Olhos para o Brasil
Penso que nascemos sentindo o cheiro do café, ouvindo pelas manhãs o canto do galo no quintal, nos domingos ouvindo o repicar da viola, entre uma toada, uma chula, vendo e ouvindo as estórias dos pescadores que sempre busca o melhor peixe nos rios, e isto tudo faz parte da nossa cultura.
O jeito do Brasil, é uma relação entre a literatura e á vida. Dizem que o romantismo enraiza nas tradições e implanta uma revolução de conceitos. Todos os brasileiros são bons prosadores e usam a língua portuguesa com desdenho e pronunciam as palavras carinhosamente erradamente, e assim fósforo vira forfe, mulher vira muié, trabalhar vira trabaiá, e há quem faz desta forma de conversa o chamado caipira.
Porém temos um interior urbanizado, nosso sertão tem luz elétrica, estradas pavimentadas,canais pagos de televisão, produção mecanizada, administração informatizada.
Hoje a população toda está geograficamente vivendo nas cidades, que tem uma infra-estrutura europeizada, com seus valores estabelecidos, suas elites brancas pensantes, com suas universidades clássicas, suas cantigas sendo uma mistura de rock and roll, com gírias, breguices e batuques.
Os batuques são ternas interferências que nascem nos arrebaldes, com versos martelados políticos sociais, colocando gritos de dores estridentes e aguerridos, que diz dos baixos salários estabelecidos no Brasil, que fala da violência e abandono dos governantes em relação aos brasileiros,que já fazem escolas de espera, tiram doutorados de filas. E quem governa tem uma boa relação com aquilo que vem da economia privada. para o povo é só migalhas ou seja o povo das forças de trabalho, que muitas vezes fica desempregados e no desespero.
É preciso pensar no Brasil e ter esse País nas mãos, melhorar a assistência pública, a saúde, a educação. Olhar além da televisão, relacionar-se numa espécie de diálogo consciente, em que a bipolaridade de viver e a contradição do existir faça parte de cada um de nós, como um movimento descrito pra criança, eticamente com respeito, sociabilidade e responsabilidade, pensando num futuro melhor e promissor.
Manoel Messias Pereira
professor, cronista e poeta brasileiro
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil
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