A vida de Jean Genet
A França de 1910, teve no mês de janeiro, em Paris uma chuva constante que fez o Rio Sena transbordar, inundando a cidade. Porém o fato mais conhecido desta época foi a Revolta da Champanhe, tumultos que ocuparam 1910 e 1911, como resultado de uma série de problemas enfrentado pelos produtores de uvas, com a perda da colheita que já durava quatro anos. Outro fato interessante foi a gravidez de uma senhora chamada Camille Gabrielle Genet, uma simples cortesã, porém a texto que disse que ela era uma costureira, uma triste mulher que ficou gravida e em no final deste ano em 19 de dezembro de 1910, deu a luz a um menino, cujo o pai ela não sabia quem era, embora a textos que disse ser um operário desconhecido,e o garoto recebeu o nome de Jean Genet.
Um bebe parisiense que foi deixado num cesto no Bureau d' abandon e acabou sendo adotado por um casal de Marvan na Borgonha. Num tempo em que era comum enviar às regiões rurais as crianças abandonadas da capital.
Foi um garoto que teve uma infância difícil,uma adolescência complicada e aos quinze anos teve uma passagem por uma colónia penal Meltroy por pequenos crimes e delitos. Após abandonar a família adotiva, passou a sua juventude em reformatórios prisões e foi onde afirmou a sua condição homossexual. E aos 18 anos ingressou na Legião estrangeira Francesa, mas logo foi desligado pois foi descoberto fazendo sexo com outro homem, e por isto foi afastado por desonra.
Após esse fato tornou-se andarilho, para a sobreviver virou pedinte, faminto, cheio de piolho, passando frio dormindo pelas calçadas e nessa condição conheceu toda a Europa, a Espanha, a Tchecoslováquia, a Alemanha nazista, a Itália. E constantemente foi tendo muitos amantes, foi cometendo delitos como pequenos roubos, teve um crime de morte e acabou sendo condenado a prisão perpétua.
Junto a essa condição de marginalidade havia suas obras poéticas, teatrais, romances, e foi assim chamado de escritor maldito, cujo as suas peças, romances tinham sempre como protagonistas delinquentes e marginais.
Em 1948, ele teve a sua obra reconhecida por grande nomes da filosofia, escritores, como Jean Cocteau, Jean Paul Sartre, teve amizade como Jacque derrida, Michel Foucault, Juan Goytisolo e Alberto Morávia, conheceu o compositor Igor Stravinski, Pierre Bouloez, o diretor teatral Roger Blin, além de políticos como Georg Pompidou e François Mitterrand. Com isto ele ganhou a liberdade.
Escreveu O Balcão, Os Negros biombos, criou uma mitologia pessoal marcada por escândalos , roubos e rixas, Nossa Senhora e Milagre das Rosas. Todos esses trabalhos artísticos e muitos outros ficou famoso.
Teve uma tristeza com o suicídio de seu amante Bernard Fre Chatman, e ele próprio quis suicidar-se. Porém conseguiu superar. Já em relação as suas obras passou os anos sessenta colhendo frutos da mesma.
Entre as suas peças teatrais vale lembrar que no Brasil "O Balcão teve sua montagem de gala e com sucesso no Teatro Brasil e, encenado pelo diretor argentino Victor Garcia e cenografia de Ruth Escobar na sala Gil Vicente em 1969. Na época chegou a vir no Brasil ficando hospedado num residência em São Paulo, para acompanhar a montagem de sua peça por Ruth Escobar.
Nos anos 70 até a sua morte em 1986 engajou-se na defesa de trabalhadores imigrantes na França, assumiu a causa palestina, envolveu com os lideres do Movimento como os Panteras Negras e Beat niks.
Publicou a Memória de um Ladrão, onde narra as suas aventuras, andanças pela Europa e paixões e seus sentimentos.Chegou a receber o Grande Prêmio Nacional da literatura francesa em 1983.
Jean Paul Sartre, fazia comparações a Jean Genet a um Santo, por uma razão muito particular. Genet escreveu Sant Genet ator e marginal, referencia que são perdidas no título de sua obra em francês. Já Patti Smith declarou num texto na Folha de São Paulo, que Genet revela suas aspirações juvenis, sua doutrina como poeta e seus princípios como homem. E nos oferece uma única sentença, o uniforme dos presidiários listrados de rosa e branco, depois joga o leitor no espaço sagrado do presídio
Ele tinha uma mania de escrever manuscritos sendo esses testamentos. Na qual ele dizia que deixava todos os seus direitos literários, assim como cinematográficos , teatrais enfim todos os relatórios de minhas obras ao Sr. Ahmed Lo Houssine. E assim também pedia a senhora Monique Lange e ao Sr. Juan Gorylisolo encarregado de seus testamentos. Porém não sabemos quem é esse ser que ficaria com seus direitos, não é explicado nas suas biografias.
Entre os filmes baseados na sua obra a uma variedade imensa como Tango dos marinheiros -produção de 2016, Die Zofen produção de 2008, Jean Genet, c'etai pas moi de 2006, Serv e padrono de 2003 e Saint, Martir et poèt 1975, O Balcão de 1963. São muitas obras.
Jean Genet se vê como acólito brilhante com uma coroa de espinho na cabeça usando cores inversas da sagrada, muito de suas obras foram feitas na cadeia. Muitos de seus amores foram amigos de cela, sua história é consagradora e a sua morte o destino reservou o dia 15 de abril de 1986, o chamado Ano Internacional da Paz.
Falece mas perpetua para toda a eternidade. Deixando-nos aqui com a beleza e a reflexão de suas obras enquanto as estrelas na noite reluzem anunciando que em todo o dezembro fazemos o presépio de Cristo, mas que a na sua vida teve a coroa de espinho, sempre lembrada por Jean Genet, que como disse Jean Paul Sartre é um santo, mártir, lembrado na história literária do mundo.
Manoel Messias Pereira
cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São Jose do Rio Preto-SP. Brasil
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