Solidariedade a Cesare Battisti


Solidariedade a Cesare Battisti. Abaixo a perseguição fascista!


imagemComitê Central do PCB
O desfecho das progressivas violações que vinham sendo feitas contra Cesare Battisti pelos governos Temer e Bolsonaro, contra seu direito de asilo, foi o pior possível. Evo Morales, que se autoproclama de esquerda, entregou Battisti ao comando ilegal e fascista ítalo-brasileiro para que fosse deportado, em voo direto, sem passar pelo Brasil para que (sic) “não ocorresse nenhuma possibilidade de que sua defesa impetrasse um Habeas Corpus preventivo”, quer dizer, para que Battisti não pudesse exercer o direito fundamental e inalienável de autodefesa. O mais grave e imoral disso tudo, é que Battisti havia solicitado formalmente asilo na Bolívia, processo que não chegou a ser julgado, dada a subserviência do governo Morales ao Brasil de Bolsonaro, ao governo protofascista italiano de Salvine e aos Estados Unidos da América de Trump.
Cesare Battisti chega a Roma e é exibido como troféu por Matteo Salvini e pela direita europeia, sendo que imediatamente à sua chegada, é posto em uma prisão de segurança máxima, na ilha da Sardenha, para que sejam dificultadas as manifestações por sua liberdade.
O caso Battisti está no âmago de um processo histórico ainda não resolvido na Itália. O assim chamado Anni di Piombo (Anos de Chumbo), ocorrido entre os anos 1960 e 1980, foi um período de grande radicalização política e aprofundamento da luta de classes. Naquele momento, surgiram grupos violentos de extrema direita e organizações de esquerda, como as Brigadas Vermelhas e os Proletários Armados para o Comunismo, ambos nascidos nas fábricas, e também nas universidades, como dissidência das políticas reformistas do Partido Comunista Italiano. O Estado italiano desencadeou uma grande repressão a esses grupos, particularmente aos de esquerda, por pressão do PCI que, na época, costurava seu Compromisso Histórico (Compromesso Storico) com a Democracia Cristã. Nesse contexto, valeu-se do recurso jurídico, atualmente bem conhecido em nosso país, das “delações premiadas”, em que ex-guerrilheiros “arrependidos”, denunciavam ex-camaradas para livrarem-se das penas duríssimas, como a prisão perpétua, inclusive com denúncias por parte da Anistia Internacional, de confissões feitas sob tortura.
Objetivamente, não houve demonstrações de provas concretas, e todo o processo baseou-se apenas nos relatos do ex-guerrilheiro “arrependido” Pietro Mutti. Cabe dizer, ainda, que naquele período prevalecia uma lei de exceção que concedia às investigações das organizações consideradas terroristas detenções de pessoas sem autorização judicial e que, até hoje, dificultam qualquer tentativa de reabertura dos processos que envolveram as organizações subversivas dos “Anos de Chumbo”.
Esclarecidos os fatos e demonstrada a injustiça e a covardia cometidas contra Cesare Battisti pelos governos brasileiro e italiano, com a vergonhosa colaboração de Evo Morales, o PCB vem a público denunciar a farsa reiterada pelos governos Temer e Bolsonaro, repercutidas pelos meios de comunicação, coniventes com as mentiras e as distorções dos fatos que envolvem tanto Battisti como o que ocorreu nos “Anos de Chumbo” italianos, ferida aberta que deve ser purgada em um amplo debate nacional, com as aberturas dos arquivos para a sociedade nacional e internacional.
O Partido Comunista Brasileiro, juntamente com a comunidade democrática internacional, exige das autoridades italianas que revejam amplamente a condenação de Battisti (assim como de todos os outros julgamentos, realizados naquele período), plenos de incorreções jurídicas, o que põe a lisura do processo movido contra ele e, consequentemente, sua condenação, no mínimo sob suspeita, deixando claro tratar-se de uma deliberada política de perseguição política aos lutadores revolucionários.Liberdade para Cesare Battisti!

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