Cronica - Caminhos da Igreja a partir de Leão XIII - Manoel Messias Pereira



Caminhos da Igreja a partir de Leão XIII

Hoje dia 20 de fevereiro, lembramos sim da figura do Papa Leão XIII, eleito neste dia de 1878,  para o seu Pontificado, na Igreja Católica Apostólica Romana. E foi nesse período em que desenvolvia em toda a Europa, o pensamento da classe trabalhadora, que já havia tido a experiência ludita, cartista, teve a aproximação das ideias socialistas com os desejos da classe trabalhadora, surgiram o pensamento socialistas utópico, a ideia da Associação internacional de trabalhadores-AIT, e todo o desenvolvimento do Socialismo Cientifico pensando por Karl Marx e Friedrich Engels. Teoria inclusive muito criticada pela Igreja Católica. Com isto coube à esse papa a elaboração da teoria Social da Igreja, chamada erroneamente por alguns de Socialismo Cristão, com a intenção de contrapor ao pensamento de Marx, em que a Igreja considerava um pensamento materialista, ateu e não cristão.

E observando o livro "A Doutrina Social da Igreja" de Henry George e Leão XIII, há amostra da operação de uma mudança no seio do clero. Em que o Leão XIII planta a semente num movimento que mais tarde será seguido por João XXIII e Paulo VI. E a primeira encíclica a ser trabalhada neste contexto é a Rerum Novarum, É o Vaticano se posicionando diante do impacto que as ideias marxistas provocavam nos operários, que para a Igreja Católica despertava o problema daquela massa de assalariado mas afastava da religião.

E no trabalho de Henry George mostra que a Rern Novarum apresentavam limitações condicionadas pelos interesses económicos e pelas ideias dominantes do sistema capitalista e daí a publicação de "A Condição de Trabalho", publicada em 1891 em Londres e Nova Iorque. Na qual imediatamente foi uma obra traduzida para o italiano por Ludovico Eusébio numa edição que de princípio circulou em Roma e Turim. E  o próprio Monsenhor Caprini, prefeito da Biblioteca do Vaticano da época encardenou um exemplar e presenteou Leão XIII.

Estes dois documentos coincidiram com outros pensares da Igreja Católica, quando Thomás Nulty, bispo de Meath, na Irlanda, havia publicado para ooclero e os leigos de sua diocese um ensaio sobre a questão da terra, conhecido como "Voltemos a Terra". Eem seguida Henry George publicara "Progresso e Pobreza". E já em 1882 o reverendo Edward Mc Glyn, um paróco da Igreja de Santo Estevão em Nova Iorgque adere ao Movimento de Henry George e Michael Davitt  e a Liga Irlandesa da Terra. Enquanto que o arcebispo Corrigan advertiu para que não se ligasse a nehum movimento que se assemelhasse ao socialismo. E essas informações não foram seguidas, mais tarde foram questões discutidas inclusive na Universidade Católica de Washington. E em 23 de dezembro de 1892 o arcebispo Satolli anunciou  em Washington-EUA, que McGlyn esta livre da censura eclesiástica e reitegrado as ordens sacras da qual havia sido afastado devido a todo o movimento. E este foi considerado o princípio da renovação da Igreja.

Portanto esse foi o princípio que levou Leão XIII, a ter alicerce no seu documento eclesiástico e mais de meio século passaria até que João XXIII, desse outro passo à frente, não obstante  a questão social continuar preocupando  todos os ocupantes do trono  de São Pedro. numa forma de combater o comunismo.

Observando o Documento Pontifício n. 135 "Sobre a Recente Evolução da Questão Social, de João XXIII, a Carta Encíclica Mater et Magistra, inicia o seu documento formulando dizendo "Mãe e Mestra de todos os povos, a Igreja Universal foi fundada por Jesus Cristo, a fim de que no seu seio e no seu amor, todos os homens, através dos séculos encontrem plenitude de vida mais elevada e seguro penhor da salvação." "A igreja coluna fundamental da verdade confiou o seu fundador santíssimo duas missão, de gerir filhos de educar e dirigir, orientando, com solicitude materna, a vida dos indivíduos e dos povos, cuja alta dignidade ela sempre desveladamente respeitou e defendeu. e que o Cristianismo é de fato, a realidade da união da Terra com o Céu, uma vez que assume o homem na sua verdade concreta de espírito, matéria, inteligência e vontade. Com isto a Santa Igreja tem de santificar as almas e de fazer participar dos bens da ordem sobrenatural e não deixar-se de preocupar com a vida quotidiana dos homens, não só naquilo que diz respeito ao sustento e as condições de vida dentro do condicionamento das varias época.

O que vemos mais tarde surgir, As Comunidades Eclesiais de Bases, a Teologia da Libertação, a criação das Pastorais sociais a Igreja da América Latina que vão em Puebla  fazer a opção pelos pobres,relembrando a origem de Jesus de Nazaré, rescrevendo a história, naquilo que se chamou uma nova missão de redescobrir o Brasil em relação aos povos indígenas sua organização comunitária, sua luta seu sofrimento  e em 1988 lembraram os negros na Campanha da Fraternidade. E deste contexto também surgiram as mulheres no seio da igreja com as Missionárias de Jesus Crucificado, que tinha e teve e tem e em 2002 no seu roteiros de encontro os temas eram a)Nascimento Renascer sempre, b) Os traços do rosto, nosso perfil e lembro de um documento chamado o povo sem rosto que inclusive era escrito em verso e tinha o desenho do contorno do Brasil do italiano Alberto Cantino de 1502, o que me leva realmente determinante dizer que a história do Brasil é uma montagem, c) Crescimento e que é a busco do clamor apaixonada pelo Reino, do povo dentro e fora do Brasil, na qual se enfrenta a violência com resistência e ternura. E movimento politico como a criação do Partido dos Trabalhadores -PT, assim como o pensamento sindical traçado numa central como a CUT, ou como o movimento dos trabalhadores Sem Terra como o MST, são filhos e frutos desta Santa Igreja, que mantém as Pastorais Sociais como do Trabalho, da Terra, dos Afrodescendentes, e cabe assim ressaltar os benefícios as lutas sociais que até então estas sementes de Leão XIII, produziu para a humanidade.

Enfim a ideia inicial do movimento da discussão dentro da igreja do tema relacionado com a luta de classe, nasce primeiro para combater as ideias marxistas, que tinham como alicerce as necessidades da classe trabalhadora, que diante da classe burguesa que resolveu-se com o apoderamento da natureza, com o desenvolvimento da revolução científica ao seu favor, que adotou as ideias iluministas e liberais para o seu desenvolvimento, criou-se um individualismo que o próprio sistema do capital promove, e assim tivemos as lutas da classe trabalhadora. Enquanto a Igreja na sua quase plenitude ficou por muito tempo ao lado de quem tinha o poder económico e político em mãos. E que ao perceber que as massas trabalhadora tinha no socialismo científico sua âncora corre para o desvio e a disputa. E é vergonhoso os documentos que essa Santa Igreja fala dos comunistas colocando-os como hereges, como pessoas desqualificadas e até julgando-os em muitas ocasiões negando-lhes a própria humanidade. É estupidamente vergonhoso. E a história não pode tomar esse ou aquele partido mas tem de estar acima de todas as ideias ideológicas e analisá-las dentro dos contexto, para o bem estar e correção de todos os eventos da nossa própria existência. Embora todos que estão lendo essa crônica vão lembrar da frase de Marx "A religião é o ópio do Povo", porém diante do que vemos no Brasil atual com os evangélicos  no absurdo na defesa mais da arma do que da vida, no apoio ao pensar governativo do fascismo brasileiro, no incentivo ao feminicídio, ao ódio ao próprio PT, que possibilitou a ascensão de quem até outro dia não tinha o direito de ter a alimentação adequada, ou não conseguia consumir os produtos oferecidos e propagados pelo próprio capitalismo, é a reflexão precisa urgentemente ser profunda.

Porém hoje temos o Papa Francisco, que no dia 2 de janeiro de 2019 na sua primeira audiência publica do ano na Sala Paolo VI, no Vaticano, falando sobre o Sermão do Monte, destacou que é melhor ser ateu do que cristão hipócrita. Acrescentando onde está o Evangelho há uma revolução, o Evangelho não deixa quieto nos impulsiona e é revolucionário. E Jesus condenava os hipócritas.


Manoel Messias Pereira

professor de história, cronista, e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP. /Uberaba-MG. Brasil.





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