Cronica - A Dança - Manoel Messias Pereira



A Dança

Caminhe, caminhe, caminhe em passos lentos, como se estivesse descobrindo o caminho, na leitura dos passos, no palmilhar das estradas, na alegria da partida e no choro da chegada. Caminhe um pouco mais depressa, como quem procura encontrar a estrela mais brilhante que há no céu. Quando essa estrela está no olhar da pessoa amada. Agora não caminhe corra, corra, e caia um nos braços do outro ou de outra, em ponha toda a energia dos braços no seu abraço. A ponto de perder o fôlego.

Fique um tempo abraçados, e respire fundo, o mais profundo respirar. E perca com o olhar nos olhos brilhantes de quem corresponde ao seu amor.

Há um som que parte de qualquer lugar, há um ritmo que aparece no ar, há um luza que parece ser do sol, escute o som, reflita na luz é tempo de dançar. Aplique os exercícios da ponta do pé, cuide dos braços escondendo os cotovelo, e acerte os passos numa combinação harmônica, como se fossem dois anjos, sem asas mas querendo voar.

Sinta-se leve, leve como a pluma, primeiro entenda que as crianças nascem com a flexibilidade e a ternura pra chorar. Essa criança que existe em nós nunca cresce, assim aprendemos a estruturar as nossas artes e quando crescemos podemos brincar a vontade. As brincadeiras pode ser de casinha, de coruja, de médico, de farmacêutico e de adultos. E quando brincamos disto temos que saber, o amor doe mas não pode chorar.

As vezes também brincamos com a religião. Porém nem sempre com a crença ou com a leitura sagrada podemos brincar. E sei que na Igreja vivem-sede dogmas, porém lembro que um teólogo monge beneditino chamado Marcelo Barros distribuiu para a imprensa no ano de 2000, uma artigo em que criticava a Igreja Católica em relação a sua moral. e defendia o uso do preservativo. e dizia que o que está em jogo era a vida de muita gente. E ainda contestava a condenação da homossexualidade.

Porém temos que ter a noção daquilo que é salutar, seja no contexto humano, divino ou profano. E pra isto a nossa dança concentra-se, medita-se, e tens oração, além de ritmos e interiormente em cada um o pleno silencio. É preciso dirigir toda a atenção ao objeto escolhido e primeiro passo é atingir o mundo físico ou apenas o mundo mental.E assim a mente que antes estava vazia será simplesmente ocupada com as fases e as relações humanas.

Porém é preciso caminha, caminhar e dançar, e nesta dança juntamente com essa oração parece que há uma inspiração divina, ou seja há uma aspiração da alma ao divino. E o que aprendemos e entendemos que nos ocultistas não há pedidos físicos ou materiais e sim somente no armazém eterno dos dons da Natureza encontramos, pedidos de confortos do alimentos espirituais harmonia, Amor, em verdades, em justiça em luz e coragem.

Mude os passos, lentamente, lentamente e aos poucos vai soltando mais rapidamente. E o silêncio estático que antes estava numa pessoa ganhou outras e todas elas correm cai nos braços do outro ou das outras pessoas refletindo entre dois grandes homens Karl Marx e Friedrich Engels. Marx acreditava na eliminação filosófica, por uma concretização radical que entre em lugar da liberdade obtida pelo modo de pensar, ou seja uma liberdade de transformação, de libertação, superando assim simultaneamente a filosofia e cumprindo suas aspirações. Enquanto que Engels vê que o antigo materialismo foi negado  pelo idealismo, Mas  a evolução posterior da filosofia, também o idealismo tornou-se insustentável sendo negado pelo materialismo moderno. E essa negação da negação, não é a simples restauração. Não se trata da filosofia mas de um nova visão de mundo.

Porém entre passos de danças, entre rebolados e remelexos, entre concentração e os orixás, sigamos a dança. Todos nós operários dançamos o ritmo pode ser do trabalho, do sons das máquinas, das canções, das cantigas de ninar, do barulho do mar, das cachoeiras, dançamos ao andar, dançamos ao falar, dançamos ao reclamar. Dançamos.

Por isto caminhe, caminhe caminhe em passos lentos, como se estivessem  descobrindo o caminho, na leitura dos passos, no palmilhar das estradas, na alegria da partida e no choro da chegada. E nisto é importante viver pois a dança sensual te leva até as vias sexuais e nisto há o choro da chegada com os gametas masculinos quando funde-se aos óvulos secundários ou gametas femininos na tuba uterina e ocorre a fertilização. E vejo o choro da chegada com o nascimento de uma criança. Tudo num ritmo o da vida, nesta paz infinitamente construída por dois ou mais  seres que se amam. e juntos dançam.


Manoel Messias Pereira

professor, cronista e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP.






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