Karl Marx deixou uma frase que disse "Não é a consciência que determina a vida, mas a vida é que determina a consciência. Já vi muita gente crer que o Materialismo Dialético opõe-se ao espiritualismo . Ou que no materialismo dialético não se pode acreditar na espiritualidade da alma e vice-versa. Pois bem no livro do professor Antonio da Silva Ferreira, pude guiar-me.
É preciso entender que o Materialismo Dialético não nasceu em oposição ao espiritualismo cristão, mas sim ao idealismo. E nisto podemos entender que o oposto do Materialismo Dialético é o Idealismo. E nisto temos que fazer um diálogo que envolve Georg Wilhelm Friedrich Hegel, professor e filósofo que alicerçou de princípio a sua tese na Crítica da Razão Pura de Immanuel Kant, e dizia que "a única realidade existente é a ideia; e por isto todo o racional é real e todo o real é racional. Enquanto isto para o Materialismo Dialética a única realidade existente é a matéria, de forma que se poderia parafresear dizendo: tudo o que é material é real, e tudo o que é real é material.
No idealismo a unica realidade é a ideia. enquanto que no materialismo dialético a unica realidade existente é a matéria.
Os idealistas sustentam que a ação nasce de princípios racionais e nele encontra seu pleno sentido. Pois bem para Karl Marx a ação nasce da realidade, da mesma realidade e cuja a validade nela se deverá conformar-se verificam - práxis: encontra seu pleno sentido na mudança da realidade na qual surgiu. Enquanto o idealismo deixa-se guiar pela lógica dos princípios e busca racionalidade das soluções, o Materialismo Dialético retira suas forças dos fatos da qual age e busca solução a que a dinâmica dos fatos pode levar.
No idealismo age-se buscando a instauração na terra de um ideal, ao qual a realidade concreta deverá conformar-se. O Materialismo Dialético não representa per si um ideal, ele é um movimento real que revoluciona a situação atual e leva a um novo estado de coisa.
Para o idealismo, as mudanças sociais dependem de personalidades excepcionais capazes de perceber a lógica das situações e aplicar corretamente os grandes princípios da dialética; no agir comum dar-se a importância aos que sabem e aos que são competentes. Porém para o materialismo dialético a mudança social é a obra de todo o povo, grandes personalidades incluídas, e no agir comum todos tem importância, uma vez que todos concorrem para a evolução da sociedade.
E a consequência no idealismo conduz por força de sua própria natureza, a um regime de oligarquia, onde os poucos conduzem os muitos. Mas no Materialismo Dialético por sua natureza, deveria levar, em sua fase final, a um regime de grande participação popular, onde de alguma forma todos colaboram à condução de todos.
O que é muito comum haver uma confusão entre o Materialismo Clássico e o Materialismo Dialético . E destas distorções é notadas nas realizações históricas do Materialismo dialético.
O Materialismo Clássico entendeu matéria como algo corpóreo, e opôs matéria a espírito. e até opunha matéria a energia, como vemos nos textos de física de algumas décadas atrás. Porém o progresso da ciência fez desaparecer a oposição entre matéria e energia, mas ainda hoje quem se professa materialista recusa-se a admitir a existência de espirito. Toda essa conversa nada tem haver ao Materialismo Dialético, como encontramos em Karl Marx. Portanto o Materialismo Histórico dialético de karl Marx podemos tê-lo em tres fases:
a) O Materialismo Histórico dialético descobre a base material de toda a história humana. Toda a atividade humana tem início na busca da satisfação das necessidades primeiras, que são todas de ordem material e que nos reduzimos a nutrir-se, defender-nos dos inimigos, proteger-se das intempéries, reproduzir-se. Partindo dessas quatros necessidades fundamentais é que se vão criando sucessivamente outras necessidades, as quais a sociedade procura dar resposta.
b)Entendida como atividade que busca a satisfação de necessidades, por toda a atividade humana se apresenta como uma atividade econômica. E o Marxismo justifica assim a aplicação das leis da economia política ao estudo da atividade humana.
c)E finalmente como a contradição é a alma da realidade, é necessário individualizar as contradições existentes na sociedade de um dado momento histórico e que indiquem as linhas da evolução que ela se encerra. E essas contradições, são de natureza econômica.
O pensamento e a história já podem cristalizar-se na tríade de Hegel como disse o professor Eduardo Sucupira Filho em relação tese-antítese-síntese. A teoria hegeliana da ideia absoluta projeta-se o espírito na natureza para depois volver-se como o espírito. Até surgir a expressiva figura de Karl Marx, que lança a tese contrariando a tese hegeliana de que não é a consciência do ser humano que determina sua existência , mas ao contrário, a sua existência social é que determina a sua consciência.
Enfim para Karl Marx o conceito tradicional de filosofia foi acrescido de uma expressão criadora o conceito político. Enquanto que os outros pensadores defendiam os direitos da inteligência isolada da prática política. E o que vemos no marxismo é que a filosofia quando não vai unida a uma política não chega nunca a uma verdade. Portanto houve a necessidade que mar observou e retirou a filosofia da sua nebulosidade. Com Marx vimos a teoria restabelecer os vínculos com a prática.
Manoel Messias Pereira
cronista, poeta, professor
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP.
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