Cronica - O golpe da Existência - Manoel Messias Pereira


O golpe da existência

Há mais sonhos acumulados em nosso sub-consciente, fruto de toda uma vida, do que aquilo que podemos retratar e expor com arte na realidade.

Estes sonhos talvez sejam partes parte do arsenal de desejos, de resoluções, que nem sempre ocorre conforme a nossa ideologia. E daí sim moldamos no contexto de uma vivência em que há frustrações e compensações. Um dia lendo Claus Offe, e vi que ele dizia  que entre dois sistemas políticos divergentes iam um assimilar o outro e de forma inevitável. Mas essa combinação era algo feito por sociais democratas que pensavam num transição o que acredito que seja o neo-liberalismo.

Quantas vezes sonhamos em conversas com plenas satisfações de nossas organizações, sejam nas coisas públicas ou privadas e muitas vezes despertamos na ilusão de algo aconteceu. Mas são somente sonhos. E em verdades solitários, sem ter onde agarrar, procurando sair de nossas frustrações, sufocados em nossas depressões sociais, vendo muitos sorrirem e querendo ver os fins dos sorrisos.

Não ganhamos, não compramos, não vendemos, e não temos como nos alimentar no dia, nem como nos embriagar na noite e tudo é de angustia choramos.

E duro os que vem como a ideia da crença, na leitura de um ser superior, um Deus, um super-homem, como se fossemos apenas uma criatura, numa suposição do medo estruturado no funcionamento real do mundo. E entendemos que tudo isto é o controle ideológico prontamente armado.

Tenho a minha consciência individual, mas também sei da consciência coletiva, nos tratados de histerias, neurastenia, no esgotamento natural dos nervos, no estado de possessões sugestivas, na busca do diabo embusteiros, dos dogmas.

Quero afirmar que nada é tão criativo, que não possamos pular da cama e procurar outras coisas pra fazer, como uma andorinha que salta do ninho entendendo que teus sonhos sufocam a sua realidade. Andorinha ganha o céu em vôos panorâmicos, em busca de espairecer. E nos buscamos as vezes o bar, na leitura das bebidas, na conjecturas do sabor.

Para Sigmund Scholomo Freud o que sonhamos não é o que parece ser, mas sim algo mais profundo e distorcido que carece de interpretação para ser compreendido, graças a condensação ou síntese de ideias, conteúdos com pontos comum e fusão de ideias, afeto, desejos semelhantes ao objeto de deslocamento. Todo o sonho tem um conteúdo latente e um conteúdo manifesto.

Com isto sou consciente de todos os meus sonhos, mas frustrados, as vezes diante de uma realidade que é minha, porém não é como eu sempre sonhei ideologicamente. E assim adapto, não crio, não acredito no milagre, vou vivendo na premissa de sonhos entre fantasias, e o golpe da existência.



Manoel Messias Pereira


professor de história, cronista, poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil


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