Artigo - O falecimento de Mãe Stella de Oxossi - Manoel Messias Pereira


O falecimento de mãe Stella de Oxossi

Hoje a cultura afro-brasileira, ficou um pouco mais pobre pois ontem dia 27 de dezembro de 2018, faleceu aos 93 anos de idade a yalorixá Ilê Axé Opó Afonjá a  Mãe Stella de Oxossi, como ficou conhecida Maria Stella de Azevedo Santos, que era natural de Salvador-BA. E estava internada no Hospital Incar de Santo António de Jesus no Recóncavo, na Unidade de Terapia Intensiva desde o dia 14 de dezembro de 2018. E o seu falecimento se deu no dia 27 do corrente mês as 16 horas. E sua morte teve como causa por sépse de foco urinário, bem como insuficiência renal cronica associada a hipertensão arterial sistémica.
Mãe Stella de Oxossi, nascida de uma família de seis irmãos, filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo, era a quarta filha. Entre seus ancestrais vemos sua avó materna que era filha de Maria Konizbagbe, uma africana de etnia de egba, E sua chegada ao Brasil se deu ao nove anos de idade. E a história contada mostra que Maria Konigba estava na aldeia, quando alguém pediu para ela levar uma encomenda até a um navio. Chegando lá a criança foi presa e trazida para o Brasil.

Mãe Stella foi levada a casa de Candomblé aos 13 anos, por dona Arcanja, pois teve comportamento que indicava  que precisava ajuda e para tanto apresentou para oluô Pai Cosme de Oxun que propós a iniciação de Maria Stella, e isto levou-a até mãe Menininha  do Gantois. Dona Joaninha que era a governanta da casa entregou Stella a Maria Bibiana do Espírito Santo, a mãe Senhora.

E aos 14 anos Mãe Stella iniciada recebe o oruko Odé Kayodê, e seus desígnos era ser iyalorixá. Ela estudou no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora dirigido pela professora Dona Anfrisia Santiago. Formou-se em Saúde Pública, exercendo a função de visitadora sanitária profissão que exerceu por trinta anos.

 Como mãe de santo escolhida em 19/03/1976 e passa a ser a quinta mãe do Ilê Axé Poó Afonjá conforme registro transcrito pelo Conselho religioso que contou com a presença de 136 pessoas. Em 1981 ela visita a Casa de Orixá em Oshagbo na Nigéria. E em 1983 o professor Wande Abimbola reitor da Universidade de Ilê-Ifé faz questão de realizar a II Conferência da Tradição dos Orixás e cultura Yorubá em Salvador, por entender as profundas raizes que temos no Brasil. Foi quando mãe Stella fez o seu primeiro pronunciamento na Conferência que ocorreu entre os dias 17 a 23 de julho de 1983. Ela também esteve presente na III Conferência da Tradição dos Orixás e Cultura em1986 que ocorreu em Nova Iorque.

Mãe Stella escreveu aproximadamente dez livros e entre os quais "Dai aconteceu o encanto" juntamente com Cleo Martins em 1988, "Meu Tempo é agora" Ed.Odaduwa- São Paulo" em 2010, Lineamento da religião dos Orixás-Memórias e ternuras em 2006, "Òsósi -Caçador de Alegria em 2007," E pé Laiyé-terra viva em 2009, além de outros. 

Recebeu o título de posse da Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira n.33 em 2013.
Recebeu ainda Prêmio jornalístico "Estadão" na condição de fomentadora de cultura, em 2001. E em 2009 ao completar 70 anos de sua iniciação recebeu o Título de Doutora Honoris Causa pela Universidade do Estado da Bahia. Em 2010 recebeu das mãos da vereadora Olívia Santana uma placa pelo centenário do terreiro Ilê opó Afônjá ao lado de Juca Ferreira  e do secretário da Cultura Márcio Mendes no plenário da Câmara de Salvador. O que foi registrado no Diário Oficial da Bahia em 15 de julho de 2010. Foi convidada e integrou o Conselho Curador do Ministério de Cultura. Em 1987 fez parte da comitiva de Pierre Verger para a comemoração da Semana Brasileira na República do Bênin, na África, na qual a sua presença foi destaque e ela foi recebida com honras de líder religiosa

Sua morte foi lembrada pelo prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto, que lamentou a morte da yalorixá e informou que vai organizar uma homenagem para eternizar o nome e a obra da sacerdotiza. O mesmo fez o presidente da Câmara de vereador Leo Prates (DEM) que lamentou a morte e disse que o Brasil perdeu uma referencia da religião de matriz africana, ressaltando a sabedoria e a ponderação de Mãe Stella. E o Governador Rui Costa também deixou as condolências a família e demais amigo.

Ela neste ano com as eleições de quem dizia que negro não serve nem para procriar ela ficou bastante triste deixando uma série de perguntas de como seria dançar com o toque do tambor lembrando com melancolia das dores de tanto africanos e observar que com um voto elegemos quem maltratam os negros. Outra coisa é que ela foi morar em Nazaré deixando o terreiro lá em Salvador e há varia mães e filhas de santos ficaram tristes também e inclusive há acusações  de que ela havia levado certos móveis. A fala de  mãe Maria, disse que ela estava se despedindo, quando disse vou e não volto mais fato ocorrido no dia 10 de dezembro de 2017, isto no ano passado e a casa somente estava fazendo algumas obrigações internas. Creio que a existência de cada ser humano deve ser encarada como uma experiência espiritual única. E cada um reage a sua maneira.

Nós do Coletivo Minervino de Oliveira-de São José do Rio Preto-SP, solidarizamos e juntamos as dores de seus familiares e irmãos de fé, em condolências. O corpo da yalorixá será sepultado em Nazaré das Farinhas a 216 Km de Salvador neste dia 28 de dezembro de 2018 as 16 horas no Cemitério Nosso Senhor dos Aflitos.


Manoel Messias Pereira

Membro do Coletivo Minervino de Oliveira de São José do Rio Preto
Membro do Conselho Afro-Brasieiro de São José do Rio Preto-SP
Membro da Academia de Letras do Brasil - ALB -São José do Rio Preto-SP.









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