Preciso de um abraço
Acredito que nós seres humanos teremos que restabelecer em nossas vidas os sentimentos de respeito mútuo entre nós, numa construção de valores, que abranja a ética humanística, espiritual materialista dialética e até religiosa.
E penso a vida, por uma ótica, porque assisto todos os dias seres humanos em convulsão social em
plena multidão, mas vivendo certamente em plena solidão. E assim todos trazem o frio no olhar, a distância um do outro, bem demarcada, pois todos tem medo de se abraçar.
todo o ser humano parece que vê o seu próximo como escorpião, tal qual é a desconfiança nutrida nas relações. e muitos já acreditam que trair é algo natural. O jornalista britânico Matt Redley, e que também é zoólogo diz que "os genes determinam o comportamento o comportamento das pessoas, desde que as características físicas até a personalidade e aptidões, mas esses elementos em vários graus são influenciados pelo ambiente que altera a maneira como os genes são ativados".
A partir deste conceito, temos que entender que trair não é algo natural, e é possível uma mudança ética em que compartilhar sonhos, ternuras, risos, abraços, comer, beber e amar seja algo natural, sem cobranças de impostos e livres dos regimes econômicos e políticos.
Para abrir caminhos para essa "étiqueta social" é preciso desenvolver em cada ser humano o valor da espiritualidade. Na qual em cada olhar deva ser visto o espírito do amor, o espírito do luar e em cada flor o doce sentimento da palavra silêncio poeticamente. Quando a boca se cala o olhar fala e a boca desabrocha-se num beijo. E precisamos aprender a arte e a ciência, assim como a política, todas movidas por uma misteriosa força da vida. É o amor o princípio absoluto, o princípio divino dos metafísicos e o ponto de interrogação da Esfinge. É a alma Mater e a chave reveladora entre o homem e Deus.
Porém é o amor que atrai os sexos e faz duas almas se fundirem numa só. E no Velho Testamento encontramos o cântico 8:6-7 "Grava-me como um selo em teu coração,como um selo em teu abraço, pois o amor é forte como a morte"... "As águas correntes jamais poderão apagar o amor, nem os rios afogá-lo".
Já pensamos na matéria e para isso precisamos viver, e para tal necessitamos de roupa, comida, bebida, casa e amor. Num espaço em que possamos sonhar, ler, escrever, enfim como disse Caetano Veloso na sua obra cinema transcedental, "ser feliz, pois o importante é ser feliz e o melhor lugar é ser feliz".
A chave do processo religioso é ter em cada ser humano a necessidade de buscar, um pai, uma mãe, de uma natureza, de um mito, de um Deus, ou seja um ser superior que possa ser responsabilizado por essa arquitetura de mundo. Que é alicerçado por homens tão cheios de invejas, desejos e violências. Porém queremos sim é um ser democrático na sua infinita sabedoria e permita-nos a livre interpretação do respirar. e assim possamos escolher o nosso destino, ou seja, a ideologia política e econômica, que vai mastigar, triturar e fazer de nós misérias assim possamos dizer que a nossas guerras são traçadas e feitas na vida em nome deste Criador.
e sob o signo da liberdade vamos entender que a estátua da liberdade lá nos estados Unidos da América é uma obra feita de pedras. E é difícil tirarmos o leite da pedra. mesmo que ela seja a tal liberdade. Mas no Brasil afirmam que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Enquanto isso as pessoas passam por nós com o frio no olhar. Se, sequer dar-nos bom dia, pois elas querem só chorar mas o velho Eric John Hobsbawm que já faleceu em 2012, não contou e não revisou a história. E enquanto isto eu como professor de história choro um poema como uma criança que quer mamar. Mas enquanto isto a realidade mostra que é preciso tirar o leite da pedra da liberdade e esse é o amor que falta eticamente, no coletivo de nossas amarguras solitárias. E confesso sim que ainda hoje preciso de um abraço.
Manoel Messias Pereira
poeta, cronista
Membro da Academia de Letras do Brasil -ALB
São José do Rio Preto -SP
Uberama/Correspondente
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