos de ásperos caminhos da redemocratização 1979 a 1985 época em que o general presidente João Batista Figueredo, desde sua posse prometeu que iria dar sequência á um processo de redemocratização. E por outro lado crescia a esperança que o general cumprisse realmente a sua promessa de abertura democrática. Contudo havia entre esses sonhos uma das necessidades da classe trabalhadora que tinha um salário incompatíveis com suas necessidades básicas, como aliás estamos novamente re-experimentando a desgraça como dose homeopática em pleno 2019, havia na época uma aceleração inflacionaria que reduzia a capacidade de compra e que levaram a eclodir várias greves. E no ABC 160 mil metalúrgicos liderados por Luís Inácio da Silva, o Lula, com apoio da Pastoral do trabalho da Santa Igreja Católica paralisaram o trabalho.
E apesar da repressão policial, os metalúrgicos permaneceram em greve até fins de abril com ajuda de parentes, amigos, simpatizantes e membros do clero, entre os quais destacamos Dom Paulo Evaristo Arns, que fez doações de dinheiro e comida. E finalmente os metalúrgicos chegaram a negociar com seus patrões aumento de 63%. E neste momento da história tínhamos um acordo entre trabalhadores e empresários porém isto contrariava as normas instituídas de que a política salarial era coisa exclusiva competência governamental. e este acordo resultou no retorno às suas de Lula e outros dirigentes sindicais que haviam sido expurgados.
Porém a greve dos metalúrgicos não foram as únicas que eclodiram no país, e sim em 1979,tivemos greve de professores, de garis, empregados da construção civil, motoristas de ônibus, portuários e bancários etc.
Em relação ao contexto de reivindicação de massa, de crise econômica de ascensão inflacionária, o general Figueredo resolveu anistia aos condenados por crimes políticos e aos acusados por crimes de torturas. Mas dentro deste caldo e rescaldo de democracia, tivemos ainda contextos da prisão de Luís Inácio Lula da Silva em 19 de abril de 1980, preso pelo DOPS, a polícia política do regime militar. quando o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC de São Bernardo do Campo e Diadema sofreu uma intervenção por meio do Ministro do Trabalho Dr. Murilo Macedo, do governo do general João Figueredo. e Lula enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
Porém a história de Lula é parte das greves do ABC e São Paulo de 1978 a 1980, para onde discutia o Novo Sindicalismo que mobilizava e exigia a tomada de posição, um fato bastante esquecido e que vem com a criação da Central Única dos Trabalhadores -CUT. E discutia na época a chamada autonomia sindical, a filiação direta do trabalhador à Central, numa opção individual, ou seja uma nova estrutura em formação.
Porém sabemos que junto com intelectuais e movimentos sociais católicos da teologia da Libertação e trabalharam para a formação do Partido dos Trabalhadores, pela qual foi 35 presidente da República Federativa do Brasil, tendo sido eleito em 2002 e reeleito nas eleições de 2006. Ele que teve uma gestão marcada pelo Bolsa Família, o fome Zero, dois programas reconhecidos pela Organização das Nações Unidas que possibilitaram sair o Brasil do mapa da Fome. Os seus dois mandatos possibilitaram transformações económicas que triplicou o PIB (renda per-capita) e alcançou um alto grau de investimento. Na política externa desempenhou um papel de destaque incluindo atividades relacionadas com o programa nuclear do Irã, ao aquecimento global, ao Mercosul e aos Brics.
Desta forma Luís Inácio Lula da silva foi considerado um dos mais populares presidente do Brasil assim como um dos mais populares do mundo. E saiu com mais de oitenta por cento aprovação no seu governo.
Após a saída do governo continuou a ter um alto índice, como para as eleições de 2018, sendo que os membros do Judiciário, tendo o Ministério Público assim como o juíz Sergio Moro, utilizando-se das delações premiadas no Projeto contra a corrupção chamado de Lava Jato, envolvendo o seu nome. E para tirar da disputa de forma record prendeu fez um julgamento, considerado uma fraude jurídica, em que o ex-presidente foi condenado por corrupção passiva e trafico de influencia a 12 anos de prisão e num outro processo a mais 12 anos de prisão. Esses julgamento é interessante pois foi tramado nos Estados Unidos e na Cia Americana. Num dos processo do Triplex ele foi condenado por um apartamento que nunca foi seu, que nunca teve posse, inclusive por uma reforma que nunca existiu. No segundo caso por uma reforma num Sitio de amigos da família, que cujo o proprietário era antigo amigo, e recebeu o presidente com materiais logo que esse saiu da presidência. Caso esse que a própria juíza do processo do Sitio de Atibaia declarou explicitamente que não leu o processo não debateu com a defesa. Portanto fraude.
Para o jurista italiano Luigi Ferrajoli a prisão de Lula, assim como o golpe a Dilma Rousseff são riscos para a democracia ocidental, porque foram produzidos pelo Parlamento e pela Justiça. E é um processo vergonhoso pela falta de prova, e feito para impedir o ex-presidente de se candidatar e pela total falta de imparcialidade. E o mesmo juiz que deu a sentença e o mesmo que instruiu o processo.
Hoje Lula é indicado para o Prêmio Nobel da Paz com 600 mil assinatura, podem até não ganhar. Mas é um processo que ganha visiblidade internacional num Prêmio que ajudará a fortalecer a esperança de poder continuar construindo um novo amanhecer. E essa é apenas uma parte dos sonhos de alguns brasileiros, que ainda gritam pelo Brasil e pelo mundo "Lula livre".
Manoel Messias Pereira
professor de história, cronista e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio preto-SP.
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