Crônica - Sincronicidade Silenciosa - Edvaldo Jacomeli





Sincronicidade silenciosa

Edvaldo Jacomeli

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A borboleta ultravoou o parapeito da sorte. Talvez o destino nosso seja! Bem-aventurança, esperança em maços, cordilheiras de ventos bons. Argentina desfraldou a bandeira em bom e alto som: o povo coçou os olhos, feliz do pesadelo de que saiu. Isso pode ser a força vitoriosa da presença viva espaçada nos nervos pensantes do povo, o músculo da reação!



Aquele nó da garganta atravessando o oxigênio da laringe foi desatado. O povo assinou e confirmou nas urnas sua soberania. O mais emblemático vento das boas novas escancarou de vez a sorte. Amadureceu a esperança na Venezuela. Há cheiro de felicidade por todos os cantos, vozes livres vibratórias exalando clamor esfuziante. Vontade seja dita: paira no ar sabor de novas oportunidades, caminhos envoltos em panos embebidos de liberdade.



Há quem diga que a sincronicidade cósmica trabalha no silêncio da inteligência magna dos altos instrumentos divinos, costurando com habilidade o linho nobre da envergadura do bom argumento e da boa clarividência do melhor a ser feito para a humanidade.



Por tentativas e mais árduo procedimento em prol da busca do projetado espiritualmente para a harmoniosa congruência entre os povos, as divindades trabalham incansavelmente de encontro às expectativas e necessidades.



Não há estardalhaço nem bandeirolas, barulhos ou bateria de bumbos. Funciona como a um rio que desliza por seu curso de olhos vendados, auscultando as matas ao seu derredor, sulcando obstáculos e espairecendo sob os raios solares. As coisas impossíveis se tornam maleáveis, num ponto de fusão do inacreditável. Invisível. Incansável. Invencível. A mão da providência não se abala diante das dificuldades terrenas. Proclama e Edita. Em praça pública. Foro íntimo. Hora santíssima do sacramento fidelidade.



Tudo vai se juntando de forma mosaica, mordiscando frases e sentenciando ações. Formatando situações. Conjugando emoções. Catapulta de forças gigantescas, que se espalham através de redemoinhos de lutas.



A borboleta passou por entre o centro de meu olhar, toda colorida e esbaforida, cantarolando com o abrir e fechar de suas asas imantadas de beleza fértil. Parou no espaço, como a se abrindo para um abraço de congratulações. Ela diz que faz parte da natureza, da vida em seu volume cósmico, da essência bruta em sua magnitude líquida. Breve e simples. Esplendorosa!



Fico a pesquisar em sua fragilidade o sentido de acreditar. Constato em sua força leve o entardecer dos sonhos, num lindo desenrolar de risos. Arrebanho mordidas secas de saliva úmida. Suor de transbordamento das facilidades expostas. Por fim, a borboleta, dado seu recado, afasta-se. Voa ao horizonte confundindo-se com o arco-íris das chuvas de adrenalina de tantas utilidades benéficas. O pote de ouro ainda deve ficar no pé dos arcos multicoloridos que cortam o céu, riscando as nuvens de facetas em nuances diferenciadas. Em conjunto, dão sabor à vida nossa, aos sonhos nossos de um porvir atrelado a Alfa e Ômega. Abro os jornais e as notícias dão conta da veracidade do anunciado.

Edvaldo Jacomeli

artigo_colunista_Edvaldo Jacomelli Membro da Academia de Letras do Brasil
texto publicado no Diário da Região






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