Moçambique na serenidade da Paz
Em 25 de setembro de 1964, temos a informação de que foi deflagrada a luta armada da Frente de Libertação de Moçambique. E essa história é parte da luta de um povo por sua auto-determinação. Uma vez que todo o território do continente africano serviu ao processo imperialistas dos países capitalistas, industriais, que na expansão, na fase superior do sistema capitalista, criou um processo de ter nos continentes asiáticos assim como africano e américo-latino, um local de dependência do capital industrial e financeiro europeu e estado-unidense.
E para entender esse processo é interessante observar que a Primeira Guerra Mundial, ocorre, quando os interesses destas potencias imperialistas e neo-colonizadoras, da Europa percebe-se que a Ásia, a África, já estava toda retalhada, utilizada na busca de matérias primas, de mão de obras baratas, de um mercado consumidor, dos produtos industrializados. E para tanto esses continentes necessitou na lógica do capital, serem dominados e postos como territórios dependentes, culturais, educacionais, teologicamente e religiosamente, social, política e economicamente houve a necessidade de quebrar a hegemonia da filosofia daquele povo e introduzir conceitos tidos como científicos, e tornar todos submissos culturalmente.
Após essa etapa temos sim o confronto destes imperialistas no seu próprio território ou seja na própria Europa. E nisto temos vendas de armas, de material bélico, de fardas de soldados, e mais tarde de materiais de construção após as destruições. Ou seja um grande comercio. Coisas que alimentam seres humanos, na luta por seus lucros e riquezas, embora as pessoas de condutas ético-moral sentem-se penas e acreditam que há uma desumanidade na guerra, e permanecem apenas na interação da ajuda humanitária e esquecem que isto não é uma ação natural, mas sim uma provocacão natural de autores sócio-políticos que armam esquemas, estratégias, que tens de princípios o saque da riqueza do outro. Em resumo isto é a guerra didaticamente.
Para Portugal era necessário se fazer presente em Guiné, Angola e Moçambique, e com isto recorro-me a obra "Razões da Presença de Portugal na ulltramar, em que há vários discursos de Dr. Marcelo Caetano do Conselho de Ministro publicado em 1973. e recordo num fragmento de 27/09/1968 quando os portugueses tens uma chamada tarefa considerada inadiáveis "Temos de fazer face a tarefa inadiáveis. Enquanto as Forças Armadas sustentam o combate na Guiné, em Angola e em Moçambique, e nas chancelarias e nas assembleias internacionais a diplomacia portuguesa faz frente a tantas incompreensões, não nos é lícito afrouxar a vigilância na retaguarda. Em tal situação de emergência há de continuar a pedir sacrifícios a todos, inclusivamente nalgumas liberdades que se desejaria ver restauradas."
E ainda na página 9 do referido documento, ou seja o livro em epígrafe temos o seguinte "A importância fundamental do ultramar em que consta o seguinte "todos nós temos consciência que o ultramar reveste hoje na vida pública portuguesa. com a civilização dos povos e a valorização das terras das províncias ultramarinas que foram ocupadas progressivamente desde 1961, um lugar para cada vez mais largo e destacada preocupação dos governantes que desencadeou no Norte de angola um surto de violentíssimo terrorismo." ...Em Angola e Moçambique residem, labutam e seguem seu destino centenas de milhares de brancos, muitos deles nasceram lá. " Essas informações provindas dos textos portugueses dão uma noção de como era naturalizada a pilharia ocorrida em África.
E se fomos observar no Livro "Africa a vitória traída" vamos obter por exemplo uma série de causas segundo o pensamento dos generais portugueses, do período de Salazar, como os generais Joaquim da Luz Cunha, Kaúlza de Arriaga, Jose Manuel Bethencourt Rodrigues, e Silvino Silverio Marques, que vão expor a suas formas de pensar a partir da guerra fria e no combate que eles convencionam a chamar de imperialismo comunista e toda a luta libertária eles chamam de terrorismo.
Porem o entendimento da luta do povo moçambicano era sim pela autonomia dos povos e por sua autodeterminação, o que todos nós em princípio entendemos e respeitamos e observamos isto e reporto-me ao período em que cria-se em Lisboa o Centro de Estudos Africanos por Agostinho Neto, Mario Andrade e Amílcar Cabral em 1948, quando centenas de negros de Moçambique foram deportados para a Ilha de Sáo Thomé pelas autoridades portuguesas. Porém no ano seguinte Eduardo Mondlane cria-se o núcleo dos Estudantes Secundários Africanos e em 1959 surge em Moçambique a Fundação do Manu - união Nacional Africana de Moçambique. E nos países de Angola, Guiné e Moçambique surge a Frente Revolucionária Africana para Independência nacional, e neste ano em Moçambique temos o massacre de Mueda em que morrem quinhentas pessoas. E ainda hoje em Moçambique há moçambicanos com o discurso do colonizador dizendo que isto é coisa da Felimo, e que nada aconteceu.E neste mesmo ano surgiu a Fundação em Salisbury da Udenamo (União Democrática de Moçambique). Já em 1961 correu a fundação em Malawi da UNAMI - União Africana de Moçambique Independente, e mais tarde então temos o agrupamento da Udenamo, Manu e Unami e surge a Frelimo, elegendo Eduardo Mondlane como presidente no dia 25 de junho o chamado dia Internacional de solidariedade do PovoMoçambicano. Em 1963 temos a Greve dos estivadores em Lourenço Marques, Beira e Nacala. E em 1964 o incio da Luta armada do povo moçambicano.
Em 1968 Temos II Congresso da frelimo realizado em território Moçambicano em Niassa, sem esquecer que uma ano antes temos a chamada frentes de guerrilhas nos distritos de Tete e Zambézia, e no trabalho de guerrilha temos sim algo muito perigoso que é a infiltração feita pelos colonizadores de pessoas sabotadoras dentro do processo. Ainda temos Moçambique com um papel internacionalista em todo o continente africano. Porem temos em 1969 o assassinato de Eduardo Mondlane em Dar-es Salam em 13/02/1969. E para manter a luta a organização do triunvirato formado por Samora Machel, Marcelino dos Santos e Uria Simango. Porém alguma coisa acontece e Uria em novembro precisa afastar-se deste grupo. No ano de 1970 temos a conferência de solidariedade para com os povos das colônias Portuguesas ocorridas em Roma no dia 26 e julho. E em 14 de maio de 1970, Samora Machel presidente e Marcelino dos Santos vice da Frelimo.
A Frelimo era uma organização marxista -leninista, que defendia liquidar o colonizalimo português, e permitir que o povo moçambicano pudesse viver em paz,que pudesse governar por si mesmo, escolhendo o seus dirigentes, elevando o nível de vida, construindo uma economia. Com igualdade nas relações sociais, desenvolver a sua cultura num Moçambique independente , próspero evoluído e democrático. Porém forças ocultas provindas de Portugal e também da Inglaterra, forças do capital fizeram boicotes, craram intrigas, um processo de discriminação racial foi estabelecido por valores provindas de outros continentes, e assim vimos aparecer outras etapas para a Frelimo como unir todos o povo moçambicano para a libertação nacional.Além de também aplicar uma política externa de solidariedade e cooperação com todos os povos, governos e Organizações Anti-colonialistas e anti-mperialista.
colaborando com o processo da autodeterminação dos povos encontramos O Conselho de Segurança da ONU que reunidos em 31 de julho de 1963 aprovou uma resolução por 8 a favor e tres abstenções condencando a política colonialista portuguesa na África. E a favor desta resolução temos o Brasil, a China, Filipinas, Gana, Marrocos, Noruega União Soviética(extinta) e Venezuela. Os países que se abstiveram foram França, Inglaterra e Estados Unidos. Vale lembrar que a Inglaterra tinham interesses juntamente com a França nos chamados mapa Cor de rosa, que eram áreas que iam de Angola a Moçambique.
E lendo uma revista em abril de 1983 da Editora Caderno do Terceiro Mundo, temos uma matéria de Eouardo Bailby, que apresenta a França disfarsada de roupagens humanitárias mas com presenças de tropas no coração da África com objetivos geopolíticos como Ruanda, em que 80% das suas receitas em divisas e agriculturas que limita a exportação de produtos daqueles povos e além de posições estratégicas em Uganda, Zaire, Burundi. Portanto esses já eram países que estavam saindo do processo neocolonial porém preso na teia do neoliberalismo. E outros tantos lugares, que permitem-nos até elaborar um novo estudos sobre isto especificamente.
A Onu, desembarcou um expressivo contingente de capacetes azuis para cooperar com os moçambicanos, divididos em cinco batalhões de infantarias, totalizando 4250 militares armados, o que vou vínculado pela imprensa como uma intervenção primordialmente norte americana em Moçambique na época. mas o que sabemos é que houve um tratado de Paz entre a Frelimo e a Renamo. Outra questão são os problemas da terra ou melhor o uso e a ocupação das terras, e penso que sempre que há uma nação remanescente de um processo de colonização, ou neo-colonização esse problema agrava-se depois mesmo após a independência de 1975, mas são problemas que com a organização politico administrativa vão sendo equacionadas. Outra questão são as línguas maternas que precisam começarem a sua incorporação. Outro ponto que também existe é o processo democrático. O que sabemos também que até 1985 a Frelimo era marxista. Porém com as mudanças do Leste Europeus, não mais.
Uma frase que achei muito bonita num texto de Pedro Sutter, disse que a chuva e a Paz chegaram juntas a Moçambique. a paz brota como o milho nas machambas, ainda fragil desconfiada, tateando o rumo certo com apenas uma certeza um processo que não pode ter retorno. os problemas gerais políticos e sociais existem na luta entre a Frelimo e a Renamo segundo o texto deixou um total de 1 milhão de mortos e 4 a 5 milhões de deslocados e milhares de autos exilados. Um povo exausto. E para mim a frase de Sutter, reflete-se a divergência entre o pensar colonialista do livro de Jorge jardim que vê Moçambique como Terra Queimada.
A luta foi de libertação dos imperialistas europeus e com isto houve um processo revolucionário de principio marxista-leninista, e também dos povos que romperam com a frente de Libertação criaram outras organizações com ideologias das elites europeias colonialistas. E os dois lados políticos se confrontaram dentro do mesmo espaço geográfico, numa triste infelicidade dos que tiveram seus entes queridos mortos, feridos e mutilados. Ainda houve a luta contra a seca, então era a guerra e a seca. Dois inimigos que chegaram ao fim, com a ternura das chuvas e a felicidade da Paz. E num jornal local havia uma frase que disse que a paz veio a passos largos.
Com isto resta apenas refletir sobre as etapas evolutivas da existência humana. Coisas que seguem o olhar sereno e solidários de todos nós internacionalista, após as chuvas vem o sol e a bonança, completa serenidade. Moçambique assim como no Brasil está em campanha eleitoral com as eleições para outubro e o presidente Felipe Nyun afirma que é preciso pautar para o civismo pelo cumprimento da lei e ordem pois o país deve crescer 3.3% este ano. E lá também temos o sentimento e o sentido da crise. Essa crise capitalista obviamente e todos que estão sobre o guarda-chuva do capital sentimos angustiados.
Manoel Messias Pereira
professor de história, cronista, poeta
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto-SP. Brasil
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