Lobato o pai da Emília.
Eu ainda enquanto garoto, ouvi falar de um tal Jeca Tatu. Essa estoria chegou da boca de minha mãe, que alertava para o perigo de viver com o pé no chão. E que havia um pequeno verme que entrava pela nossa pele, e nos deixava com a barriga grande e estes vermes provocava a morte nas crianças. E a narração implementada por ela ainda dizia que no Sítio em que o Zeca Tatu morava apesar da vida miserável que ele tinha ele calçou todos os seus animais e aí passou a usar um remédio chamado "Biotônico Fontora", que deixava todo mundo forte e evitava as pessoas de contaminar com o amarelão e morrer.
Uma história confusa pra criança de 5 anos de vida. Pois imaginava assim nesta desgraça de vida, em que não via nada de bom, eu e minha irmãs não possuía calçados. E ficava o meu destino é encher a barriga de amarelão.
A partir do momento em que comecei a frequentar escolas por volta dos sete anos completo. Percebi que ia de chinelinho, mas havia uma necessidade de calçar meus pés. E ganhei um sapato preto de borracha que era um inferno no momento que esquentava, queimava até minha alma. E esse negócio destas pessoas idiotas que fala olha o negrinho de alma branca. Nossa era uma fronta, por dentro eu dizia "alma branca só se for no seu cú".
Mas voltei a ter contato com Monteiro Lobato na escola, por volta do 1.Ginasial, que corresponderia em parte hoje ao 6.ano do Ensino Fundamental. A diferença era que após o quarto ano escolar primário você recebia "um diploma" e deste tenho orgulho fui nota máxima. E após isto havia um cursinho chamado "admissão", na qual todos os alunos se preparava pra prestar o vestibulinho pra poder continuar os estudos agora no âmbito ginasial. Era quarenta vagas e eu passei em 19 lugar. Conheci um professor de nome Silvério Polotto, Que introduzia a literatura já no início de seus trabalhos, colocando na lousa uma relação de livros que deveriam serem lidos, e recordo que nesta lista constava, "Rosinha e minha Canoa de José Mauro de Vasconcelos", Meu pé de Laranja Lima de José Mauro de Vasconcelos", Iracema de José de Alencar, Ubirajara de José de Alencar, A Moreninha de Joaquim Manuel Macedo, Espumas Flutuante de Castro Alves, A pata da gazela de Jose de Alencar, Menino do Engenho de José Lins do Rego e O Sítio do Pica Pau amarelo de Monteiro Lobato entre outros. E um assunto que ele também fazia cada aluno ficava responsável por uma biografia de um autor. E nas aulas antes de começar, o responsável pelo autor do dia, devia falar de dois a cinco minutos sobre o autor pela qual era responsável. E eu fiquei responsável por Castro Alves, mas um amigo chamado Ronaldo, que inclusive mais tarde foi estudar medicina. Hoje nem sei por onde anda, tinha como sua responsabilidade Monteiro Lobato. e falou sobre a boneca Emília.
A boneca de pano que ganhou vida e tagarelou a falar - Emília.
Percebi que as obras de Monteiro Lobato era pra encantar as criança. Me tornei um amigo de posteriedade da literatura brasileira. Um amigo morto, mas que deixou encantamentos vivos nos seus liros infantis.
Já no terceiro ginasial, tomei conhecimento numa palestra na Escola, na qual sempre estudei na EE Cenobelino de Barro Serra, mas um tempo aquela escola passou a chamar EE Antonio Teixeira Marques, e foi nesta época que houve um evento e alguém falou sobre a campanha de o Petróleo é nosso, que foi um trabalho iniciado pelos comunistas brasileiros, representado pelo Partido Comunista Brasileiro - PCB, na qual o escritor Monteiro Lobato foi membro participante. E a questão é que através de seus escritos Monteiro Lobato afirmou que havia Petróleo no Brasil e acabou indo preso. Pois técnicos americanos contratados pelo governo brasileiro, havia desmentido. E o Partido assim como o escritor eram pessoas subversivas e as bobagens todas que são faladas ainda hoje num país de ignorâncias continentais absurdas.
Essas foram as minha primeiras e inciais formas de contatos com a vida e obra de Monteiro Lobato. O que fiquei sabendo pelo aluno Ronaldo era que ele chamava-se José renato Monteiro Lobato e que havia nascido em 18 de abril de 1882 na cidade de Taubaté. E a localização era fácil para nós porque a geografia que havia era a descrição do estado, através da localização de rios, estradas, estradas de ferro. Como diria o camarada Nelson Werneck Sodré, a geografia é a ciência pra se fazer guerra basta saber onde localiza-se a riqueza, a defesa. E em seguida aniquilar-se a defesa, pra roubar a riqueza e pronto. Bom se ele não falou bem assim eu entendi bem assim, e o importante é aprendizagem que o ensino possibilita.
Lobato estudou em Taubaté no Colégio Kennedy em 1889, e mais tarde já tentando entrar na Faculdade acabou reprovado nos exames do Curso anexo da faculdade de direito de São Paulo, e diante deste episódio dramático regressou a Taubaté onde colaborou com o jornal estudantil "O Guarany". Escreveu "Saci Perere-Resultado de um Inquerito", "O poço do Visconde", casou -se em 1908 com uma senhora que chamava-se dona Pureza. E esse nome é interessante. Pu-re-za. Teve com Maria Pureza de Castro Natividade, com quem teve três seguintes filhos, Marta, Edgar e Guilherme.
A Emília é a filha do personagem Monteiro Lobato, Ou seja a obra da arte-literária, que no Brasil, virou personagem da televisão num programa chamado "sitio do Pica Pau Amarelo.
Mas foi em 1914, que ele começou a criar polêmica no Brasil, em novembro deste referido ano escreveu os artigos "Velha Praga" no jornal o Estado de São Paulo, o Estadão do dia 12/11/1914 e Urupês no dia 23/12/1914, em que ele retrata o personagem Jeca Tatu, um homem do campo desnutrido e doente, cuja a ignorância leva a práticas predatórias, numa visão dominante (numa visão romântica e patrioteira do caipira, do índio, do negro e do caboclo.
Agora nos últimos tempos quando fazia o Curso de africanidade, todos diziam que Monteiro Lobato era racista. Mas estabelecendo a historicidade de seu tempo, eu diria que não só ele, mas quase toda a população brasileira, formatada, por uma cultura europeizada, que desprezava o processo cultural das comunidades indígenas, dos afros descendentes e africanas, que falava e muito mal sobre o a mestiçagem e o cruzamento de pessoas de de cores diferente, tanto que quando era pequeno se dizia o fulano e a fulana era de cor, como se todos os outros fossem transparente, mais é evidente a transparência da ignorância da estupidez se auto-evidencia com muita propriedade na população brasileira. E isto entre os sociólogos de boa índole chama-se "Politica do branqueamento", em que desejavam que as pessoas tornassem brancas. E que somente os brancos eram gentes.Coisas que vem da cultura européia estupidez pura.
A grande obra de Monteiro Lobato talvez tenha sido o Zé Brasil, um folheto de 24 páginas, afirmava que o Velho Jeca Tatu, preguiçoso incorrigível que depois das endêmias cronicas, transformou-se num trabalhador sem terra cujo o inimigo potencial era o latifúndio. E em 1947 o Zé Brasil ensinava que os adversário dos comunistas, dos operários, dos injustiçados, do mundo eram os que viviam a custa do trabalho alheio. Suas obras foram aprendidas, e em 1948 no dia 4 de julho, dia em que se comemora a Independência dos Estados Unidos da América desde 1776, ele sofre um acidente vascular, o que chamamos por aqui de derrame e morre, aos 66 anos de idade. Sua vida e sua obra continua a gerar belas e nobres discussões. E estabelecer em nós lembranças dos tempos de criança, tempos em que achava de crescer para mudar o mundo.
Hoje já penso o mundo mudou, mas é preciso pensar em nossas crianças. Não quero saber deste Congresso brasileiro de fracassados de pessoas estúpidas que insistem em ser governantes e deixa partes da população pelas oficinas, pelas enxadas, pelas calçadas, pelos desamores sociais, que desejam criar mais presídios do que escolas. Ou seja diante de uma pluralidade, querem excluir parte da sociedade humana. Estamos politicamente e culturalmente em ruínas.
Manoel Messias Pereira
poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP. Brasil
Comentários
Postar um comentário