Folhas soltas da criação
Quando comecei a ler um livro de Pierre Macherrey vi que as folhas estavam soltas, é foi preciso começar a organizar essas folhas numa sequência. Achei de inicio um simples exercício de organização.
O que interessei de principio foi numa das páginas cujo o numero era sessenta e sete, na qual um texto sobre a Teoria da Produção literária e no capítulo 11, havia o sub-título chamado criação e produção, e neste texto o autor estabelece que devemos colocar na dependência de uma ideologia humanística em que o ser humano deva entregar-se os seus pretensos poderes. Ou seja que possibilite tornar-se criador de suas próprias leis da sua própria ordem.
E diante disto o ser humano faz-se o ser humano aprofundar-se de forma contínua e natural, libertar-se para a criação como se fosse um parto. Como se desse a luz.
A figura do parto é na verdade uma passagem da teologia para a antropologia e opera aparentemente, uma mutação radical. Por que neste contexto o ser pode criar na continuidade, atualizar uma potencia, efectuar algo novo. Mas essa mutação é apenas uma adaptação.
E assim chegamos a seguinte conclusão de que a antropologia é uma teologia empobrecida invertida, pois se na teologia havia um Deus-homem vai sim aparecer é um Humano, Deus de si próprio, repelindo incessantemente a sua eternidade e o destino que traz para si próprio.
O oposto do ser humano criador é o ser humano criatura alienado, privado de si mesmo. E este ser alienado é um ser humano sem o humano: O ser sem Deus sem o Deus que é para o homem o ser humano.
O ser humano é a contradição impossível de se resolver, como podem o ser modificar-se e se tornar diferente. Seria preciso protegê-lo, permitindo continuar a ser o é proibido qualquer modificação real de seu estatuto de ser humano.
A ideologia humanista é profundamente reacionária no seu postulado tanto na teoria quanto na pratica.
A Declaração dos Direitos do ser humano, chamado de monumento do humanismo não é uma instituição mas uma declaração e nela elimina-se a distancia que separa o ser humano dos direitos universais necessários e eternos.
O ser humano é deslocado de si próprio é isso o que vemos na ideologia humanista. E é assim que a alienação humanística explica a alienação religiosa.
Porém não podemos limitar-se a um livro ou há uma única explicação filosófica, lemos em Roger Garaudy que o humanismo é a religião da arte, que vai do itinerário ao ser humano até ao espaço sem margem.
A arte é a obra do ser humano e a tentativa de passar da religião para a estética. E a estética é a ética do futuro.
O ser humano libertará a propósito pela passagem da religião à arte. E ao pensar nisto lembro de um professor de filosofia que dizia "eu não acredito na religião mas acredito na força da arte que tens os templos religiosos, é grande demais e traz uma sensação de paz".
Agora o que temos que entender que a arte não é apenas obra de um ser humano, mas daquilo que se produz, o que não é o caso da religião, que não foi por acaso que se instalou no lugar que ocupa todas as religiões espontânea da espontaneidade o que é com efeito na espécie da criação.
Em outras palavras o ser humano gera o ser o ser humano. O artista produz obras em condições determinadas, assim como o operário não de si mesmo, mas de maneira escapa-se e somente posteriormente se apropria.
Um dia alguém antropologicamente descobriu-se que o seu cérebro escreveu entendeu que havia um Deus. E este ser desistiu da religião, que sempre trazia a informação de que Deus fez tudo, fez todos. Este ser descobriu que há um pensar da religião neste contexto. E invertindo tudo chegou este alguém a dizer que os pensares humanos elaboraram este " Deus", para servir de fortaleza aos que sente-se o medo do mundo, preso a uma necessidade maior na sua existência, uma força superior de que todos os homens já possuem, e há quem encontrou na vida a ideia de um milagre. E nisto o que as religiões usam e obtens a ideia deste ser poderoso é uma muleta para caminhar. E neste contexto temos os livros sagrados como a bíblia, e outros, os símbolos, e outros elementos de crença.
Um ser humano que tens um olhar simbólico no materialismo histórico dialético, sabe entender estes elementos. E sabe que além de sua existência fica apenas um exemplo do que ele será em vida e ficará para posteridade e até no contexto de um exemplo de ancestralidade, para a família e talvez seu circulo social. Já aqueles que mantém o medo, que mantém a crença num Deus sabe de explicações de céu, de espírito, do inferno, do purgatório, do érebo ou seja outra coisa que somente a teologia ou as formas de estudos de Deus possam explicar e cada qual no seu quadrado.
Todas essas questões filosóficas, não são frutos apenas da filosofia mas teve início num estudo literário a partir do livro "Para a teoria da Produção Literária" escrita pelo professor Pierre Macherey, porém sabemos de qual local partimos e o nosso destino literário, não sabemos onde repousará.
Manoel Messias Pereira
professor de história, cronista e poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil
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